Agimos Certo... O Tempo Que Errou

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Tudo que é belo renasce, cresce,

floresce, como um poema nas mãos

poeta, como um bebê no ventre

da mãe, como um pincel nas mãos do

artista. Porque enquanto o homem

destrói a natureza, ela se vinga,

criando flores. – Dalva Agne Lynch

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— É Maria, infelizmente aconteceu o que temíamos. – Disse Cecília com ar de viúva desolada.

— Não... Não... – Balançava a cabeça sem querer acreditar. – Não, não, não, me diz que é mentira – já se encontrava em prantos – isso não pode ser verdade, Enrico não pode estar morto!

Sem mais, Maria sai num disparo para o quarto de Enrico, torcendo para que tudo aquilo fosse uma brincadeira de mau gosto. E se realmente fosse? Fifi estaria fazendo parte disso? Ao pensar nisso, seu coração temia mais, sabia que sua tia não se prestaria a esse papel, ou seja, o que disseram era verdade.

Ela chegou frente à porta do quarto, ficou receosa em abrir e encontrar algo que seus olhos não queriam ver, mas ela tinha que o fazer, constatar com seus próprios olhos o início da sua tristeza, o começo da sua melancolia, e por fim, com um gesto de coragem, abriu a porta. Ela viu. Ela o viu ali estirado, sem movimentos, já sem poder sobre si mesmo e tão vulnerável, e tá aí uma coisa que Enrico nunca foi, vulnerável. Suas lágrimas começaram a rolar desenfreadamente, sua família também já se encontrava no quarto dele, e ela chorava em cima de seu corpo, implorando para que ele voltasse à vida.

— Enrico, Enrico... Volta Enrico, por favor, não me deixe aqui... Acorda Enrico, e me diz que isso não passa de uma brincadeira, Enrico por favor... – Se debruça sobre o corpo dele, e assim fica por alguns segundos. – Enrico – se levantava em meio aos soluços – por favor, não me deixe aqui...

— Maria – Fernando tentava tira-la de cima do corpo – vem irmã, não tem mais nada que possamos fazer...

Com muito custo, ele consegue tira-la dali, e a aconchega em seus braços, consolando-a. Ele foi muito útil a ela naquele momento, apesar das discussões, ele sentia um imenso carinho por sua irmã, talvez só estivesse no lugar errado, com pessoas erradas.

— Chora Maria, chora... – Dizia ao passar a mão no cabelo dela.

— Ele se foi Fernando, o Enrico se foi...

— A vida é assim Maria, vive nos surpreendendo.

Maria não conseguiu se segurar diante do comentário da mãe, e esse era o momento propício para soltar tudo que estava preso em sua garganta.

— A culpa disso tudo é sua Cecília! – Gritava se afastando de Fernando.

— Você ficou louca Cris?

— Eu não estou louca, e não me chame de Cris! Você o matou Cecília, você o matou...

— Eu não vou admitir que...

— Você não tem que admitir nada – interrompeu – você é a culpada pela morte dele, você tanto quis, e hoje ele está morto! Eu nunca vou te perdoar por isso Cecília, nunca! Eu te odeio como nunca antes odiei alguém!

— Já chega de show Maria! – Disse Sérgio a segurando.

— Me solta Sérgio! – Tentava se soltar, em vão.

Flores De MaioOnde histórias criam vida. Descubra agora