O Oceano Que Separa A Gente

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Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

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~ Maria ~

Meu Deus, ainda não consigo entender como fiquei tanto tempo sem ter um orgasmo, isso é maravilhoso! Estêvão San Roman, você deveria ter aparecido na minha vida há mais tempo, com certeza minha vida faria mais sentido.

Estávamos ali na cama, deitados, sem dizer nada, apenas olhando para o teto, e assim ficamos por longos dez minutos. Eu continuaria em silêncio, mas ele já estava se corroendo de vontade de dizer alguma coisa, isso foi bem perceptível, e por fim, ele foi o primeiro a se manifestar.

— Quer um pouco de vinho? – Se virou para mim, apoiando seu corpo com o cotovelo.

— Eu preferia tragar um cigarro, mas como não tem.

Ele me olhou com uma cara assustada, e muito engraçada, e foi impossível não rir.

— Eu tô brincando San Roman, eu não fumo – dizia em meio ao riso – e sim, eu aceito um pouco de vinho.

Ele continuou me olhando com aquela cara engraçada, ou desconfiada, ah, sei lá, e pegou o vinho pra gente.

Ele me entregou uma taça quase cheia, e eu bebi pelo menos a metade do conteúdo que havia ali em uma golada só, e ele, que bebia de forma "fina" (talvez pra me agradar), fez a cara engraçada de novo.

— Eu estava com sede. – Me justifiquei sorrindo.

— Eh, eu percebi. – Sorriu.

— San Roman, me beija.

— Te beijar?

— Sim. É que me imaginei te beijando depois de beber vinho, deve ter um gosto, sei lá, picante, excitante.

— OK, já que insisti tanto. – Me olhou com uma cara sapeca.

Ele colocou a mão na minha nuca, trouxe meu rosto para próximo do seu, e me beijou. Eu tinha razão, beijo com sabor de vinho era maravilhoso! Aliás, a boca daquele homem era toda gostosa, quente ou gelada, era como se eu fosse ao paraíso e voltasse, ah, ele era todo gostoso.

— E então, atendi as expectativas? – Sorriu sapeca.

— Eu preciso responder? Cada vez que fico contigo, você supera as expectativas.

— Assim eu vou começar a me achar.

— Pois pode se achar, você é tudo isso! – Pisquei.

Ele sorriu. Peguei minha taça e a enchi novamente, ele preferiu não beber mais. Me recostei na cama, e em silencio, bebia aquele vinho lentamente, pensando em mil e umas coisas. Ele ficou quieto, talvez se perguntando em que eu pensava, e dessa vez demorou mais do que dez minutos pra ele romper o silêncio, talvez onze.

— Por que você tá tão calada? Não gostou do que aconteceu aqui? Ou se arrependeu? – Se sentou do meu lado.

— Claro que não Estêvão, não me arrependi de nada e gostei de tudo. – Sorri e coloquei a taça no criado mudo.

— Então posso saber o que se passa nessa cabecinha? – Colocou o indicador na minha testa.

— Não é nada de mais. Apenas pensando que, desde que você chegou, minha vida virou de cabeça pra baixo, mas um de cabeça pra baixo bom, entende.

Flores De MaioOnde histórias criam vida. Descubra agora