🌄 Capítulo 23🌄

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(Nosso Pedro lindo da mamãe na foto)

Amanda

— Obrigada, Amanda — Val depositou um beijo em meu rosto e entrou.

Pedi para que conversássemos no sofá, de modo descontraído.

Ao sentarmos, após eu oferecer um lanche com algo para beber a Valentina, começamos a falar de Laira.

— Eu não sei como ajudar, mas quero muito. Henri falou antes da sua morte que sempre amou Laira desde a infância.

— Sim, eles se amavam — ela respirou fundo antes de concluir. — Eu tentei nos últimos meses abrir a mente dele e tratar o transtorno borderline que ele tinha, mas foi muito difícil, ele não queria aceitar que precisava de ajuda e eu nem podia tratar dele por ser uma pessoa próxima, mas mesmo assim o fiz.

Fitei fixamente em seus olhos esverdeados.

— Você conhece Laira há muito tempo? — indaguei.

— Sim, eu nasci e morei até os quatorze anos aqui em BH, a conheci na escola, éramos melhores amigas. Depois que voltei para a cidade, nos aproximamos novamente, e foi quando percebi que ela e Henri eram duas pessoas com sérios problemas psicológicos. Estou de volta aqui há apenas um ano — Valentina sorria, transmitindo confiança a mim.

— Ah, entendi. Como deve saber, eu perdi dois anos da minha memória, então não posso afirmar sobre o comportamento de Henri nesse período, mas antes disso eu já via a forma como ele tentava conter certas atitudes. Às vezes ele parecia muito descontrolado, chegava muito tarde em casa.

— Laira e Henri estavam juntos desde sempre. É uma tristeza falar isso aqui, para você, mas... Ele a amava mesmo. O amor dele por ela era muito genuíno, apesar dos problemas. Não posso detalhar o estado mental de Laira nesse momento pois, por mais que seja minha amiga, ainda é minha paciente, mesmo contrariando toda a ética, pois não consegui deixá-la como estava. Mas sobre Henri posso contar tudo que sei, pois ele já se foi — sua voz abaixou o tom no fim da frase, em lamento.

— Como acha que posso ajudá-la? Ela precisa de companhia, dinheiro, remédios? — evitei saber mais sobre Henri.

Eu não sentia raiva, nem rancor. Era como se realmente tivesse passado por cima daquela lacuna.

— Não, tenho suprido todas as necessidades financeiras dela, mas sua companhia e seu perdão mais pra frente podem ajudá-la a aceitar, dentro de sua mente, que não precisa se culpar mais. Seria bom que vocês, pelo menos, tentassem criar um vínculo de amizade, nem que fosse apenas superficial. É bom para ela saber que você a entende e quer ajudá-la.

Admirei a imponência na voz de Valentina. Ela tinha classe e firmeza ao falar sobre assuntos que entendia bem e uma pose convicta que transmitia muita confiança.

— Então é o que eu farei. Me fale de você, Valentina. Preciso conhecer você também, né? Afinal, sou uma pessoa que adora fazer novas amizades e já que estamos aqui... — Dei de ombros, sorrindo.

— Ah, eu sou uma psicoterapeuta formada na UFRJ com honras, fui financiada no fim do meu curso por um político importante do Rio de Janeiro, que investiu em mim e, devido à ajuda dele, hoje possuo uma rede de consultórios no Rio e aqui em Belo Horizonte. Mas passei por poucas e boas até chegar onde estou.

Conversa vai, conversa vem, nós já estávamos gargalhando, conversando sobre assuntos supérfluos, descontraídas, sentadas no sofá. Após um tempo, a porta da sala, que fica na outra extremidade do ambiente onde estávamos, abriu-se.

— Mamãe! Mamãe! — Clara entrou correndo e gargalhando em minha direção. — O tio vai me pegar! Ele é um zumbi, um monstro, mamãe!

Rapidamente pulou em meu colo escondendo-se de Pedro que, antes de aparecer na porta, deu um rugido grosso do corredor.

1 - Inesquecível {VERSAO WATTPAD}Onde histórias criam vida. Descubra agora