Desventuras em Garmeth

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- Eu disse para evitarmos as estradas... - Falou Kenner entre os dentes enquanto ele e Wilh se escondiam dos guardas entre as moitas. Eles estavam seguindo o caminho normal até se aproximarem da Estrada Real de Garmeth, Kenner preferia evitá-la porém Wilh achou melhor segui-la, pois eles poderiam se perder e Wilh conhecia muito bem aquela estrada. Kenner acabou cedendo, mas no meio do caminho um esquadrão de guardas apareceu, quando eles estavam passando perto de Erden, a Cidade Dourada, a capital de Garmeth. 

Kenner não queria ter que se encontrar com guardas, e no momento de desespero forçou Wilh a se esconder atrás das moitas.

- Eu ouvi um barulho. Eu juro que ouvi! - Disse um dos guardas para o seu superior, que parecia bem jovem. Era um pequeno grupo de patrulha comum, vigiando a Estrada Real, deviam haver mais desses por perto, esse era composto por cinco homens, um deles carregava uma corneta. Aquilo poderia parecer estranho, mas esses grupos de patrulha precisavam de comunicação no caso de uma emergência.

Kenner prendeu a respiração. Wilh, logo atrás, quebrou um galho sem querer.

- Ali, eles estão ali! - Disse outro guarda.

Kenner suspirou. Não adiantaria resistir, só seria mais incriminador.

- Olá, amigos guardas, tendo um bom dia? - Perguntou ele com o rosto sob o capuz, saindo do meio das moitas, descontraidamente.

- Bom demais para ser arruinado por dois engraçadinhos no meio do mato. - Disse o capitão do grupo, um sujeito com um bigode grisalho que era possível ver mesmo dentro de seu capacete da guarda. - O que vocês andam aprontando?

- Nada. - Falou Kenner. - Somos apenas dois viajantes por acaso passando pela Estrada Real.

- Então por que entraram dentro do mato?

- Por que estamos sendo perseguidos por bandidos. - Respondeu Wilh no lugar de Kenner. - E achamos que pudessem ser eles.

- Estou duvidando dessa história. Mas vou dar uma chance, deem logo o fora daqui!

Nesse momento, enquanto Kenner levantava os braços em sinal de agradecimento, uma flecha surgiu, acertando o rosto bem entre as peças laterais do capacete do guarda com a corneta de alarme.

- São os bandidos! - Gritou Wilh. - Estamos sob ataque!

O capitão correu e pegou a corneta, mas uma outra flecha, que mirava seu rosto, acabou errando quando ele se virou e acertando seu peitoral, mas foi o suficiente para derrubá-lo no chão.

Os outros três guardas sacaram as armas, mas antes Kayhla surgiu saindo do meio dos arbustos na beira da estrada, um pouco atrás, e avançou até eles com sua espada desembainhada.

- É só uma garota! - Falou um deles rindo.

- Não! - Gritou Kenner, desembainhando Nekrens, mas Kayhla já havia matado o primeiro guarda e cortado o braço do segundo. O terceiro foi acertado por outra flecha que surgia entre as árvores, que acabou se revelando ser de Alken, que surgiu na estrada de repente.

- Você vai me pagar pela minha mão! - Disse ele a Wilh, mirando uma flecha no nirian, que já pegava uma faca mas não ousou atirar, afinal flechas eram mais rápidas e eficientes que facas. Alken estava com uma faixa em torno da mão machucada, Kenner reparou, mas aquilo não o impedia de atirar bem.

Kenner se lançou contra Kayhla, mas não deu tempo de evitar que o guarda do braço decepado morresse, e o capitão ainda se debatia, tentando soprar a corneta de alarme. Ele conseguiu um último sopro sem vida com a corneta, reunindo todo o seu esforço. A corneta soou alguns segundos, mas logo o guarda foi silenciado por uma flecha de Alken, que estava apontada para Wilh mas virou subitamente para o homem.

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