O medo que veio do espaço

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Antes mesmo de terminar a última aula, um forte barulho metálico como um motor rangendo começou a soar, vindo do céu, aumentando rapidamente como um assovio assustador. Todos correram para a janela e puderam ver um grande objeto cruzando o céu da cidade deixando um rastro de negra fumaça. A maioria sacou seus celulares e filmou o estranho fenômeno. O barulho não parecia ser de um avião. O objeto cortava o céu como um meteoro caindo. O brilho intenso mostrava que estava incandescente pelo atrito com o ar. Pedaços menores acompanhavam a trajetória enquanto outros descolavam e se desfaziam. O objeto foi na direção da rodovia US180, onde terminou sua trajetória numa enorme explosão luminosa como se fosse uma pequena bomba atômica. O alarme da escola soou e todos saíram de forma rápida, porém organizada conforme os treinamentos que faziam de tempos em tempos. Ouviam-se ruídos de alarmes de carros disparados pelo tremor do impacto, sirenes de carros de polícia, bombeiros e todos foram para as ruas. Os monitores providenciaram que os ônibus escolares apressassem a retirada de todos os alunos e os levassem para suas casas. Quando o ônibus chegou em frente a casa de Clara, sua mãe já estava a esperando na calçada. No céu, a grossa nuvem de fumaça ainda marcava a trajetória da queda, apesar de começar a se dispersar. As autoridades alertavam a todos para que ficassem em suas casas até terem certeza de que a fumaça não era tóxica e que não haveria outro incidente. Carros da polícia circulavam com instruções para que todos se recolhessem e acompanhassem os boletins oficiais pelo noticiário local. Demmy, mãe de Clara, levou-a até dentro de casa, recomendou que não saísse de lá mas teria que voltar ao jornal pois a estavam chamando para cobrir o acontecimento. Precisavam de toda a equipe de jornalismo para irem até o local da queda.

O noticiário do dia seguinte não falava de outra coisa. A queda de um objeto nos arredores de Snyder. Para a imprensa mais sensacionalista, davam como certo ser uma queda de um UFO. Para a mais conservadora, como o Snyder Daily News, as hipóteses mais prováveis eram de um meteorito ou de lixo espacial. Na cidade logo cedo podia-se ver a movimentação de vans de emissoras de TV e carros das forças armadas. Clara desceu de seu quarto para tomar café. Na copa, a TV já estava ligada no noticiário local. Durante o café, Demmy contou o que viu quando chegou ao local da queda. - Seja lá o que for, não sobrou muita coisa. Uma cratera muito grande e muita fumaça. Alguns pedaços retorcidos que ninguém sabe o que pode ser. O lugar é no meio do nada, numa região deserta e árida. O acesso é muito difícil. Tivemos que sair da US Route 180 e entrar na estreita Miller Road. Depois, só mesmo com pick-ups off road para chegar até lá. O curioso não foi o lugar da queda, mas sim o relato de um fazendeiro que vive ali perto. Ele garante ter visto algo desprender-se do objeto principal antes deste explodir no chão, pairar rente ao solo e sumir na direção leste. Os militares levaram o pobre a uma base para avaliarem melhor seu depoimento. E isto está me intrigando muito. – disse ela já levantando-se e indo na direção da porta. - Vamos, Ben? Já estou atrasada. Hoje vou querer sua carona. O carro do jornal está sendo limpo pois ficou em péssimas condições depois da nossa ida até lá. Depois eles me trazem em casa, no final do dia. Clara, cuide-se. E se puder, dê uma arrumada aqui na cozinha. Beijos! – saíram os dois apressados com Ben ainda terminando sua caneca de café. Clara não estava disposta a retornar à escola. Sabia que havia passado em todas as disciplinas e só iria voltar para renovar sua matrícula no meio das férias de verão.

O amor que caiu do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora