O cerco começa

66 8 2
                                    

Elvis resolve sair da sorveteria e seguir Clara que a esta altura já estava distante em sua velha pick-up. Elvis entrou em seu carro e saiu do estacionamento demonstrando toda sua fúria com a conversa que teve com Clara. Rapidamente, alcançou a pick-up, percebendo que esta estava tendo problemas com o motor. Clara tentou manter o motor em funcionamento, mas este desligou-se completamente. Tentou fazer o motor pegar mas o problema parecia sério. Elvis parou seu carro e mais uma vez aproximou-se da janela da pick-up dizendo calmamente: 

- É, acho que sua lata-velha está com problemas. É melhor deixa-la aí. Amanhã seu pai cuida dela. Venha, te dou uma carona. Sem traumas.

Clara tentou ligar para seus pais, mas os celulares estavam com problemas de conexão desde a queda do estranho objeto. E naquele ponto, não havia sinal.

- Vamos, não tenha medo! Te levo em casa – insistiu Elvis.

Sem ter outra solução, Clara resolveu aceitar a carona. Entrou no carro sem dizer uma palavra.

- Essa sua carinha de nervosa me deixa doido, garota. Arrancou com o carro para mostrar a ela toda a força do potente Ford GT-40.

Passados alguns minutos, Clara quebra o silêncio com um grito:

- Hei, você acabou de passar pelo acesso à Jacksboro Ave.! E você sabe que é lá onde moro!

- Calma garota. Acha que depois de tanto tempo, vou perder a chance de dar uma volta com você?

- Elvis, pare o carro agora!

- Bem, não vou parar e estou à mais de 60 milhas por hora. Se quiser, pode abrir a porta e saltar. Daqui em diante não tem mais sinal de trânsito e só vou parar quando chegar no nosso destino – deixou claro Elvis seguindo a estrada que vai até Sierra Vista Drive, em Justiceburg.

Clara pegou seu celular na bolsa e tentou mais uma vez ligar para seu pai mas Elvis tirou o telefone de suas mãos e colocou em seu bolso, dizendo: 

- Calma, garota. Não faremos nada que você já não tenha feito com seus namoradinhos lá de Houston. Pense no futuro profissional de seu pai! Se fizer o que digo, quem sabe ele não tem até uma promoção? - disse Elvis soltando uma sonora gargalhada.

Elvis saiu da estrada por uma estreita trilha até chegar numa clareira cercada de altas árvores que deixavam o local escuro com suas sombras. 

- Benvinda ao meu "abatedouro secreto".

Desligou o carro, virou-se para Clara e viu que lágrimas escorriam por seu rosto.

- Ah, a mocinha está chorando? Pois vou te dar uma razão para chorar de prazer! – disse ele subindo sobre frágil corpo de Clara que, resignada, parecia ter aceito as ameaças de Elvis.

Neste instante, o alarme do carro de Elvis disparou, os faróis se acenderam e o motor entrou em funcionamento, aumentando o giro num barulho ensurdecedor. Elvis se assustou e sem entender o que estava acontecendo, percebeu uma forte luz sobre o carro. A escura clareira ficou completamente iluminada. Clara aproveitou este estranho fenômeno, abriu a porta e correu pela trilha. Um alto som metálico vindo do céu fez com que ela parasse de correr e olhasse para trás quando pode ver Elvis sendo levitado pela forte luz, desaparecendo no céu. Em pânico, Clara correu pela trilha até chegar à margem da rodovia onde caiu desfalecida. 

- Mãe? O que aconteceu? Como vim parar aqui?

- Ah, Clara, que bom que está melhor. Tome esse suco de laranja. Você precisa repor energias.

- Mas, me diga, como vim parar aqui? Eu estava...

- Um amigo seu da escola, Abasi, sim, não tem como esquecer este estranho nome. Ele disse que você saiu da escola e que a encontrou desmaiada dentro da pick-up perto da Joni's Ice Cream Parlor. Ele reconheceu seu carro e parou para ver o que havia acontecido. Então, pegou você no colo e a trouxe até aqui no carro dele. Muito educado, e bonitão o rapaz. Ele é novo na escola, não é? E que olhos, meu Deus! Ele acha que você teve uma queda de pressão. Já falei para você se alimentar melhor. E ainda fica se excedendo nas aulas de ginástica. Você está muito magra! Precisa se alimentar. Ele foi com seu pai até onde você deixou a pick-up para ver o que houve com ela. Assim que você chegou, liguei logo para seu pai. Mas graças a Deus você está bem.

Demmy falava compulsivamente, demonstrando um incomum nervosismo.

- Mãe! Me deixa falar um pouco! Mãe, pára! Tem alguma coisa errada nessa história! Eu estava na sorveteria com o Elvis, o filho do dono da Goodway onde papai trabalha. Quando eu saí de lá, a pick-up deu defeito, eu parei, o Elvis me ofereceu uma carona e me forçou a ir com ele até uma pequena estrada de terra em Sierra Vista! Depois ele veio me ameaçando que se eu não ficasse com ele, iria pedir ao pai dele para despedir o papai. Mas, antes que ele tentasse mais alguma coisa, aconteceu algo terrível, mamãe! Ele foi sugado por uma luz, um barulho, sei lá, eu corri e acho que desmaiei. Mãe, o Elvis desapareceu! Desapareceu! – gritou Clara em pânico.

O amor que caiu do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora