Demmy descobre a verdade

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Demmy saiu para a entrevista especial deixando Clara com sua tentativa de transformar suas tediosas férias dentro de casa em algo produtivo e divertido. Seguiu pela US Route-180 fazendo o mesmo caminho do dia seguinte da queda do estranho objeto. Ao entrar na pequena Miller Road, percebeu pelo espelho retrovisor que um carro também entrou. Estranhou um pouco já que aquela estrada quase não tinha movimento mas continuou sem perceber que o carro se aproximava rapidamente do seu. Demmy assustou-se ao sentir seu carro ser abalroado na traseira pelo outro em alta velocidade. Segurou o volante, pensou em frear, mas instintivamente acelerou ainda mais. Pelo retrovisor ela não conseguia ver quem estava dirigindo, pois, o sol estava refletindo no para-brisas. Seu carro foi abalroado por mais duas vezes quase fazendo com que ela derrapasse. Por sorte, na última vez que seu carro foi abalroado, para-choques soltou e foi parar debaixo do outro carro que a seguia, fazendo com que um dos pneus dianteiros estourasse. Isso fez com que seu algoz desistisse da perseguição. Não passou pela cabeça de Demmy a hipótese de ter sofrido uma tentativa de assalto. O que estava acontecendo com ela era algo que temia por saber de fatos semelhantes ocorridos com pesquisadores e jornalistas envolvidos com o fenômeno UFO. Com seu carro amassado, mas ainda em condições de andar, entrou na pequena estrada de terra que dava no rancho de Raymond, o velho fazendeiro testemunha do fato. Ao chegar diante de sua casa simples, encontrou Jack, o filho de Raymond esperando por ela, sentado na pequena varanda. Levantou-se para receber Demmy, circundando o carro para ver as avarias:

- Creio que você também foi vítima deles? - perguntou ele em voz alta.

- Como assim "eles"? Eu sou Demmy, do Snyder Daily. Você é...

- Sou Jack, o filho do Raymond. Quer saber quem são eles? São os que querem apagar qualquer pista sobre o que aconteceu naquele dia! Bastardos! Tentei até entrar em contato com o jornal ontem, mas toda a região está sem comunicação, sem telefone, internet, rádio seja lá o que for. Conseguiram isolar tudo e estão fazendo de tudo para manter as pessoas longe daqui.

- Mas o que queria falar comigo? - perguntou Demmy, preocupada com o que estava acontecendo.

- Entre, fiz uma limonada. Ou prefere uma cerveja gelada? Lá dentro podemos conversar. Não quero ficar muito tempo aqui fora pois sei que estamos sendo observados.

- Observados? Meu Deus! O que está acontecendo aqui? Ah, e diante do que está me contando, prefiro uma cerveja. - disse Demmy entrando assustada.

A casa era muito simples, estilo rancho, bem rústica e uma peça sobre a lareira chamou a atenção de Demmy. Era uma luva prateada muito fina, diferente das usadas por astronautas, mas ainda assim notava-se que fazia parte de um traje espacial. Enquanto Jack foi até a cozinha pegar as cervejas, Demmy foi até a lareira ver de perto a luva, que estava dentro de uma queijeira de vidro que fazias vezes de redoma improvisada.

- Ah, vejo que é muito observadora! Esta peça foi achada por meu pai, mas ele não a entregou aos investigadores. Preferiu deixar aqui e me disse que seria uma prova caso tentassem dizer que ele estava doido ou era um farsante. O que eles não sabem é que ele deixou tudo gravado. Ele era muito esperto, e gravou com o seu telefone tudo o que pode. Até que um dia teve que me pedir ajuda pois tinha ocupado toda a memória do celular. Neste dia ele preferiu me contar tudo o que vira e o ajudei a gravar mais depoimentos. Inclusive sobre o que passou depois que o levaram para a base da Força Aérea em Lubbock.

- Espera, estou entendendo que seu pai, o Sr. Raymond não está aqui? Onde está ele? -perguntou atônita.

- Desde que meu pai retornou da base, ele tornou-se um homem muito assustado. Tinha pesadelos, trancava a casa toda e pediu que eu viesse passar uns tempos com ele. Eu já havia pedido que ele vendesse o rancho e viesse morar comigo em Dallas. Lá eu tenho um bom emprego, uma casa grande, ele poderia conviver com seus netos e ainda ter sua privacidade. Mas, preferia ficar aqui onde viveu por toda a sua vida. Pedi uma licença no trabalho e vim para cá depois do que aconteceu. Ontem, porém, aconteceu uma coisa assustadora. Era madrugada, talvez umas três da manhã. Acordei com os passos de meu pai. Como tenho o sono muito leve, nem me preocupei pois sei que ele acordava no meio da noite para ir ao banheiro. Mas estranhei que ouvi ele abrindo a porta da sala. Chamei por ele, mas não me respondeu. Levantei e quando cheguei na sala, uma luz muito forte estava entrando pela porta aberta. Corri até lá e vi meu pai parado diante de uma enorme nave que pairava a uns quinze ou vinte metros de altura. Gritei por ele, mas um forte vento vindo da nave que brilhava intensamente soando um ruído metálico fez com que ele não me ouvisse. De repente, vi seu corpo ser levantado e puxado para dentro da nave que fez um giro em seu eixo e começou seu voo lentamente, levando meu pobre pai. - Jack terminou o relato daquela noite com lágrima nos olhos.

- Mas, o que você fez? Chamou a polícia, os militares? - perguntou Demmy assustada.

- Você acha que eu ia pôr em risco minha família, deixar de ver minha esposa e filhos e ter o mesmo destino de meu pai? Se estou até agora aqui neste maldito rancho é porque eu precisava contar isso para alguém. Soube que você vinha e resolvi esperar. Agora que já sabe o que aconteceu, vou te dar os arquivos dos relatos de meu pai, as fotos que ele fez assim que chegou no local da queda e tudo o que aconteceu com ele na base em Lubbock. - Jack disse isso levantando-se e indo pegar os arquivos gravados em um pendrive. -Ah, e não esqueça de levar isso. Quero distância de qualquer coisa que possa colocar minha família em risco. - disse ele abrindo a queijeira, pegando a luva e jogando-a na direção de Demmy - Mantenha isso dentro de um pote de vidro. Tem que ser de vidro pois se estiver solta por aí, pode causar estragos. Isso era o que meu velho pai dizia, mas nunca acreditei. Também nunca tive coragem de ver se era verdade.

Demmy saiu de lá com muito mais informação e material do que podia imaginar. Ficou impressionada com o relato de Jack que acabou esquecendo que seu retorno seria pela mesma estrada. Só lembrou quando passou pelos pedaços de lanterna e do para-choques de seu carro. Neste momento ficou apreensiva e temerosa de que pudessem atentar contra sua vida. Resolveu acelerar e sair daquela estrada o mais rápido possível. Já na US180 viu que seu celular já estava conectado e telefonou para a redação do jornal informando que iria direto para casa preparar a matéria com os dados que havia coletado. Aproveitou para informar ao chefe da redação que o carro do jornal não estava lá em boas condições.

O amor que caiu do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora