Multifandom・Oneshot's

6. Dark Paradise

And there's no remedy for memory
Your face is like a melody
It won't leave my head
Your soul is haunting me and telling me that everything is fine
But I wish I was dead
(Dead like you)

A história de John H. Watson, um ex-médico de guerra, apenas começou quando conheceu seu melhor amigo, Sherlock Holmes. Tudo era tão perfeito que chegava até a ser um pouco clichê. Seus olhos azuis-esverdeados chamavam a atenção do loiro, junto com seus cabelos negros, encaracolados, que costumavam ficar desarrumados, por mera preguiça de não pentea-los. Seu sorriso, era simplesmente a melhor parte. Um sorriso sincero, um sorriso de um amigo que faria de tudo para salvá-lo de qualquer perigo. De tudo.

A história de John H. Watson, acabou nesse exato instante. Em segundos. Um simples pulo, uma simples queda. De seu melhor amigo, Sherlock Holmes. O loiro tentou acalma-lo, falando tudo o que vinha em sua mente na hora. As poucas frases que saíam de sua boca, e chegava ao outro, por meio de um aparelho eletrônico, deixava-o ainda mais assustado, confuso. Tudo pareceu ter sido em vão; quando viu seu melhor amigo, a pessoa que tanto amou, e ainda ama, abrir seus braços como um pássaro, que estava prestes a voar.

Mas humanos não são pássaros.
Humanos não conseguem voar.

Viu, de alguns metros de distância, seu amigo caindo, como um pássaro que falhou em voar. Sua única opção era correr; e rezar para que, de alguma forma, Sherlock Holmes ainda estivesse vivo. À salvo, respirando, sorrindo e falando qualquer baboseira, que deixava o loiro feliz.

No meio de seu percurso, uma bicicleta se aproximou, fazendo-o cair; mas não de desistir de seu objetivo. Levantou-se, e logo começou a correr de novo, o mais rápido que podia. Tudo apenas para ver aqueles olhos, que pareciam mais galáxias cheias de estrelas, que brilhavam sem parar, que tanto amava e trazia felicidade ao rapaz.

Avistou muitas pessoas em volta, mas ainda sim continuou. Pedia licença, e implorava para que deixassem-o passar, para poder vê-lo. Não estava com medo das consequências.

Viu, ali, um corpo caído, repleto de sangue, totalmente sem vida. Tudo naquele momento parecia ter parado. Era tão clichê. Sua vida, sua felicidade, seu motivo de sorrir; tudo se foi junto com Sherlock Holmes, na queda.

Não aguentou, e pôs-se a chorar, tentando segurar a mão sem vida de uma pessoa que havia amado tanto. Que ainda ama.

Uma senhora, com pena, ajudou o pobre ex-médico, que agora parecia uma criança desamparada, que perdera os pais e estava sozinha, com medo. Já havia visto tantas mortes, mas nunca sentiu nenhum remorso. Nunca sentiu nenhuma tristeza.

Mas não era uma morte qualquer - muito menos uma sem nenhuma importância, - Era a morte de seu melhor amigo, Sherlock Holmes.

Se sentia horrível; sozinho e assustado, com medo do quê iria ter que enfrentar pela frente. Uma vida sem Sherlock Holmes. Era tão patético, que chegava a enjoar o loiro. Como iria viver uma vida sem emoções, sem aventuras e perigos - ou melhor, como iria viver uma vida sem a pessoa que te trouxe de volta a vida, que tudo o que você é hoje, é graças a essa pessoa.

Muitos iriam ficar felizes pela morte do detetive - outros, nem iriam se importar. - Mas para John era diferente. Se importava; até demais. Sherlock era tudo o que tinha, tudo o que lhe restava.

Agora, ainda amparado nos braços da gentil senhora - que o abraçava com toda força que tinha, - escutava barulhos de sirenes. Em poucos minutos, viu o corpo de sua pessoa querida ser levada para dentro de uma ambulância, enquanto as pessoas começavam a se afastar.

...

Hoje, completou-se um ano e alguns meses desde a morte do detetive. Muitas coisas haviam mudado, principalmente para John. O homem, que antes era feliz, vivendo uma vida cheia de aventuras ao lado da pessoa que tanto amava, hoje estava triste e sozinho. Ficou morando no 221B por mais algumas semanas, se mudando logo depois, preocupado com que não conseguisse encarar o futuro que o esperava.

Um futuro sem Sherlock Holmes.

Sua ex-senhoria, Sra. Hudson, preocupada com o rapaz, insistiu para que ficasse em pelo menos outro quarto; mas foi em vão. Se ficasse por lá, John sabia que não iria conseguir aguentar, muito menos esquecer de tudo. Parou de trabalhar por algumas semanas, visitando frequentemente sua terapeuta - que, sendo sincero, não estava ajudando-o em nada.

Alguns meses depois da queda, todos começaram a se preocupar com o rapaz, principalmente Molly, que fazia de tudo para vê-lo sorrir novamente, mas sempre falhava. A situação piorou quando John começou a ter alucinações de seu amigo, que estava sempre sentado em uma poltrona, ou em pé, tocando seu violino. Tudo parecia tão real; tanto suas palavras quanto a triste e melancólica melodia que saia de seu pequeno instrumento. Às vezes, redigia algumas palavras para o menor, coisa como "Está tudo bem", ou "Por que você não desiste logo?", provocando tristeza para o loiro, que piorava a cada dia.

— Desistir do quê? - finalmente, perguntou, em uma noite qualquer, enquanto a suposta assombração estava tocando seu violino novamente, parando quando escutou a pergunta.

— Desistir de tudo isso. Por que você nunca se cansa? Eu sei que você está cansado de todo esse sofrimento. - respondeu, colocando seu instrumento ao lado do loiro e caminhando pelo pequeno quarto em que estavam.

— Como eu irei desistir disso?

— Encontre algo novo para amar. Mary, talvez. Aquela foi a primeira namorada que eu achei interessante. Que você achou interessante. Por que não continua saindo com ela?

— Não preciso de algo novo para amar. - respondeu, enquanto o detetive ria de suas palavras, sussurrando "Você realmente não desiste facilmente".

Se aproximou para abraçá-lo, assustando o menor, que de alguma forma, conseguia sentir o toque que tanto sentia falta. Ambos fecharam seus olhos, apenas para sentirem um ao outro, enquanto podiam.
Ficaram assim, por alguns minutos, até John abrir seus olhos novamente e perceber que estava sozinho, em um quarto escuro e silencioso. Suspirou, abaixando sua cabeça e colocando sua mão sobre seu rosto.

Realmente, precisava desistir. Sherlock Holmes estava morto, e nada iria mudar esse fato.

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decidi postar essa oneshot antiga aqui (eu tinha ela publicada separada, mas exclui porque sla,,, então postei aqui)