Multifandom・Oneshot's

15. Habits

You're gone and I gotta stay high all the time
To keep you off my mind

Sherlock estava sentado em sua poltrona, com suas pernas cruzadas, dividindo sua atenção entre a seringa largada em cima da mesinha de centro e a porta, que estava levemente encostada.

O cacheado levantou-se um pouco, sua mão trêmula quase alcançando o objeto na mesinha, porém se controlou mais uma vez, fechando seu punho com força, antes de voltar ao seu assento. Suspirou, passando a mão pelo cabelo de forma desajeitada.

O casamento de John foi há uma semana atrás. Sherlock estava se controlando para não usar nenhuma droga há uma semana. Uma semana inteira de choros e xingamentos constantes, tudo por culpa de uma mulher que nem ao menos se importava com o detetive consultor.

Holmes suspirou cansado, levantando-se de sua poltrona para ir em direção ao seu quarto, e ficar lá o resto do dia - ou talvez o resto da semana, ele não se importava. -, porém foi impedido quando escutou a porta da frente abrir-se com certa brutalidade, mostrando a figura de um homem baixinho com a barba feita. Ah, John.

— Sherlock? - chamou-o quase silenciosamente, pois não sabia se o cacheado estava acordado ou não. Provavelmente estava mas, de qualquer forma.

Holmes deu um passo para trás, assustando-se com a visita repentina. Tentou pegar a seringa que estava sob a mesa para esconde-la, porém não conseguiu fazer isso a tempo. Mordeu o lábio inferior, rezando para que o amigo não percebesse.

— Sherlock, você está acordado, que ótimo. Eu queria saber se... - parou, quando notou um objeto diferente nas mãos trêmulas do cacheado. Um objeto um tanto conhecido, quase esquecido pelo tempo. - O quê é isso, Sherlock? Não me diga que você está...

— Não é nada. - respondeu ríspido, tentando guardar a seringa no bolso de seu roupão sem sucesso, já que John tirou o objeto das mãos trêmulas do moreno antes que ele percebesse.

— Você está se drogando de novo. - bradou, sem perceber o quanto o amigo estremeceu com sua fala encharcada de raiva. - Eu não acredito nisso, Sherlock, você prometeu que iria ficar limpo.

— Eu estou limpo. - sussurrou baixo, encarando qualquer coisa menos os olhos do mais baixo. Ele simplesmente não conseguia fazer isso agora.

— Como você está limpo? - aumentou o tom de voz, causando outro calafrio no colega, que tentava recuar o máximo que conseguia. - Olhe para você! Seus olhos estão vermelhos, seu rosto está corado, suas mãos não param de tremer. - ia se aproximando do amigo, até o mesmo não ter mais chão para recuar. Estava praticamente encostado na parede que dava para à cozinha. - Por que você ainda mente, Sherlock?

— Eu. Estou. Limpo. - disse pausadamente, frustado e magoado com tudo aquilo, realmente desejando que ele não estivesse limpo de verdade.

— Pare de mentir. - olhou-o incrédulo. - Meu Deus, pare de mentir, pare com isso.

— John– tentou impedir o loiro, tentou, de verdade, fazer com que o amigo parasse com tudo aquilo. Odiava se sentir daquele jeito; odiava quando o chamavam de mentiroso. Porque ele podia ser uma aberração, um esquisito, e um psicopata (sociopata altamente funcional)– mas não um mentiroso, de forma alguma ele seria isso.

— Sherlock! - disse por cima da fala do moreno, um pouco mais alto, deixando seu rosto levemente avermelhado por conta da raiva. Seus punhos estavam praticamente brancos de tanta força que exercia enquanto segurava aquela maldita seringa, aquele maldito objeto.

Sherlock se encolheu, sem nem ao menos perceber, e sentiu sua cabeça pesar (dores de cabeça, fez uma nota mental, gritaria não é algo bom quando já está mal o suficiente.), com medo de que seu corpo caísse em cima do amigo. O detetive consultor tentou segurar a parede - ou algo invisível, porque tecnicamente seria impossível de se segurar um objeto plano como a parede. -, porém John o impediu, pegando em sua mão com certa brutalidade e ajustando o amigo na parede.