9. All I Want For Christmas is You

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Natal era uma data especial para maioria das pessoas, menos para Sherlock Holmes. O detetive consultor não se importava com tal data, afinal, era apenas mais uma data comemorativa que, em sua opinião, servia apenas para as pessoas gastarem dinheiro com suas crenças no "bom velinho", que supostamente vinha em um trenó guiado por renas trazendo presentes para as crianças boazinhas.

Além do mais, os anos em que comemorou o natal nunca foram exatamente bons; da última vez, passou a data na casa dos pais, e não foi exatamente uma comemoração entre familiares, já que tinha outros planos em mente.

E, agora, estava passando o natal sozinho, com um John Watson triste e quebrado, que se recusa a sair de seu quarto.

Muita coisa havia acontecido esse ano; a volta de Moriarty, as mentiras de Mary vindo à tona, o desaparecimento de Rosanund, e, principalmente, a morte de Mycroft. Tanta confusão em tão pouco tempo; o detetive não culpava o ex médico de guerra por ficar trancado em seu quarto.

— John, você está acordado? - perguntou, batendo à porta do quarto do amigo. Nenhuma resposta. - John, eu sei que você está acordado, eu consigo escutar seus curtos movimentos na cama.

Watson levantou irritado da cama, abrindo a porta com uma certa quantidade de força. Seu cabelo estava bagunçado, e seus olhos estavam marejados. Estava usando seu suéter natalino.

— Que bom que você decidiu sair um pouco do quarto. - disse silenciosamente, sorrindo de canto. - Você precisa pegar um pouco de ar fresco, meu caro. A escuridão e a poeira de seu quarto pode lhe fazer mal.

— Como você pode querer comemorar o natal, Sherlock? - perguntou ríspido, batendo a mão direita na parede, assustando o cacheado. - Depois de tudo. Depois do acontecido com o seu próprio irmão.

— Acho que eu apenas me cansei. - disse baixo, mordendo o lábio inferior. - Sabe, quando você está acostumado à sofrer e ter sua vida arruinada por pessoas que querem te ver cair, você simplesmente cansa. Aceita. É verdade, eu ainda estou mal por causa da morte de meu irmão, mas do que adianta agora? Eu não posso ficar nesse estado
para sempre. Aposto que Mycroft iria rir se me encontra-se assim, até agora.

John passou a mão pelo seu cabelo bagunçado, de saco cheio com todo esse falatório falso do detetive consultor. Mas não podia o culpar; quando Mycroft morreu, por conta de um tiro, o detetive não proferia uma palavra sequer, nem fazia um movimento qualquer. O cacheado apenas ficou parado ali, ao lado do corpo do irmão, chorando de uma forma tão silenciosa que na hora Watson duvidou se o amigo estava realmente chorando ou não.

O ex médico de guerra queria ter coragem de perguntar as coisas, queria– precisava perguntar tanta coisa. Porém sempre que começava suas perguntas eram atrapalhadas pelo mesmo falatório de sempre; sobre como eles não deviam estar se culpando com os acontecidos.

— Além do mais, - disse, pegando no pulso do amigo que se assustou com o toque repentino. - Somos só nós dois nesse natal. Apenas eu e você. O detetive e seu blogueiro devem permanecer juntos, não importa o quão ruim a situação esteja. Vamos logo, John.

Sem esperar uma resposta, ou um protesto irritado, Sherlock entrelaçou sua mão na de John e o levou até a sala de estar; sempre de mãos dadas, sem soltar nem por um segundo.

Holmes pediu para que Watson sentasse no sofá, e assim fez, sem nem ao menos resmungar. O loiro achava que o cacheado iria pegar seu tão amado violino e tocar alguma coisa melancólica a noite inteira, até o sol nascer, entretanto estava errado.

Sherlock se deitou no mesmo sofá, com a cabeça deitada no colo do amigo. Havia uma coberta vermelha largada ali, então o detetive a pegou e, com isso, os cobriu.

— Acaricie meu cabelo. - pediu baixo, fechando os olhos por alguns segundos. John não o respondeu, nem ao menos se mexeu; não sabia o que aquilo significava. - Por favor, John. Eu só preciso disso. - pediu novamente, porém desta vez sua voz saiu rouca, como se estivesse segurando um choro indesejado.

Watson fez o que lhe foi mandando, e, só então, percebeu a situação em que se encontrava. Sherlock Holmes estava chorando em seu colo, fazendo de tudo para disfarçar isso.

— Sabe, John, - disse entre um soluço, e o loiro o olhava atentamente, preocupado. - Mycroft tinha me prometido que iria me proteger sempre, não importa o que acontecesse. E agora ele quebrou essa promessa. Mas eu não o culpo, claro; eu não culpo ninguém eu só... Estou exatamente cansado e extremamente irritado de aceitar tudo e todas as merdas que acontecem em minha volta, sempre de cabeça baixa, não fazendo nada para impedir. - enxugou os olhos, em um tentativa de parar com as lágrimas. - Sabe, este ano foi o Mycroft. Ano que vem pode ser você. E se for sua vez? Sua vez de morrer, de me deixar sozinho? Eu vou ter que aceitar isso calado, de cabeça baixa?

Watson não ousou responder o amigo, afinal, não tinha uma resposta concreta para isso. Em todo esse tempo o loiro esteve preocupado consigo, sem prestar atenção nos sentimentos do detetive consultor. Em nenhum período de tempo ele parou para pensar, ou, talvez perguntar, se o amigo estava realmente bem; se ele não se sentia sozinho, pior do que antes; ou se ele precisava de alguém. John se sentia um péssimo amigo agora.

Afinal, Sherlock tinha razão; eram apenas os dois agora. O detetive consultor e o ex médico de guerra. O cérebro e o coração. Eles deveriam cuidar um do outro, porque duas peças separadas não funcionam de maneira correra.

— John? - o cacheado chamou baixo, tirando o loiro da bagunça que estava seus pensamentos no momento. - Já que é natal, posso pedir um presente?

— Claro, Sherlock, qualquer coisa que você quiser. - sorriu fraco, demonstrando carinho. Holmes nunca quis ganhar um presente no natal mas, se agora ele estava pedindo, Watson com toda certeza iria dar qualquer coisa que ele quisesse.

— Você poderia me dar um beijo como um presente? - disse e no exato instante John corou, gaguejando um pouco. - Um beijo normal, John. Pode chamar isso de beijo entre amigos, se quiser.

— Certo. - disse baixo, corando mais ainda.

Watson abaixou um pouco e, em questão de segundos, tocou os lábios rosados do amigo, em uma fração tão pequena de tempo que não foi possível aproveitar aquela sensação esquisita - porém boa. - em seu estômago.

Sherlock sorriu de canto, agradecendo o amigo- ou, talvez, o "não tão amigo"; sinceramente, Holmes não sabia o que queria que Watson fosse. Seu melhor amigo? Seu assistente? Seu blogueiro? Ou talvez- mas só talvez, seu namorado? Bobagem.

Independente de qualquer sentimento, Sherlock apenas queria passar aquela noite de natal deitado no colo do loiro, recebendo carinho do mesmo.

Tudo que Sherlock queria no natal era John; alegre e sem preocupações, como se nada estivesse errado e esse mundo horrível na verdade fosse um lugar perfeito e maravilhoso de se viver. Esse era o único presente que ele realmente deseja.

ooi, oneshot de natal atrasada me perdoem!! o plot tá meio bosta porque eu não tava conseguindo desenvolver mais coisas e eu não queria postar lá pro dia 30kkkkkkjj então fiz curtinho e simples mesmo :)
feliz natal atrasado 💞

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