4. Say Something

760 49 30
                                    

Say something I'm giving up on you
I'm sorry that I couldn't get to you
And anywhere I would followed you
Say something I'm giving up on you

Sherlock estava lavando suas mãos cobertas de sangue em uma das pias do banheiro da sala de cirurgia. Suas mãos estavam tremendo, como se não conseguisse mais mexe-las direito, como se não tivesse controle sobre elas. Tentava se acalmar o máximo possível, mas todo o sangue e a preocupação atrapalhavam seu raciocínio que formulava algo para resolver esse momento um tanto desconfortável.

Mary estava morta agora. O sangue da loira estava pintando o lençol azul da maca; as luvas brancas dos doutores; e, principalmente, as mãos do detetive consultor que estava em completo estado de choque. Não sabia como, porquê, ou quando tudo havia acontecido. Só sabia que em uma hora havia encontrado a mulher sangrando em uma casa abandonada, enquanto noutro ambos já estavam entrando no hospital, procurando por John.

Watson ainda estava irritado com o cacheado - pelo simples fato do mesmo ter se trancado do mundo, e começado a usar drogas novamente. -, então a intenção era apenas deixar a mulher quase-morta nas mãos do médico e ir embora. Entretanto, quando avistou os dois, o loiro ordenou especificamente para Sherlock ficar na sala de cirurgia, e ajudá-lo com o que pudesse.

"Eu não sou um médico.", disse, com suas mãos trêmulas cheias de sangue. Já havia visto tanto sangue, tantos corpos, tanto sofrimento; mas nada se comparava ao momento que estava presenciando.

"Você tem a mente mais brilhante que alguém já pode ter. Você já leu livros de medicina; eu sei disso. Então procure os arquivos no seu maldito palácio mental e me ajude com isso.", bradou extremamente irritado. Suas mãos não estavam trêmulas igual às do cacheado. Estavam tranquilas, como se fosse mais outro paciente. Mais outra vida para ser salva.

Porém, John estava errado. O detetive poderia sim ter uma mente brilhante, e ter lido vários e vários livros de medicina; mas isso não ajudou um absolutamente nada. O ferimento causado na mulher havia sido muito profundo, tornando a cirurgia praticamente impossível. Ambos homens tentaram. E tentaram, sem parar. Até outros médicos ajudaram, na esperança de que isso fosse ajudar em algo. Mas tudo foi em vão.

Agora a única coisa que restava era um corpo sem vida, lençóis manchados, e uma par de mãos encharcadas de sangue; e Deus, como Sherlock queria que aquele sangue saísse. Como ele queria que tudo aquilo sumisse de seu palácio mental.

John entrou no banheiro, para lavar o sangue de suas mãos também. Estava pálido, quieto, e sem reação. O detetive conhecia seu melhor amigo bem o bastante para saber que aquilo não era apenas algo ruim - era algo terrivelmente terrível. Ele havia perdido sua esposa, a única coisa que lhe restava. Ela podia não ser a melhor esposa, nem a melhor amiga, mas, mesmo assim-

Sherlock parou de lavar as mãos, e levou sua mão direita calmamente de encontro com as mãos de John. Quando fez isso, apertou-as, demonstrando compaixão e afeto para o amigo. O loiro podia estar irritado, bravo, ou qualquer merda que ele estava sentindo no momento; Sherlock sabia que o mesmo estava mal e não iria abandoná-lo desse jeito.

— Sherlock. - murmurou, apertando as mãos do detetive de volta. Agora suas mãos estavam tremendo. E como estavam.

O loiro de voltou-se para encarar o amigo. O mesmo se encontrava com um sorriso pequeno, porém caloroso, no rosto. John suspirou, se aproximando do mesmo. Olhou para cima - maldita diferença de altura. -, e se perdeu naquele par de olhos claros por pelo menos vinte segundos. Os olhos do detetive eram como galáxias infinitas e belas; John sentia tanta falta de tais olhos.

— Ela se foi. - soltou do nada, sem nem ao menos perceber. Ainda estava olhando o detetive nos olhos, não tirando seu foco nem por um segundo sequer.

— Sinto muito se eu fui um inútil. Pelo visto uma boa memória e uma mente brilhante não serve para nada na hora do nervosismo. - desculpo-se cabisbaixo. Não queria que o loiro ficasse o olhando daquele jeito, aquilo o deixava desconfortável. Não sabia por quê; mas deixava.

— Olhe para mim, Sherlock. - pediu em um sussurro, levantando o rosto do moreno. Suas galáxias estavam perdendo o brilho de sempre.

Ficaram se encarando por mais alguns segundos, até o detetive colocar ambas de suas mãos na bochecha do menor, que colocou suas mãos em cima de volta. Seus rostos estavam a meros centímetros de distância, e Sherlock ainda sim insistia em fazer carinhos de leve na bochecha do doutor. Ele literalmente estava fora de sua mente hoje; não sabia o perigo que estava correndo praticando tal ato.

— Eu preciso ir. - sussurrou, sua testa praticamente encostando na do menor. Estavam tão próximos um do outro.

— Quantas vezes você precisa ir, Sherlock? - sussurrou de volta. - Quantas vezes precisa me deixar? Isso é algum ciclo infinito? Porque se for, por favor, vamos fazer um acordo para você me deixar sair desse loop. Por favor. - murmurou a última frase, preocupado com seus sentimentos que pareciam estar fora de ordem agora.

— Creio que seja impossível de sair desse loop. É o universo, afinal. - respondeu. - Eu preciso te deixar todas as vezes, e te machucar todas as vezes, sem nem ao menos perceber. Não acho que podemos entrar em um acordo.

Ficaram em silêncio novamente. Sherlock precisava ir, para outro lugar, para qualquer outro lugar; mas isso não significava que ele queria. Sentia que se não fizesse algo agora tudo estaria perdido. E aí sim seria um ciclo infinito. Um ciclo onde o detetive continuava fugindo do loiro e de seus sentimentos impuros, mais e mais vezes. Isso não iria afetar o mundo à fora, porém iria afetar a si mesmo. Era completo suicídio.

John tentou dizer algo, porém não fez. En vez disso, ficou na ponta dos pés, e beijou os cachos do amigo. Sherlock se surpreendeu, mas obviamente não fez nada. Apenas continuou ali, imóvel, com as mãos trêmulas novamente.

Watson conseguia sentir o medo e a preocupação do companheiro. Conseguia perceber tudo, cada detalhe um por um, sem deixar nenhum sequer escapar. Entretanto os cachos do detetive eram tão macios, e tão relaxantes, como se existisse um próprio mundo ali mesmo, onde tudo é colorido, e alegre, e correto.

Sherlock respirou fundo, deixando a emoção o levar. Agora não queria mais ir embora; queria apreciar mais e mais beijos. Mas em seus lábios, dessa vez, se não fosse pedir muito. Se não fosse abusar muito. Ou se não fosse muito desrespeitoso com a morte de Mary.

John parou, e voltou a encarar o detetive. Suas galáxias estavam com um pincelada a mais de brilho agora. O mundinho dentro de si havia voltado do sub-mundo. E isso deixava John com mais e mais vontade de beijar o rapaz. Seus cabelos, suas bochechas, seus lábios, seu pescoço; tudo e todas as partes que podiam ser tocadas agora.

— Eu tenho que ir. - o cacheado disse novamente, retirando as mãos do rosto do menor, apenas apoiando sua testa na do mesmo.

E saiu do banheiro logo em seguida, sem nem ao menos se despedir de forma correta. O médico não sabia o que fazer agora. Apenas permaneceu parado, com a cabeça cabisbaixa, tentando encontrar palavras para descrever o que acabou de acontecer. Porém a única palavra que conseguiu encontrar foi uma palavrão. Porra.

Era tudo que estava em sua mente. Por que ele deixou a porra de sua esposa morrer? Por que ele se deixou levar por causa da porra daqueles olhos claros? Por que ele beijou a porra dos cachos daquela criatura perdida? Por quê? Ele não sabia a porra da resposta para nenhuma de suas questões. Apenas sabia de uma coisa.

Sherlock precisava ir. E talvez não iria voltar tão cedo.

-
oie oie gente, não sei se vcs entenderam maaaaas essa oneshot foi uma referencia a doctor strange (PUTA QUE PARIU, QUE FILMAO DA PORRA, QUE HOMAO DA PORRA, QUE ATUAÇAO DA PORRA)
é um referênciazinha de uma cena do strange com a crhistine e as falas tem um pouco haver com a temática do filme akdjskdk então pois é
recomendo muito vcs assistirem!!! nem parece filme da marvel, ficou incrivelmente bom e perfeito

Multifandom・Oneshot'sOnde histórias criam vida. Descubra agora