A Intervenção de Sirius Black

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Ele viu a casa ruir em chamas; as janelas estourando no ar, as paredes caindo ao chão, o teto desmoronando na cabeça de quem quer que ainda estivesse dentro da casa. Presenciar aquilo, mais do que qualquer coisa, foi o que fez algo grande e confuso crescer dentro de seu peito. Ele sabia que aquela casa pertencia aos Malfoy e, também, que todos eles não eram de uma boa índole. Mas quando viu aquelas tochas se aproximarem da casa, quando escutou o grito e as luzes verde esmeralda voarem pelo céu, ele sabia que algo estava errado.

Lorde Voldemort havia desaparecido há muito tempo atrás. Não havia jeito algum na qual ele pudesse estar de volta. Mas, mesmo assim, algum tipo de forças das trevas estava aterrorizando a família Malfoy.

Pensou em se aproximar, afinal algo horrível estava acontecendo naquela casa. Mas então lembrou-se de tudo que a família Malfoy já havia feito a ele, todas as mercadas que havia se metido por conta das ligações deles com Lorde Voldemort. Assim como todos os acontecimentos do ano anterior não saíam de sua cabeça. Já se faziam certos meses que não enviava cartas a seu afilhado, Harry Potter. E a saudade que sentia pelo garoto crescia cada vez mais.

Naquela noite em que voou de hipogrifo para fora da escola, ele queria ficar lá, ao lado de Harry e seus amigos. Queria ficar em Hogwarts, seu verdadeiro lar. Mais do que tudo, ele queria Harry para criar um lar. Harry, a única pessoa que lhe havia sobrado. Era ele e mais ninguém.

Thiago não estava mais lá. Lilian também não. Harry era a sua única chance de viver em paz e, querendo ou não, morrer calmamente e feliz.

Sirius Black deu um passo para trás quando mais uma das janelas estouraram. E, então, ele correu. Correu o mais longe possível daquela casa. Ele não poderia ficar ali. E se alguém o visse? Não queria algo de ruim acontecesse com Harry caso soubessem que Sirius Black estava rondando Londres.

E, principalmente, estava rondando a casa dos Malfoy.

Enquanto corria, olhou para a lua. Ainda não havia se transformado e não entendia o que estava acontecendo, já havia passado da meia-noite. Correu o mais rápido possível, o mais longe que pudesse ficar daquela casa.

Prestes a adentrar a floresta, foi jogado para longe. Não por um feitiço, nem por um animal. Ele simplesmente esbarrou em uma fumaça negra e então, gritos. Altos gritos de dor. A escuridão e as árvores não lhe ajudavam a ver o que estava acontecendo, mas então reconheceu a voz de Narcisa Malfoy.

A mulher estava por cima de um corpo completamente ensanguentado. Ele aproximou-se, tentando não assustar a mulher, e quando Draco entrou no seu campo de visão, sentiu um arrepio tomar conta de seu corpo. Parecia que havia certa conexão entre Draco e... Sirius? Impossível. Balançou a cabeça. Por que haveria uma conexão entre eles? Não faria sentido algum. Entretanto, o calafrio crescia cada vez mais. E só poderia haver uma razão lógica para isso estar acontecendo. Harry. Lembrou-se das cartas do garoto, de como ele sentia-se triste ao falar de um certo garoto loiro que tinha sombras em seu coração.

Era ele. Draco era o garoto loiro de sombras no coração. Era ele por quem Harry tinha sentimentos. Draco Malfoy.

Sirius sentiu uma grande necessidade de ajudar o garoto, mas poderia estar cavando a sua cova ao fazer isso. Relutou, enquanto Narcisa ainda não havia percebido a sua presença.

— Eu não consigo, Draco, eu não consigo – balbuciava. — Eu não sei, eu não sei. O que é isso, Draco? O que são essas feridas? Que merda de feitiço foi esse, meu filho. Eu não sei como te ajudar, Draco...

Ela jogou-se no chão, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto e deixava uma parte da grama molhada. Sirius, que já estava a quase dez metros de distância, voltou, a varinha já fora de seu casaco. Ele não hesitou em se aproximar dos dois.

O Destino de Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora