Supersaturada.

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Não há razão para haver razão, apenas há... E na racionalidade nos perdemos, o tempo desacelera e corre na mesma intensidade, você fica tonto e precisa manter-se de pé e não para provar algo a alguém, mas sim porque você já ficou caído por tempo demais. Mas como levantar? O chão parece tremer, é, areia movediça sob seus pés. O que você tem, lembranças? Vão se perder. Há um vão, um espaço oco que impede a ligação sub eterna de dois pontos sólidos, sólidos na solidão.

Você está só, percebe? Enquanto há gente ao seu redor, gente que olha e não se comove, não percebe a sua dor... Porque dói de forma fina, como em espirais, você se confunde - novamente. Injeção não, por favor, vai doer, injeção de ânimo, quiçá... Outrora um sorriso fosco, por agora um olhar que brilha em lágrimas. Mas você não quer chorar, simplesmente porque não sabe como parar e uma hora o soluço engasga; sufoca. Desabafar para as paredes, ah, as pobres já guardam segredos demais além das rachaduras feitas pelo tempo. O mesmo tempo que te massacrou e logo lhe colocará de pé, porque tudo não passa de um ciclo vicioso... É possível se viciar num tipo certo de tristeza, e esperar pelos fogos de artifício que não vêm. Não existe mais o ardor de antigamente, se existe está camuflado por detrás do olhar, olhar este que salpica cores distintas.

As cores da dor; infinitas. Mas se sobressai o cinza que enfeita as bordas do quadro surrealista, a pintura não importa - é surreal, tudo surreal -, preste atenção na moldura que resiste aos olhares que mesclam piedade com fascínio. Você ainda consegue chorar verdadeiramente? Porque sorrir todo mundo o faz sem perceber, mesmo sendo falso, mesmo sendo ensaiado. Sabe dançar? A chuva convida para a valsa dos trovões. Aceite!

Deixa-se ir... E vá. Talvez chegue em algum lugar ou permaneça eternamente preso dentro de si próprio. Quem te achará? Você não se procura. Ou preocupa.

Oras, tenha dó. A parte que contém pó de estrela também contém lixo; contém vidas passadas que você ainda não terminou de viver.

Viva.

Mas quem sabe de alguma coisa, afinal? Eu de nada sei, talvez só da dosagem certa de açúcar no meu café - por vezes supersaturada; como eu.

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