Neutralidade.

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Neutralidade.
Hoje não teve reflexões matinais ou a segunda xícara de café,
Tinha algumas caraminholas na cabeça e o rádio tocava as melhores do Tom Zé,
Então um arco-iris lá fora, fora de hora, sem chuva.
Ou razão de estar ali,
Mas sentia a vibração das cores, assim
De modo peculiar.

Não houve comoção,
Pão com manteiga, café forte e uma maçã.
Preparada para o dia - ele estava preparado para me receber?
O mundo se reinventando e retrocedendo ao mesmo tempo,
Ouça, as batidas do meu coração tornaram-se inquietas;
Há um peso em meu pulmão esquerdo;
Meus olhos não querem ler as notícias dos jornais,
Aprendi a ler jornal com meu avô.

O que ele, no alto de sua sabedoria, poderia dizer sobre os acontecimentos atuais?
A morte o levou, mas
O imagino rindo e dizendo: Povinho mequetrefe, pensam saber tudo. Mas não sabem é de nada, deviam cuidar da própria vida.
Pensando em cuidar da minha vida, sinto a apatia me dominar.
Cadê o "eu" que ria e brincava? Fazia piadas inconsequentes e infames.
Cadê o "eu" que fazia planos? Utópicos e sorridentes.

Eis que me resta apenas a neutralidade, branda, para acompanhar a multidão e os dias que seguem;
Sem direção.

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