Mão estendida #Sqn

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- Não te acho feia.-enviou ele.

- E você me conhece de onde?

- Terceira carteira, próxima da porta, melhores notas em Português.

Dani sorriu  ao ler a mensagem, não sabia bem o motivo mas o fato de ser Rafa a deixava aliviada, feliz talvez...

- Não tem nada melhor pra fazer?- só depois que enviou a mensagem foi que ela percebeu que havia sido rude.

- Poderia estar agora num hotel mil estrelas em Dubai, mas eu... eu... eu...prefiro estar aqui te perturbando.- enviou ele.

- Você tem um gosto musical diferente.

- kkkkk, essas músicas não saem da minha cabeça, minha vizinha ouve direto.

- Sei.

- É sério. Estou no parque quer colar aqui?

Dani pensou em ir, mas sair de casa naquele horário não parecia bom, teria que usar uma camiseta e suas marcas ficariam a mostra, estava calor.

- Não, estou estudando.

- Beleza fica pra próxima. Vou te deixar estudar, até.-enviou ele.

Dani enviou um emoji sorrindo enquanto os olhos se enchiam de lágrimas. Era impressionante a forma como Rafa a conduzia ao céu e a lançava ao inferno ao mesmo tempo. por que ele tinha que aparecer? Por que entrar na sua vida tão cheia de problemas e angustias? Por que estender a mão se não tinha capacidade de segurar a sua e puxá-la?

Foi até o banheiro e estendeu o braço, com uma gilete fez um corte  e outro, outro, outro... As lágrimas rolavam pela face como o sangue pelo braço, porém não tinham o efeito apaziguador do liquido vermelho.

" É claro que ela não viria, eu sou um babaca mesmo".-pensava Rafa, uma menina inteligente como a Dani não iria se meter com um ex-viciado de jeito nenhum, e ela estava certa.

- Trouxe umas vitaminas pra você.- avisou a mãe dela, enquanto a ajudava a por a mesa.

- Vitamina pra quê?

- Vitamina, não precisa explicar né, Dani?- respondeu a mãe impaciente.- Não quero mais ouvir sua avó dizendo que você está anêmica.

- E eu pensando que era porque você se preocupava comigo.

- Mas eu me preocupo sim, ouviu? Muito engraçado você se comportar assim, seu pai e eu trabalhamos o dia inteiro para dar tudo à você e é assim que retribui.

- Ai tá bom mãe, chega.

- Como chega?- Vanessa bateu na mesa.- Quem é você pra falar assim comigo?

- Que gritaria é essa?- Jeferson entrou na cozinha.- Dá pra ouvir do corredor.

- Essa ingrata da Daniele que me mandou calar a boca.

- Peça desculpas.- ordenou o pai.

- Desculpa mãe.

- Tudo bem. Mas na minha época era diferente, nós  eramos diferentes.

"Deviam ter rabo e antenas", pensou Dani. O sermão durou todo o jantar, até o pai irritar-se e os dois começarem a discutir.

Dani lavou seu prato e foi se deitar, eles ainda discutiam quando ela adormeceu.

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