Desencontros

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- Filha o que ele conseguiu?- insistiu Vanessa.

Dani não conseguiu sustentar o olhar da mãe, envergonhada murmurou:

- Eu me entreguei pra ele.

Vanessa estava prestes a fazer um sermão mas ao ver a filha se desesperar a abraçou.

- Pelo menos vocês usaram preservativo?

Dani estranhou a pergunta e confirmou com a cabeça.

Bruno só soube que Rafa era acusado de abusar da irmã, ao depor.

- Peraí, essa é a menor? A Carol? Não o Rafa não encostaria nela...

- E que menor você pensou que fosse?- perguntou o delegado.

Bruno engoliu em seco, só então percebendo que fizera merda.

Por volta das dez da moite João mandou mensagem pra Dani para explicar, a pedido de Bruno o que tinha acontecido com Rafa. Assim que leu a mensagem, ela foi até a sala contar aos pais e pedir ajuda.

" A polícia precisou fazer um cordão de isolamento para evitar que os moradores linchassem o suspeito, que é irmão da vítima..." narrava um jornalista ao serem exibidas cenas da prisão de Rafa na televisão.

- Você viu do que ele é capaz?- disse Jeferson.

- O Rafa é inocente!- gritou Dani.

Os pais não tinham- na visto e por um instante ficaram sem saber o que falar.

- Isso é loucura. É uma injustiça.- Dani gritou, avançando sobre a televisão e a socando.

Vanessa a abraçou, queria ser capaz de evitar o sofrimento da filha, sua menina.

No dia seguinte, sem saber como, o carro de Jeferson foi cercado por jornalista ao sair do estacionamento para levar a filha para a escola.

Faziam muitas perguntas, queriam saber se ela tinha sido abusada, se estava indo à delegacia, se Rafa a tinha ameaçado... com muita dificuldade o pai conseguiu voltar ao estacionamento.

- É melhor não levá-la à escola, por enquanto.- aconselhou o tio delegado quando a mãe o ligou.

- Tudo bem, assim que tiver notícias você me liga, por favor.- falou Vanessa.

-Mãe a gente tem que ajudar o Rafa.- Dani pediu, chorando.

- Filha estamos fazendo o possível, seu tio vai ver o que descobre e o Rafa já tem um advogado.

- Eu quero ir lá...

- Já conversamos sobre isso.- interrompeu-a o pai.- Delegacia não é lugar pra você, seu tio vai resolver.

- Dani seu pai tem razão, vamos esperar.

Bruno e João também não puderam visitar o amigo e a comunicação entre eles se dava através do advogado que era patrão da mãe de Bruno.

Rafa não conseguia comer, estava exausto, esgotado...repetiu por inúmeras vezes que era inocente, que mal ficava a sós com a irmã e que mesmo que ficasse nunca faria tamanha crueldade com ela, porém tudo parecia em vão, e a tristeza se tornou sua companheira de cela, a solidão o dominou. Ouvia ameaças de outros presos em outra cela e até de guardas, mas não se importava, a morte não seria pior do que estar sem a garota que o fizera se apaixonar.

Saber que estava causando tanto sofrimento a Dani, o fazia sofrer em dobro, tudo o que queria era amá-la, cuidar dela e ser motivo de alegria e sorrisos...

A semana foi cheia de informações desencontradas, Dani foi prestar depoimento acompanhada da mãe e do tio, ouviu insinuações do delegado de que Rafa a teria obrigado ao ato sexual e com o apoio da mãe defendeu seu desejo pelo ato. 

- Os jornalistas não nos deixam em paz.- reclamava Vanessa.

- O caso está sob sigilo de justiça e ainda assim eles insistem.- completou Jeferson.- Os vizinhos estão reclamando, acho melhor seguirmos o conselho do seu irmão e ficarmos um tempo na casa da minha mãe, pelo menos lá podemos ter um mínimo de privacidade.

Quando homem e mulher se tocam no olhar... riscava Rafa, num cantinho da parede, próximo ao chão onde dormia.

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