Solidão

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Beijaram- se outras vezes. O sinal tocou e voltaram a sala de aula, onde ficaram trocando olhares e sorrisos.

Na saída, Rafa a esperava no portão.

- Vai ao parque?- perguntou ele, sorrindo ela fez que sim com a cabeça.

- Rafa.-chamou-o Rose.- Estou a fim de  um replay de ontem, gatinho.

Rafa não respondeu, Rose fez um carinho no rosto dele e saiu. Dani sentiu a face queimar e não soube disfarçar a decepção.

- A gente ficou ontem.- comentou Rafa em tom de desculpa.

- Que bom pra vocês.- falou ela.- Eu vou pra casa.

- Qual é Dani? A gente ia ao parque.

- Ia pretérito imperfeito do indicativo.- respondeu ela, saindo.

Estava furiosa e decepcionada com Rafa. Que merda! A vida já era bem complicada pra ele trazer mais problemas pra ela.

João chegou e sentou-se ao lado dela no banco do ponto de ônibus.

- E ai Dani?- cumprimentou-a.

Dani estava distraída e levou um tempo para responder.

- Você não vai com o seu amiguinho ao parque?- ironizou ela meio sem querer, sim, ela tinha o péssimo hábito de descontar a raiva em quem estivesse por perto.

- Você falou igual minha namorada.- divertiu-se João.- Vai lá com seus amiguinhos.

- Desculpa.- falou ela após um tempo.

- Sem problemas. Dani vou nessa, até amanhã.

Dani ficou olhando o garoto entrar no ônibus e sentiu uma certa sensação de culpa por tê-lo tratado daquele jeito.

Chegou em sua casa e se cortou no banheiro, o sangue já não a assustava a muito tempo. A solidão não a assustava e o silêncio menos ainda.

Não temia a solidão porque a conhecia, eram íntimas, conhecia a fundo o que era estar sozinha, ser sozinha era normal para ela.

O problema era que alguém chegou e lhe tirou da comodidade da solidão. Rafa chegou e quebrou o silêncio, com sua voz doce e o som gostoso do seu sorriso.





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