- Você perdeu.- falou Bruno na saída, para Rafa.
- Perdeu o que?- João alcançou-os.
- O Rafa perdeu a treta das minas na entrada.
- Nossa véi, pior. Voou pena pra todo lado.
- O que aconteceu?- perguntou Rafa sem se interessar muito.
- A Dani esbarrou na Rose na entrada, daí a mina pirou. Fez um escândalo.- riu Bruno.
- A outra vazou.- completou João.- Vamos lá no parque?
- Bora lá.- concordou Bruno.
Rafa foi com eles.
Não faziam nada específico no parque, se juntavam a outros adolescentes de outras escolas, tomavam tombos hilários no skate, conversavam sobre tudo, zuavam-se... os mais sortudos pegavam as meninas e, Rafa estava entre eles, não era lindo, pelo menos não se achava assim, mas também não era:"de se jogar fora", era alto, tinha cabelos castanhos claros que não chegavam a ser louros e olhos esverdeados que não chegavam a ser verdes.
- As mina pira no surfista.- falou João vendo um grupo de garotas cochichando e rindo ao olharem para Rafa, chamavam-no assim pelos cabelos.
Rafa ficava com as garotas e até trocavam números de celular, uma ou outra mensagem e só. Não queria se amarrar, não queria namorar, não queria conhecer ninguém de verdade porque não queria ser conhecido de verdade.
Para elas ele era o Rafa, para ele, elas eram as Jaque, Paula, Bia, Duda e pronto.
Mas uma garota deixara de ser a Dani naquela manhã e se tornara A Dani. Alguém que se revelara e isso o incomodava, e se ela o visse apenas como o Rafa.
" Estou no lucro", pensava ele ao buscar a irmã caçula na creche," Foda vai ser se ela me vir como um nóia".
- Já vou pegar a Carol.- avisou a professora quando ele chegou.
- Eu espero.- respondeu.
Carol tinha dois anos, era filha da mãe com o padrasto, ele amava aquela criaturinha de um jeito difícil de explicar.
- Rafaa.- vinha gritando ela, dando pulinhos e desequilibrando a professora.
Rafa pegou-a no colo e rodopiou com ela.
- Você se comportou bem, mocinha?
- Ahãm.
- Então quando chegarmos em casa vamos assistir um desenho bem legal.
Carol agarrou seu pescoço e lhe deu um beijo melado no rosto.
Moravam numa vila que Bruno vivia comparando à do Chaves e João dizia ser " condomínio de pobre", mas era apenas um grupo de doze casas com muros altos e um portão de grades que as separavam da rua.
Da garagem dava para ouvir que a mãe e o padrasto discutiam.
- Mas qual é o problema? Ele é irmão dela.
- Ele não tem juízo, e você também não.
- Não fale assim do meu filho.
- Ele é seu filho, já esqueceu tudo o que ele fez? Eu não quero a Carol sozinha com ele.
Rafa fez barulho com a chave para notarem que havia chegado. A mãe pegou Carol e o agradeceu por buscá-la na creche, mas ele fingiu não ouvir e foi para o quarto.
Deitado na cama fitou o teto enquanto ouvia música no celular com os fones no ouvido.
Uma lágrima rolou quando tocou Boys Don't Cry, do The Cure.
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Faz Parar...
Dla nastolatkówQuando se é criança tudo parece possível, voar como os super-heróis, respirar embaixo d'água como os peixes, ter um dinossauro verde e até pedir para a mãe acabar com a pior de suas dores com um simples:"-Faz Parar..." Então heis que surge a adolesc...