Verdades doidas e doídas

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- Que saco.- continuou a garota, depois que se calaram.- O que estão dizendo? Que vídeo?

- Você não fale assim com sua avó.- falou o pai.

- A Dani está traumatizada, a amiga dela morreu recentemente.- Vanessa se desculpou.

- Meu filho me contou, por isso sumiram lá de casa.

- Peraí, nada disso. A gente não foi mais lá porque toda a vez que vamos a senhora faz questão de ficar jogando indireta pra minha mãe.

- Dani!- Vanessa tentou calá- la.

- É verdade mesmo, e agora fica implicando comigo e me comparando a Monica. Eu não estou nem aí pra ela, aliás, já que estão falando de vídeo por que não procura a Emenovinha no face pra ver sua neta exemplar mostrando o útero? Pois é, a Monica é dançarina de funk.

- Não vou ficar ouvindo desaforo de uma menina.

- Calma mãe, eu vou dar um jeito nela.- Jeferson, apoiando o braço da mãe, levou- a a sala para tomar água.

Vanessa, que por dentro estava vibrando por alguém ter dito tudo o que ela sempre quis dizer a sogra, por fora estava furiosa pelas atitudes da filha.

- Muito bem, agora você vai me explicar direitinho essa história.- falou ela, fechando a porta.

- Você vai me deixar falar?- perguntou Dani sem se deixar intimidar, afinal a merda já estava feita mesmo.

- E quando é que eu não te deixo falar? Eu acho muito engraçado você dizer isso...

- Mãe!- Dani a interrompeu.- Viu? É sempre assim, você fala sobre mim mas não fala comigo. Pode me ouvir primeiro?

Vanessa apertou os lábios e sentou- se na cama com a cara de" estou ouvindo".

- Eu não sei o que vocês viram nesse vídeo, mas se for sobre mim e pelo visto é, eu foi hoje cedo ao parque. O João que era o namorado da Yurico, nos contou que ela queria ser médica por causa dos pais, mas que o sonho dela era ser bailarina...- Dani sentiu as lágrimas arderem os olhos.

- Ah filha, então foi isso, meu amor?

Dani podia parar por ali. Pronto, tudo resolvido. Mas também tinha a chance e talvez fosse a única, de se abrir com a mãe. De dizer que estava sufocada, que se cortava e não conseguia parar por mais que quisesse e que não podia sobrecarregar Rafa com os seus problemas e não podia perdê- lo, porque o amava.

- Não mãe, não foi isso, foi isso também.- as lágrimas rolaram, a voz ficou embargada, mas ela continuo, precisava continuar.- Eu me sinto um fantoche de vocês, eu não posso fazer nada, falar nada que vocês brigam.

Dani levantou- se e começou a se despir na frente da mãe. Conforme as marcas dos cortes iam aparecendo, Vanessa ficava horrorizada.

- Quem fez isso com você?- as lágrimas agora rolavam na face da mãe.

- Eu. Eu fiz isso comigo.

Vanessa a agarrou, como uma leoa abraça o filhote para protegê- lo, apertou- a forte e a encheu de beijos.

- Nós vamos resolver isso, juntas. Eu estou aqui filha. Mamãe está aqui.

Faz Parar...Onde histórias criam vida. Descubra agora