Palavras podem libertar

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- Café.- começou Rafa.

- Peixe.

- Pão.

- Manteiga.

- Olhos.

- Sorriso.- disse Dani, sorrindo.

- Beleza.

- Medos.

- Esperança.

- Angustia...- o sorriso foi desaparecendo dos lábios dela.

- Mentiras.

- Cortes.

- Drogas.- falou ele, engolindo em seco.

- Solidão.

- Fuga.

- Morte.- os olhos dela encheram- se de lágrimas e Rafa encostou a mão na dela e segurou.

- Quer parar?- perguntou baixinho, só para ela ouvir.

Dani fez que sim. Ficaram ali, um de frente pro outro, ouvindo risadas das outras duplas e uma ou outra palavra dita chegava até eles, mas nenhum dos dois conseguia desviar o olhar ou mesmo separar as mãos, com o polegar ele acariciava a mão dela e aquilo era tão bom.

- Ótimo turma é isso mesmo.- Sonia bateu palmas e a classe acompanhou.- Vocês precisam ter em mente que palavras podem tocar, fazer rir, emocionar e até ferir.

Todos concordaram.

- Agora sentem- se em círculo e me observem por favor.- A professora posicionou- se no centro,- Eu quero crescer!

A expressão corporal e a entonação da voz transmitiam felicidade.

- Eu quero... crescer.- dessa vez a frase transmitiu um misto de medo e incerteza.

- Quero, sim eu quero crescer.- agora a forma das palavras ditas transmitiam esperança e certeza.

- Eu?... quero crescer.- no instante seguinte, havia tanta incerteza, dúvida e ângustia nas palavras.

- Eu!- gritou a professora e caindo de joelhos, continuou- Quero...- a voz era normal as mãos foram levantadas, punhos fechados, unidos, como se estivessem amarrados.- crescer...- a voz era um murmuro mas ao ser ouvida as mão foram separadas como se arrebentassem a algema e estivessem livres.

Todos aplaudiram a professora.

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