Hoje era um dos dias em que eu acordava com uma imensa dor no peito, não só eu mas também mamãe, hoje completava 7 anos em que eu havia perdido meu herói, sim ele havia morrido próximo ao meu aniversário.
Me lembro de orar pedindo a Deus para deixar ele passar pelo menos meu aniversário comigo, mas acredito que Deus faz o que é melhor para nós , as meninas já haviam ido embora, os meninos vieram cedo busca-las.
Wan tinha saído com Danilo, me levantei e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal, tomei um banho, vesti um vestido preto longo e amarrei meu cabelo em um coque.
Saí em direção ao quarto de mamãe e ela estava chorando com uma foto do dia do casamento deles em mãos, me aproximei dela e a abracei forte e ali choramos, como todos os anos.
Thau: Vamos visitá-lo? - Falo desfazendo o abraço e limpando as lágrimas que haviam em seu rosto com o polegar.
Papai havia sido enterrado aqui em São Paulo pois ele nasceu aqui, todo ano quando morávamos no Rio e chegava essa data viajavamos pra cá para visitar seu túmulo.
Mamãe assentiu, pegou uma toalha e foi em direção ao banheiro, me levantei , peguei a foto que ela segurava e sorri alisando o rosto de meu pai sobre aquele simples papel, me levantei e fui em direção a cozinha, tomei apenas uma xícara de café enquanto aguardava mamãe.
Logo ela desceu trajando, uma blusa preta, uma calça jeans e sapatilha, sorri de lado pra ela e coloquei café para ela tomar, ela tomou, peguei um óculos escuro e pûs em meu rosto, ela pegou sua bolsa e logo saímos de casa descendo o morro, algumas pessoas nos olhavam curiosas e outras nos cumprimentavam.
Assim que chegamos no pé pegamos um táxi e ele nos levou ao cemitério, assim que chegamos, paguei o taxista e desci de mãos dadas com minha mãe, fomos em direção ao túmulo do meu pai, assim que chegamos nos agachamos, minha mãe passou a mão em seu nome escrito sobre a pedra, eu fiz o mesmo e comecei a chorar.
Sônia: Meu amor- fechei meus olhos, esse era o momento em que ela conversava com ele, meu coração doía tanto ao ouvir seu discurso - Ninguém ainda foi capaz de me fazer sorrircomo você fazia, sinto tanta falta do teu carinho, você era um homem tão prestativo tanto comigo quanto com a nossa filha, foi o homem da minha vida - Fungou o nariz - E sempre será, os anos se passam, a dor da perda diminui mas a da saudade jamais irá passar - Nessa hora um vento forte surgiu, abri meus olhos e minha mãe sorriu e eu retribui, isso pra nos era como se ele havia escutado.
Thau: Papai - Respirei fundo e limpei as lágrimas com a palma da mão - Eu sei que o senhor nos vigia aí de cima, estou suspeitando que estou grávida - Olhei para mamãe e ela sorriu e colocou a mão por cima da minha - O senhor ia amar ter um netinho(a) - Solucei - Ia me dar broncas por não ter usado camisinha eu sei, mas depois ia amar a idéia, cuida de nós aí de cima pai, - Comecei a chorar copiosamente e minha mãe me abraçou e ali choramos, o vento bagunçava nossos cabelo, assim que desfizemos o abraço, passei a mão sobre as flores de plástico que enfeitavam seu túmulo e sorri, eu e minha mãe entrelaçamos nossas mãos olhamos pro céu e dissemos " amamos você " depois nos olhamos e dissemos " eu te amo " uma pra outra, sempre fazíamos aquilo. Depois de um tempo decidimos passear pela praia.
Sônia: Quer dizer que vou ser vovó? - Perguntou animada.
Thau: Talvez mãe, vou fazer o teste mais tarde - Disse a olhando.
Sônia: Fico feliz por você filha, filho é uma benção, um presente de Deus, quando descobri que tava grávida de você, nossa eu e seu pai comemoramos tanto, seu pai encheu a cara, vomitou o quarto todo - Gargalhou relembrando e eu a acompanhei - Quando você nasceu ele encheu a cara de novo, chorava de tanta felicidade, te pegava no colo e ficava cantando pra você com o bafo de pinga, acho que você ficou bêbada junto com ele, pois dormiu a noite toda.
Thau: Lembro de vocês dizendo que eu parecia um ratinho quando bebê - Sorri.
Sônia: Era feinha, ainda bem que com o tempo foi ficando bonita - Acariciou meu cabelo.
Passamos a manhã ali relembrando as coisas, tanto tempo que não fazíamos isso, que saudade que eu tava desses momentos, minha mãe é tudo pra mim.Depois decidimos ir pra casa, assim que cheguei, subi pro quarto, tomei um banho e fui tirar um cochilo.
Acordei com uma dor muito forte em minha barriga, passei a mão sobre a mesma e cada vez mais a dor piorava.
Thau: Mãe - Gritei, depois de um tempo ela apareceu na porta - Mãe minha barriga tá doendo muito, me ajuda - Ela correu até mim e me ajudou a levantar - Quero fazer xixi - Ela me guiou até o banheiro, desci o short e a calcinha e me sentei no vaso, assim que terminei fui limpar, na hora que olhei o papel higiênico estava com sangue, comecei a entrar em desespero.
Sônia; Vamos pro hospital agora - Correu até o quarto e voltou com um vestido e um absorvente em mãos, ela me trocou e logo me guiou até a sala, me sentou no sofá, logo chega Danilo, me pega no colo e sai comigo, minha mãe abre a porta do carro e ele me bota no banco de trás, o percurso todo vou gemendo de dor, assim que chegamos ele me pegou no colo e adentrou comigo pedindo ajuda, logo alguns enfermeiros chegaram com a maca e Danilo me colocou nela, estava sentindo tanta dor que acabei desmaiando.
Fui despertando aos poucos e novamente estava em um leito de hospital, olhei para o lado e minha dormia na poltrona, sorri de lado e fechei meus olhos respirando fundo, não estava mais sentindo dor nenhuma.
Sônia: Filha? - Me chamou e eu a olhei - Está melhor?
Thau: Não sinto mais dor, o que houve?
Sônia: Ainda não sei, o médico tirou sangue para uns exames, vamos esperar ele voltar com os exames.
Assim que ela fechou a boca a porta se abriu, olhei para a mesma e era o doutor Marcelo.
Dr.Marcelo: Já acordou mocinha - Apertou minha bochecha - Aconteceu um milagre...
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A Patricinha, O Traficante e a Vingança Ψ
AcciónThauany uma menina que consegue tudo o que quer e que não leva desaforo para casa, mora no rio na Zona Sul com sua mãe, perdeu seu pai quando ela tinha 12 anos, agora tem 18, após perder seu pai, virou usuária de drogas, mesmo tendo condição deixou...