The Last Step

Step Fourteen

- Você está bem querida?
- Sim vovó, por que não estaria?
- Você quase não tem saído do seu quarto querida - vovó disse sentando-se ao meu lado no sofá - Sinto sua falta.
Notei o quão ridícula eu estava sendo, vovó esteve comigo por tanto tempo e eu simplesmente "Sumi", imagino o quão confusa ela devia estar.
- Me desculpa vó, é que eu estive com uns problemas e acabei me afastando.
- Que problemas querida? - vovó pôs a mão em minha coxa.
- Eu... - olhei para sua mão em minha coxa e senti meus olhos lacrimejarem - É ... é um pouco de tudo sabe? Eu... não tô aguentando a barra... - olhei pra vovó sendo sincera sem nem ao mesmo notar.
Foi como se eu estivesse confessando algo, não para vovó, mas sim para mim.
- Meu bebê - vovó me abraçou e suspirou - eu acho que já está na hora em que eu devo te mostrar uma coisa...
- O que? - olhei pra ela deixando uma lágrima cair.
Vovó levantou e caminhou lentamente comigo escadas acima, me levando até o seu quarto. Soltou minha mão e abriu seu guarda roupas, remexeu no mesmo e voltou com um envelope, logo em seguida me entregando o mesmo.
Logo após me entregar, beijou minha testa e saiu do quarto.
O envelope ao tinha nada escrito, eu não fazia a mínima ideia do que se encontrava dentro do mesmo.
Fui em direção ao meu quarto e fechei a porta assim que cheguei no mesmo. Eu estava ansiosa. Sentei na minha cama e abri-o, dentro havia um papel dobrado, o qual eu desdobrei, revelando uma caligrafia muito bonita. Me pus a lê-lo.

Eu realmente não sei como iniciar essa espécie de "Carta", mas eu espero que de alguma forma ela te ajude... Sarah, você é uma garota linda, especial e seu olhar irradia luz. Você é especial pra todos a sua volta e eu acredito que todos veem o quão importante você é pra mim.
Provavelmente você deve ter cerca de uns 17 anos agora, então espero que entenda.
Quando o acidente ocorreu a única coisa em que eu pensei foi... " Cadê a minha filha?", e você não sabe o quão aliviada eu me senti por você não estar conosco naquele carro, por mais que os ferros parecessem que estavam perfurando todo o meu corpo, mas saber que você não está como eu, em uma cama de hospital, me faz a mulher mais feliz do mundo. Onde eu quero chegar com isso tudo?
Não fuja do mundo, ele pode ser assustador, pode te derrubar, mas não te derrotar, por isso quero que você saia de casa, dance, grite, ria, chore quando for preciso, beije, erre, acerte, seja você, seja quem você quiser!
Lembre-se " Viva a melhor vida que pode viver, por seus pais que não puderam vivê-la junto a você"
Dizem que eu vou melhorar, mas eu sei que não vou, então saiba disso. Não deixe sua vida passar sem que você a viva. Não fique no seu quarto, não deixe de sair, de paquerar. Viva Sarah! Pelo seu pai, por mim! VIVA!

Com amor...
-Mamãe

Eu não conseguia parar de chorar, aquilo de certa forma era demais para mim. Mas eu ia fazer o que mamãe disse... eu ia viver.
Peguei meu celular e liguei para Kate.

- Fala comigo... - Kate disse a frase que sempre usava ao atender o telefone, qual eu achava muito fofa.

- Se arruma, vamos sair.
- Opaaaa! Adhoro. Onde vamos?
- Vamos pra balada!

- Aqui tá lotado! - gritei pra ela assim que chegamos.
- É sempre assim - ela riu e gritou de volta - Olha!! Tatuagem neon!! Vamos fazer uma!
Segui-a até o local, a tinta neon era muito bonita, muita gente estava usando as tatuagens, o que me deu mais vontade de fazer uma, fui até a fila e aguardamos nossa hora chegar, hoje seria diferente...

Após nossa tatuagem ela me levou até a pista de dança.
- Se solta - ela gritou soltando minha mão e começando a dançar.
Olhei ao redor e vi todos dançando. Alguns até se beijando... decidi me soltar, fechei os olhos e comecei a dançar.
- Oi! - ouvi alguém gritar e olhei pra saber se era comigo, vi um garoto lindo demais na minha frente, sorri.
- Oi!
- Tá sozinha? - ele perguntou.
Olhei ao redor e vi Kate beijando um garoto qualquer.
- Sim! - sorri pra ele - Quer me acompanhar?
- Seria um prazer - ele sorriu e chegou mais perto.
Ele dançou comigo, e na realidade foi muito bom.
- Qual seu nome?
- Sarah, e o seu?
- Josh!
Uma música mais lenta começou a tocar e ele pegou a minha cintura me puxando pra perto.
- Me permite? - ele perguntou.
- Digamos que sim - sorri de lado e coloquei meus braços ao redor de seu pescoço.
Ele olhou no fundo dos meus olhos e eu retribui, seus olhos eram lindos, as luzes neon desenhadas em meu rosto refletiam em seu olhar. Ele se aproximou de mim e simplesmente me beijou, e eu retribui, ele beijava muito bem e não tinha mau hálito. Isso era uma coisa boa. Após o beijo dançamos mais um pouco até ele dizer que teria que ir. Apenas sorri e deixei-o ir. Nunca mais o veria, eu tinha certeza.

Ouvi uma nova música começar a tocar.

( N/A : comece a toca-lá agora se possível ) (https://g.co/kgs/HY2v5X)

Like a, like a, like a bullet train

Moving like the speed of sound
Feet can't keep on the ground
Can't stay in one place
Keep moving like a bullet train
Like a bullet train (2x)

(Como um, como um, como um trem-bala
Movendo-me como a velocidade do som
Meus pés não podem manter-se no chão
Não posso ficar em um só lugar
Continuo movendo-me como um trem-bala
Como um trem-bala)

De alguma forma ela se encaixava com o momento... ela fazia com que eu me sentisse viva.  E era tudo que eu precisava. Mas sua letra me levou a pensar em como eu estava no momento, eu poderia me sentir viva, mas não me sentia eu mesma, e isso me fazia muito mal... mesmo que lá dentro.

'Cause I can't stop time
You keep blurring in my mind
And space is undefined
These tracks left behind
We can't stay the same
Can't stop this train
I can't find the breaks
On this bullet train

'Cause I can't stop

(Porque eu não posso parar o tempo
Você continua ofuscado em minha mente
E o espaço é indefinido
Estes trilhos deixados para trás
Não podemos permanecer o mesmo
Não posso parar este trem
Eu não consigo encontrar os freios
Neste trem-bala

Porque eu não posso parar)

E então eu percebi, aquele no era o  meu lugar, " Não podemos permanecer o mesmo"...

Sai de lá e senti alguém pegar meu braço.

- Onde você vai? - Kate gritou.
- Não está gostando? Aqui é legal.
- Aqui pode ser legal, mas não é meu lugar.