- Positivo.. - ela disse de uma forma qual eu não pude interpretar.
- Você não tinha certeza que estava grávida? - perguntei confusa.
- Eu fiz dois testes de farmácia que deram positivo mas... eu não queria aceitar - ela me olhou e mordeu o lábio inferior.
- Quantas semanas? - perguntei na intenção de descobrir o pai.
Após olhar atentamente o teste, ela deixou uma lágrima escorrer e se sentou na cadeira que ali havia, logo em seguida levando as mãos à cabeça em um gesto desesperado.
- 3 semanas e meia... - ela disse me fazendo perceber.
Ela terminara com Matt pouco mais de um mês, e ficara com Tyler à mais ou menos 3 semanas... O filho era de Tyler.
Me ajoelhei ficando em sua frente e pus minhas mãos em seus joelhos.
- Kate... vai ficar tudo bem.
- Não vai ficar tudo bem - ela gritou e me olhou - Eu preciso contar pro meu namorado que estou grávida de outro e não faço a mínima ideia de como fazer isso... pra variar o meu pai já tá arrumando as coisas pra gente voltar pra minha antiga cidade e não sei se o Matt vai querer ao menos olhar na minha cara, quem dirá ir até lá comigo. Nem sei se o Tyler vai querer essa criança, não sei se devo contar a ele ou deixar pra lá. A minha vida tá virando de cabeça pra baixo e você só sabe me dizer que vai ficar tudo bem! - Ainda gritando.
Arregalei os olhos assustada. Eu não esperava aquela reação de Kate, nem mesmo em uma situação como essas. Ela nunca foi o tipo de pessoa que fazia escândalos, o que ela estava fazendo no momento, que também resultara em todos os olhares cravados em nós. Mas em toda essa história um pequeno detalhe me chamara atenção.
- Quando pretendia me contar que iam voltar? - falei em tom baixo ainda atordoada e sem fazer contato visual.
Segundos após a minha pergunta ela ainda não tinha respondido, provavelmente estava pensando em uma boa desculpa.
Suspirei fundo e me levantei.
Eu sabia que uma hora ou outra aquilo iria acontecer. Claramente meu tio só veio tinha vindo ao Canadá por conta da minha avó, como ela não estava mais aqui, nada o prenderia.
Sai daquele hospital sem nem ao menos olhar novamente para Katheryn. Eu ainda estava processando, lê-se tentando processar, aquilo que ela havia me dito.
Peguei meu celular na intenção de chamar um táxi e logo o fiz, o carro era de Kate e sinceramente, eu não estava com cabeça pra ir com ela.
- Sarah.. - ela disse se aproximando, assim como meu táxi que parou na minha frente - Eu.. - ela travou.
Esperei uns segundos pra ver o que ela ia dizer, mas ela não disse nada, continuou lá, parada me olhando. Por fim suspirei e entrei no táxi. Falei o endereço da casa de vovó e finalmente deixei uma lágrima cair, logo em seguida limpando-a. Eu já havia chorado demais por uma semana.Ao chegar notei que as luzes estavam acesas e que o carro de John estava estacionado na garagem.
Paguei o taxista logo após agradecendo o mesmo e arrumando minha bolsa no ombro, esperando um tempo pra tomar coragem, e logo em seguida abri a porta, encontrando John sentado no sofá, que ao notar minha presença no cômodo levantou seu olhar.
- Oi... - eu disse.
- Oi. Achei que você já tivesse...
- Ido embora? - cortei-o - Não se preocupe, eu já estava me preparando pra isso... amanhã não me verá mais aqui.
O ambiente estava estranho. Não estava nem agressivo, nem bom... O ambiente estava triste, e um silêncio horrível insistia em persistir.
John por sua vez assentiu com a cabeça. E então o silêncio reinou novamente.
Quando eu ia subir as escadas ele disse:
- Eu ainda não te disse isso mas... - ele levantou e me olhou - Eu sinto muito pela sua avó.
Suspirei, querendo ou não ele também havia a perdido, e era legal da parte dele dizer que sentia muito.
- Eu também... Sei que a amava...
Ele suspirava. Era difícil pra ele, não tanto quanto pra mim, que nem teto tinha no momento.
E logo após eu subi, começando assim a montar minha mala com tudo o que cabia dentro, o resto eu voltaria pra pegar, assim que achasse um local pra ficar.
Quando terminei as malas, notei que já havia anoitecido. Coloquei minha mochila nas costas e desci as escadas, encontrei John na cozinha.
- Eu... vou voltar pra pegar algumas coisas que não deu pra levar - eu disse e ele só assentiu.
Sai da casa arrastando minha mala e procurando por alguma pensão na qual eu poderia passar a noite. Quando encontrei uma a dona me disse que estava lotada, o que me fez voltar pra rua em busca de outra.
Eu já estava andando por horas e não aguentava mais carregar aquela mala, apesar de meus sentimentos serem as coisas mais pesadas que eu carregava no momento.
Não era ódio, nem mesmo raiva. Era um sentimento de perda.
Não tinha nem ao menos para onde ir, e meu dinheiro era suficiente para uma noite em uma pensão barata. Eu iria receber um dinheiro que vovó havia deixado pra mim, mas apenas na semana seguinte.
Exausta me sentei no banco de uma praça qualquer.
Notei que os brinquedos estavam quebrados e sujos, nenhuma criança brincava ali. Tudo indicava que estava abandonada.
Senti meu coração se apertar no meio de tanta angústia. Se vovó estivesse ali, nada disso estaria acontecendo.
Senti uma lágrima escorrer. A minha vida havia mudado de uma forma impressionante, e eu havia odiado a mudança.
E por um momento eu me cansei. Estava cansada de andar, cansada de procurar, cansada de tudo, cansada de prender o choro.
Então só o deixei cair, me permiti chorar como uma criança, como uma criança que tivera seu choro na perda de seus pais enxugado por sua avó, como uma criança que não tinha mais uma avó para enxugar as lágrimas que rolavam por sua bochecha levemente corada, como uma criança que de hoje em diante teria que se virar, como uma criança que de hoje em diante teria que não ser mais criança.
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The Last Step
RomanceEu não sabia o que o meu destino me preparava, eu nem ao menos sabia porque o meu destino se encontrava tão ligado a um passado que eu desconhecia. Seria o amor assim tão forte a ponto de ultrapassar vidas? Em que momento o seu passado pode se torna...