Step Twenty Two

51 7 3
                                    

Acordei com o despertador tocando, e a primeira coisa que veio a minha mente foi o olhar de tristeza que vi em Alec antes que ele fosse embora.
Eu não queria magoar ele, mas eu não tinha escolha, não podia ficar com ele, por mais que eu quisesse.
Antes de saber que o Alec era... um fantasma, eu me perguntava se nós dois poderíamos dar certo, e o pior é que eu cheguei à conclusão de que realmente poderíamos, o que agora torna tudo pior.
Eu nunca saberia explicar para ninguém o motivo de estar " solteira", nunca poderia me casar ou ter filhos com ele, se isso fosse possível, pois todos me perguntariam quem era o pai e o que eu responderia? Ah é aquele cara que morreu há um século atrás. Talvez com um sorriso bem convincente eles acreditassem em mim, tenho quase certeza que não o fariam.
Então por causa de todos esses fatores, e mais alguns, decidimos ser apenas amigos, na verdade, colegas... Eu não conseguiria mais ver ele todos os dias como se nada tivesse acontecido.

Fui para escola com Kate, o dia percorreu normalmente, tirando o fato do encararão que Aghata me deu assim que me viu, provavelmente ela ainda estava com raiva.

No final do dia letivo fomos ao hospital ver o resultado dos exames de vovó. Esperamos um pouco o médico até que ele apareceu e nos cumprimentou logo após avisando.
- Eu vou mostrar os exames pra vocês, mas para isso preciso que venham de 2 em 2 até minha sala.
- Tudo bem, adultos primeiro - Tio Chris disse e John concordou.
Logo depois eles desapareceram pelo corredor. Olhei para Kate, que parecia estar tão nervosa quanto.
- Acha que vai ficar tudo bem?
- Eu não sei - ela disse suspirando - Não tenho a mínima ideia... E você?
Pensei bem na possibilidade de contar sobre a conversa que tive com vovó, mas preferi manter em segredo, pelo menos por enquanto.
- Eu não sei... tô tão confusa - suspirei e passei a mão no rosto.
- Você conversou com o Alec, depois daquele dia?
- Sim... eu perdoei ele, mas somos apenas colegas agr...
- Quem era aquele policial? Josh o nome dele né?
- Lembra aquele garoto que eu fiquei quando fomos à balada? Então... é ele...
- Quantos anos esse cara tem? - ela disse surpresa.
- Acho que 18... Não faço a mínima ideia - eu disse ainda tensa - Eu tô com tanto medo do que podemos ouvir na sala daquele médico...
- Vai ficar tudo bem Sarah...
Sorri de lado pra ela e vi John e Tio Chris voltando...
- Estamos no carro esperando... - John disse indo com Chris até a saída.
- Meninas... Por aqui, por favor - O médico nos orientou, fazendo-nos segui-lo - Fiquem à vontade... - ele fez menção para que sentássemos.
Nos sentamos e olhamos atentamente para o doutor.
- Bem, o estado da avó de vocês é complicado...- ele suspirou - Foram descobertos 2 tumores no corpo dela, porém a expectativa é que se espalhe por todo o corpo... Sei que é difícil ouvir isso, mas vocês precisam se manter fortes, pela avó de vocês...
Engoli em seco. Eu não conseguia falar nada, mal podia respirar.
- E... como é o estado dela, doutor? - Kate perguntou abalada.
- Nessa manhã ele... se tornou... - ele suspirou - Terminal..
- Como assim? - Kate se exaltou.
O médico suspirou parecendo triste.
- Não tem mais nada que possamos fazer pela avó de vocês... vocês deviam aproveitar pra se despedir...
- Você não tá entendendo... A gente não pode perder ela! - Kate levantou e bateu na mesa enquanto eu permanecia imóvel olhando pra parede - A gente... - a voz dela saiu distorcida, o que denunciava seu choro - A gente não pode, por favor me diz que é mentira, por favor doutor!! - ela disse exaltada.
A partir desse momento eu já não sabia mais o que estava acontecendo... eu só conseguia pensar no fato de eu ter perdido a minha mãe, e agora estar perdendo a minha segunda mãe. Eu ia ficar sozinha... Não iria mais ter com quem contar por que ela estava simplesmente morrendo aos poucos e não havia nada que pudéssemos fazer...
Levantei-me sem nenhuma cerimônia e andei pra fora daquela sala... eu não aguentava mais ficar naquele lugar... eu andava sem nem ao menos saber onde meus pés me levavam... e então comecei a correr... parando em frente à um vidro, que dava acesso à vista de uma maca ocupada, ocupada pela mulher que cuidou de mim durante todo esse tempo, que me aconselhou, que me tornou quem eu sou hoje, estava ocupada pela minha avó.
Eu não sabia como havia parado ali, só sabia que tinha que sair de lá o mais rápido possível.
Corri pelo hospital, e só notei que eu estava chorando quando minha vista ficou embaçada... Eu já não tinha mais controle do meu corpo... Mal sabia para onde eu estava indo.
Parei de correr ao colidir com alguém, que eu não reconheci, mas que senti pegar em meu braço e notei pela sua figura embaçada que me dizia algo, mas à essa altura eu já não ouvia mais nada. Deixei que ela me guiasse pelo hospital, eu estava me sentindo sufocada, e eu só fazia chorar.
Percebi quando saímos do hospital e a pessoa me balançou tentando me tirar do transe... mas só o que eu conseguia era repetir as palavras que não deixavam minha mente.
- Ela vai morrer... Não há nada que possamos fazer...
As lágrimas já haviam tomado conta de mim, eu não sabia quem estava ali comigo, eu estava em choque. Senti a pessoa envolver meu corpo com seus braços e a abracei chorando em seu ombro. A pessoa por sua vez fez carinho em meus cabelos, ficamos assim durante um tempo até que eu me acalmasse. Quando minha visão voltou ao normal me soltei da pessoa e a olhei.
- Me desculpa por isso... eu...
- Shh... não precisa se desculpar... Saiba que eu tô aqui se precisar tá? - ele pegou minha mão.
Assenti mordendo o lábio para segurar as lágrimas e senti ele me abraçar novamente, logo após sussurrei para que ele pudesse ouvir.
- Obrigada, Josh.

The Last StepOnde histórias criam vida. Descubra agora