Na saída da escola encontrei o carro de Josh estacionado em frente ao edifício. Josh, que estava encostado no mesmo com sua farda, sorriu ao me ver.
- Hey... O que houve? - eu disse me aproximando e sorri.
- Você comentou que tinha algumas coisas suas na casa de John. Eu achei que seria uma boa se fôssemos pegar elas agora, já que é meu horário de almoço e você já saiu da escola.
- Nossa, você encaixou tudo direitinho - eu disse rindo - Seria ótimo.
- Então... - ele abriu a porta para eu entrar - Vamos lá - ele fechou a mesma assim que eu entrei e deu a volta entrando no banco do motorista, colocando o cinto e dando partida - Como foi sua aula? - ele perguntou com os olhos na estrada.
- Digamos que foi... - pausei para pensar enquanto colocava o cinto, e após fazê-lo, o olhei - Legal?
- Nada convincente - ele riu.
- É que é difícil ficar brigada com Kate... Ela sempre foi a irmã que eu nunca tive...
- Acha que vocês ainda vão se acertar? - ele me olhou e logo após olhou novamente para estrada.
- Não sei... Acho que sim... - suspiro - Eu tô tão confusa... com tudo...
- Que tal esfriar um pouco a cabeça? Vamos mudar de assunto... Você vai no baile de primavera?
- Ué... não ia ser semana passada?
- Eles mudaram a data, só não sei o porquê... - ele disse virando o volante.
- Bem, acho que não. Não gosto de festas e tals...
- Achei que você gostasse, afinal, eu te conheci numa balada - ele riu e eu corei violentamente.
Nós nunca tínhamos tocado no assunto daquele dia, muito menos do beijo que rolou, e eu realmente não imaginava que ele viria à tona logo naquele momento.
- Eu nem queria ir naquele dia, foi a primeira vez que fui em uma balada - dei de ombros - Kate praticamente me arrastou pra lá.
- Ah, iria ser legal se você fosse ao baile, você merece se divertir um pouco, Sah.
- Você vai? - eu disse olhando-o.
- Não - ele riu - Não tenho par.
- Vai com a pirada - eu disse tirando sarro da cara dele e me referindo a Aghata.
- Mas você acabou de me dizer que não vai - ele fez um biquinho e logo em seguida sorriu malicioso ao entrar na brincadeira.
- Ahhh - bati de leve em seu braço - Assim não vale! - eu disse fingindo estar brava.
- Vale tudo - ele riu estacionando o carro e logo em seguida tirando o cinto.
Tirei meu cinto e sai do carro.
- Você vem comigo? - perguntei da Janela.
- Quer que eu vá? - ele perguntou surpreso.
- Por favor né - revirei os olhos - Olha minha cara de quem quer ir lá sozinha - eu disse observando ele sair do carro e vir até mim - Vamos - andei até a porta e toquei a campainha.
Mordi meu lábio em nervosismo, parecia que fazia uma eternidade que eu não entrava naquela casa, cuja eu passei a maior parte da minha vida morando com a minha avó.
- Oi - John disse ao abrir a porta.
- Oi... eu só vim pegar minhas coisas - eu disse meio sem jeito.
- Tudo bem... eu estava esperando que você viesse - ele disse dando espaço para que nós entrássemos - Esse é o seu namorado?
- N-não - eu disse corando - Ele é o meu amigo... licença - eu disse pegando a mão de Josh logo após ele cumprimentar John e o guiei até o meu antigo quarto.
Ao entrar no mesmo, fui atacada por memórias muito fortes, desde vovó lendo para mim, até o último dia que eu passei sentada naquela cama.
O quarto permanecia intacto da forma que eu havia deixado, eu mal percebi que Josh segurava algumas caixas de papelão, ele sempre pensava em tudo.
- Tudo bem? - ele perguntou, provavelmente após perceber meu estado.
Eu apenas concordei com a cabeça, mentindo não só pra ele, mas também para mim mesma, neste exato momento eu estava percebendo o quanto seria difícil deixar aquilo tudo pra trás.
- Então por que você tá chorando? - ele perguntou colocando as caixas no chão.
Desviei o olhar. Nem eu havia percebido que estava chorando, eu havia me prometido que não choraria mais, mas pelo visto meu próprio corpo estava me traindo.
- Eu tô bem - eu disse engolindo o choro e limpando as lágrimas, logo em seguida peguei uma caixa, que se encontrava dentro de outra idêntica, e comecei a colocar minhas coisas dentro dela.
- Sah...
- Eu já disse que tô bem - eu disse ainda lutando pra conter as lágrimas e colocando as coisas na caixa rapidamente.
Ao pegar um livro de histórias que vovó lia pra mim, encarei-o por uns instantes e apenas senti as lágrimas de escorrerem por meu rosto. Arremessei o livro que tinha em mãos, fazendo-o pousar no chão e uma folha de ofício dobrada cair do mesmo.
Josh por sua vez me olhou meio assustado e pegou a folha que se encontrava a centímetros de seu pé. Logo em seguida, andou até mim e me entregou a mesma.
Eu não tinha a reconhecido até que a abri, e analisei o desenho que nela estava.
Era um desenho que eu havia feito antes do acidente em que perdi meus pais. Ele retratava, na minha visão de criança, eu, papai e mamãe com um bebê no colo.
- Quem é esse bebê? - Josh perguntou.
- O meu irmão... - eu disse limpando minhas lágrimas.
- Você tinha um irmão?
- Eu ia ter... Ninguém sabia que minha mãe estava grávida, só eu e meu pai. Ela não teve tempo de contar, e antes de morrer pediu que o médico não contasse, e me pediu o mesmo...
- Você viu sua mãe?
Neguei com a cabeça.
- O médico veio conversar comigo e falou que ela havia pedido... - eu disse voltando a empacotar e o silêncio reinou.- Ela não estava lá hoje - expliquei para Alec - Acho que ela vai amanhã - me joguei na cama ao lado dele - Posso te fazer uma pergunta? - eu disse me virando de frente pra ele.
- Quantas quiser...
- Onde você fica quando não está comigo?
- Geralmente te espionando, principalmente quando toma banho - arregalei os olhos - Brincadeira... - ele riu - Eu não posso ficar invisível pra você... é como se eu ainda estivesse vivo. Respondendo sua pergunta... Geralmente eu fico rondando pela cidade, pego caronas em carros de gente que eu não conheço e fico ouvindo da vida deles...
- Pera aí... você não pode me espionar tomando banho porque eu te vejo, mas em compensação ninguém mais te vê, então você pode ver qualquer uma? - eu disse indignada e dei um tapa no ombro dele em repreensão.
- Não, não... - ele riu - Quer dizer, sim eu posso fazer isso, mas eu não faço. Não tenho necessidade de olhar mais ninguém.
- Ah, tá, sei - eu disse fingindo estar brava.
Ele por sua vez apenas riu e depositou beijos em meu rosto, fazendo um caminho de minha testa, passando pela ponta do nariz e finalizando em minha boca.
- Tô ansiosa pra ver o que a Crystal vai dizer... - eu falei sorrindo.
- É... - ele sorriu de lado e acariciou minha bochecha com o polegar.
- O que foi, amor? Não tá feliz?
Pude vê-lo abrir um sorriso lindo, consequentemente me fazendo prender minha respiração.
- Repete - ele disse se aproximando.
- Não tá feliz? - sorri me fazendo de desentendida.
- A outra coisa - ele se aproximou mais, já estávamos grudados - Antes disso.
- Amor? - sussurrei olhando em seus olhos.
- Amor - ele sorriu e me deu um selinho.
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The Last Step
RomansEu não sabia o que o meu destino me preparava, eu nem ao menos sabia porque o meu destino se encontrava tão ligado a um passado que eu desconhecia. Seria o amor assim tão forte a ponto de ultrapassar vidas? Em que momento o seu passado pode se torna...