Step Ten

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Eu não sou maluca.. não sou!
Eu brigava comigo mesma em pensamento enquanto andava pelo corredor da escola. A brincadeira havia se tornado tão séria que até meu professor me encaminhou para uma psicóloga, algo que eu achei extremamente desnecessário, eu iria amanhã vê-la, já que hoje ela não estava trabalhando, e já tinha em mente várias coisas que eu poderia usar como desculpa assim que a visse.
Eu estava indo em direção à um local que eu sabia que ninguém ia, precisava ficar sozinha, e lá era o local perfeito.
Sai da escola indo para o jardim dos fundo, que por sinal era enorme e bem florido, e fui em direção ao local mais afastado que ali havia, onde havia uma árvore enorme com uma casa que nem crianças gostavam de ir, acho que elas tinham medo por ela ser antiga, mas eu a achava super aconchegante.
Você deve estar se perguntando, por que eu não estou com Kate? Ok, eu respondo. Ela me disse que tinha umas coisas pra resolver, uma desculpa para fingir que já não tinha se enturmado com metade da escola.  Ela tinha muito mais facilidade nisso do que eu, talvez seja pelo fato de eu ser muito desconfiada com tudo, e eu não sei se isso é bom ou ruim, mas eu gosto do fato de ela ter amigos e de estar feliz por aqui. Ela recebe alguns telefonemas diariamente, algo que me leva a constatar que ela era muita amada em sua antiga cidade, não quero que ela fique mal por tê-la deixado.
Após subir as escadas em espiral, entrei na casa e fechei os olhos sentindo seu leve perfume amadeirado, fazia um tempo que eu não vinha aqui, sentia falta da sensação que essa casa me causava, e eu não sei porque ela era tão especial para mim.
Sentei-me no chão de madeira da mesma e só fechei meus olhos me deixando vagar em pensamentos, matar umas duas ou três aulas não ia me matar, talvez, já que estou quase repetindo de ano por causa de história, mas depois de tudo que me aconteceu eu merecia descansar um pouco.
Kate me disse pra ignorar todos que fizeram essa brincadeira de mau gosto, mas era bem difícil não lembrar disso, então me obriguei a lembrar de outras coisas.

•Flashback On•

- Papai!!! - eu gritava me debatendo e gargalhando enquanto ele fazia cócegas em mim.
Ele sorria largo e continuava as cócegas.
- Querido, pare com isso! Ela vai passar mal de tanto rir! - Mamãe pediu também rindo.
Papai então me soltou e deu um beijo em minha testa, e eu parei por uns segundos para recuperar o ar.
- Você sabe que eu só não faço isso com você porque não posso! Mas daqui a uns meses você vai ver só ! - papai disse rindo e indo até a mamãe, beijando sua testa e logo após selando seus lábios.
Me sentei no colo de papai e olhei pra mamãe. 
- Você tá crescendo - eu disse com uma gargalhada sapeca.
- Você tá se divertindo, né mocinha? - mamãe disse rindo e logo em seguida beijando minha bochecha.
- Eu amo vocês, tá bom? - papai disse beijando minha bochecha, a testa de mamãe e logo em seguida sua barriga que já estava de um tamanho considerável.
- Nós também te amamos papai! - eu disse sorrindo e beijando a bochecha dele - Quando o bebê nascer eu posso pegar ele no colo?
- Você quer ver logo seu irmãozinho meu amor? - mamãe disse sorrindo.
Concordei com a cabeça, estava doida para ver seu rostinho.
- Daqui a uns meses você vai vê-lo, e sim, você pode pegar ele no colo - mamãe riu. 

Flashback off•

Eu estava com vontade de chorar, estava com saudade de mamãe, papai e meu irmãozinho que nem tive a oportunidade de conhecer, mas engoli o choro e continuei de olhos fechados, eu tinha que me manter forte, você é o que acha que é, e no momento eu tinha que me achar forte o suficiente para aguentar a vontade de chorar. Respirei fundo e já estava novamente no controle de mim mesma.
- Podemos conversar?
Abri meus olhos assustada ao ouvir aquela voz, logo em seguida constatando o último ser que eu queria ver no momento, parado ali na minha frente, olhei no fundo de seus olhos e deixei que as palavras pulassem de meus lábios.
- Não.

The Last StepOnde histórias criam vida. Descubra agora