Step Eleven

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- Sarah, deixa eu te explicar por favor? - Coruja disse como se estivesse de saco cheio.
Levantei-me e o encarei.
- Eu fui encaminhada para uma psicóloga, metade da escola acha que eu sou maluca por causa de uma brincadeira ridícula,de seus amiguinhos ridículos e você... - ri sem humor recuperando o fôlego e a sanidade - Você acha mesmo que eu quero uma explicação ou qualquer outra coisa vinda de você?
- 1: Eles não são meus amigos! 2: Eu não fiz brincadeira nenhuma com você; 3: Você tem que me deixar explicar!
- Ah não, não fez nenhuma brincadeira comigo, você simplesmente ficou sem reação quando tomo mundo falou que você não existia e preferiu fingir que era verdade?
Ele fechou os olhos e suspirou fundo como se estivesse fazendo uma escolha.
- é ..- Ele sussurrou.
Suspirei fundo, aquela conversa estava se tornando demais pra mim.
Observei quando ele olhou para a casa da árvore em que estávamos e sua expressão era de aconchego, como se ele também gostasse de vir aqui, o que me levou a pensar como ele havia subido aqui sem fazer nenhum barulho, e nem mesmo abrir a portinha. Só o que me faltava, agora eu estava com um problema de atenção, de ouvir ou qualquer coisa que me incapacitasse de saber quando alguém está chegando, que ótimo! 
- Sarah, me desculpa.. eu não sabia o que fazer, eu nunca passei por isso na vida. 
Ao olhar em seus olhos eu enxerguei verdade, então abaixei a guarda e me sentei novamente no chão, vendo ele fazer a mesma coisa em seguida, sentando-se ao meu lado.
- Eu não tenho amigos na escola, não falo com ninguém, isso é uma prova de que não fiz nada pra te fazer mal.
- Tá bom, eu acredito em você.. - eu disse olhando pro nada.
- Quer que eu responda sua pergunta?
Olhei-o sem entender, eu não havia feito nenhuma pergunta.
- Quando você perguntou porque eu ficava te olhando...
- Ah... eu nem sei mais - disse dando de ombros e voltando meu olhar pro nada.
- É porque eu ... me identifiquei com você, você sempre tá no seu canto, sozinha, alheia à tudo ao seu redor... achei que pudesse ter o mesmo sentimento que eu.
- Solidão, abandono... como de a sua vida não fizesse nenhuma diferença... como se você fosse... invisível? - olhei-o.
Notei que assim que eu disse a última palavra ele contraiu o queixo e arrumou sua postura, respirando firme e logo soltando o ar.
- É... invisível.
-  Então nos sentimos da mesma forma.. - suspirei e olhei pro nada - Qual seu nome, Coruja?
- Coruja? - ele me olhou e franziu o cenho.
- É - ri e olhei pra ele, fazendo nossos olhares se encontrarem - Te coloquei esse apelido porque não sabia seu nome, e você sempre ficava me encarando, eu fiquei até com medo.
- Coruja... Gostei - ele disse rindo - Meu nome é Alec.. Alec Whitmore
- Nome bonito - sorri de lado.
- O seu também, Sarah Lightwood... - ele disse com um sorriso de lado.
- Como você sabe meu nome, hein? Nunca havíamos nos falado!
- Eu dei meu jeito... - ele disse com um sorriso sapeca.
- Entendi, sabe-tudo - eu disse rindo e pegando meu caderno de história.
- Tá matando o tempo de inglês pra poder estudar história? - Ele me perguntou, provavelmente confuso.
- Eu estou quase repetindo por causa de história, só vou conseguir passa se acontecer um milagre.
- Deixa eu dar uma olhada - ele disse pegando o livro da minha mão, e ao fazê-lo pareceu surpreso - É essa matéria? - ele me olhou.
- É.. e eu não sei nada.
- Pois eu sei tudo - ele disse olhando atentamente para o livro - Se quiser posso te ajudar, como forma de... me desculpar - ele sorriu de lado sem mostrar os dentes e me olhou.
- Pode ser - eu disse pegando meu livro de volta e ouvindo o sinal tocar. 
- Na sua casa? - ele disse.
- Que coisa feia! Se auto-convidando - Eu disse rindo e me levantando, sendo acompanhada por Alec.
- Só tô tentando te ajudar, marrentinha - ele disse rindo.
- Não sou marrenta!
- Jamais .. - ele disse irônico indo em direção a escada.
- Disse o garoto que me conhece a 50 minutos - eu disse encostando minhas costas na parede e o olhando.
- Amanhã me encontra aqui depois da aula... Eu te conheço a mais tempo do que você  imagina, Sarah. - ele sorriu uma última vez e desceu as escadas.

The Last StepOnde histórias criam vida. Descubra agora