Step Twenty One

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Acordei me sentindo um caco, tanto por dentro quanto por fora. Eu podia sentir cada osso em meu corpo. Meus pensamentos estavam tão bagunçados quanto minha vida, e olha que não estou exagerando em nenhum dos dois lados.
Ao levantar fui fazer minhas higienes e liguei para Kate.

- Fala comigo.. - ela disse com uma voz sonolenta.
- Oi... vai ir pra escola hoje?
- Você não? - ela bocejou.
- Vou direto para o hospital...
- Ata, então eu vou com você. Como você tá?
- Ótima e você? - disse arrumando minha bolsa.
- Você chorou ontem?
- Não - suspirei - Não vou chorar por isso, não tem motivo - Fechei o zíper da bolsa.
- Você acha que estar apaixonada por um garoto que só você vê e que mentiu pra você enquanto sua avó está no hospital não é um bom motivo pra chorar?
- Você não tá ajudando.
- Desculpa... Passo aí pra te pegar em 10 minutos.
- Tá. Beijo - disse e desliguei.

Olhei pro notebook e lembrei da matéria que eu havia lido. Isso era muito, muito confuso. Ele poderia ser... um fantasma, sei lá, mas se fosse, por que só eu podia vê-lo?
Peguei meu celular e salvei o número de Josh, coisa que eu não havia feito no dia anterior. Eu não fazia a mínima ideia de que ele era policial, ele era tão jovem, achei que demorasse mais tempo para eles se formarem, sei lá...
Ouvi uma buzina e saí de casa logo entrando no carro.
Passamos trajeto em silêncio. Assim que chegamos, fomos ao encontro de tio Chris e John.
- O que estão fazendo aqui? Vocês têm aula! Vão pra escola agora!
Olhei no fundo dos olhos dele.
- Eu não vou a lugar nenhum - disse calmamente e sentei-me na cadeira da área de espera.
- Sarah, eu sei que você quer ficar com sua avó, mas você precisa ir estudar - ele olhou pra Kate - E você também! Já pro colégio - ele me olhou - As duas.
- Eu. Não. Vou. A. Lugar. Nenhum. - eu respondi pausadamente.
- Sarah não me aborrece. Eu to mandando!
Ri. Pois é, eu simplesmente ri. Quando meus pais morreram ele foi o primeiro a montar as malas, pegar sua família, e meter o pé do Canadá, me deixando assim, com a minha avó.
Ele simplesmente esqueceu que eu existia. Eu só via a Kate por que quando ela ganhou mais idade veio me visitar, coisa que ele nunca se atreveu a fazer. Quem ele era pra mandar em mim?
- Do que você tá rindo? Sarah, agora! Vai pra escola.
Me levantei e andei até ele.
- Você pode mandar a Kate fazer o que você quiser. Pode fazer suas malas e fugir de quem restou da sua família. Pode tirar a Kate de perto de mim e obrigar ela a viver em um outro país. Porém, tem uma coisinha que você não pode fazer - eu disse levantando um dedo - mandar em mim - voltei ao meu assento e todos ficaram me olhando de um jeito abobalhado.
Uns segundos depois de processar ele respondeu.
- Faz o que quiser então. Kate, vai.
Kate me olhou e eu sorri de lado pra ela, ela suapirou e obedeceu o pai dela.

Ficamos esperando em silêncio e o médico apareceu.
- Família da Senhora Taliah Lightwood?
- Sim.. - John respondeu.
- Bem... fizemos uns exames, os resultados sairão amanhã pela tarde. Ela já está acordada. Alguém quer vê-la?
- Eu quero - eu disse.
- Me acompanhe, por favor..
Fiz o que ele mandou e encontrei vovó deitada em uma maca. Sorri ao vê-la. Sentei-me ao seu lado.
- Vovó... - peguei sua mão.
- Querida... como você tá?
- Eu tô bem - sorri de lado - E a senhora?
- Me sinto mal... muito mal..
Senti as palavras me atingirem como uma facada.
Ver vovó naquele estado me machucava muito, e saber que ela sentia dor, acabava comigo.
- O que a senhora sente? - contive a vontade de chorar.
- Tudo dói... querida eu quero ser franca com você... eu.. acho que estou morrendo...
- O que? Vovó, nem brinca com isso. Vai ficar tudo bem. Eles fizeram uns exames e os resultados saem amanhã de tarde.
- Mas eu já sinto querida - ela suspirou - Você não vai entender... Quando a gente tem uma certa idade... sabe quando é a hora de ir embora.
- Vovó... - senti meu olhos lacrimejarem, mas contive - Não diz isso. Você tem que ficar aqui comigo... nada vai acontecer.. eu prometo.
- Não prometa algo que você não tem controle querida. Saiba que eu amo você tá?
- Eu também vovó - beijei sua testa - Preciso ir... eles também querem te ver.
- Sarah...
- Oi.. - olhei pra ela.
- Vai pra casa. Por favor.
- Mas vovó... eu...
- Vai... Por favor.
- Ok.. eu vou voltar amanhã então ok?
Ela concordou.

Assim que cheguei em casa, liguei o ar e me joguei na cama, passei quase a noite toda em claro sem conseguir dormir, o que tinha acabado comigo. Não tanto quanto as palavras de vovó. Não entendi o porquê delas, mas elas me machucaram.
Ouvi batidas na porta. Então quer dizer que Kate não obedeceu o papai né. Que feio...
- Já vou - bocejei e fui até a porta, quando abri arregalei os olhos.
- Sarah...
- Sai daqui - gritei e fechei a porta com força quando Alec deu um passo pra frente, mas ao invés dela barrar ele, ele simplesmente atravessou ela.
Gritei de medo.
- SAI DAQUI! - comecei a jogar tudo que via pela frente encima dele, mas as coisas simplesmente o ultrapassavam.
- Sarah eu não sou seu inimigo - ele pegou meus braços para eu parar de jogar coisas nele, comecei a socar seu peito - Sarah! - Ele gritou.
Parei de me mexer ofegante.
- Sai daqui - eu disse com medo - Me deixa em paz!
- Você... tá.. tá com medo de mim? - ele me soltou parecendo abalado.
- Como você quer que eu não tenha medo Alec? Você tá morto!!
- Como você sabe? - ele me olhou.
Abri o notebook e mostrei pra ele. Ele me olhou por uns segundos.
- Por que eu consigo te ver, interagir com você como se estivesse vivo? - perguntei colocando o notebook de lado.
- Eu não sei... não era pra você conseguir me ver...
- Como você sabia meu nome? Você me seguia? Por que você me seguia? Por que mentiu pra mim? Alec por quê?
- Eu... não podia te contar a verdade, você nunca teria se aproximado... - ele me olhou.
- Você não tinha esse direito! Você ficava me olhando na escola! Sabia que eu ia tirar satisfação...
- Eu não sabia que você podia me ver...
- Por que me olhava então?
Ele ficou meio minuto em silêncio.
- Por que eu te achava linda.
Olhei pro lado e engoli em seco.
Eu não sei o que estava acontecendo comigo, eu realmente gostava daquele garoto, mas eu não sabia por quê... eu sentia falta dos seus beijos. Sentia falta de tudo. De como eu me sentia feliz com ele.
- Quantos anos você tem? - olhei pra ele.
- 18... - ele respondeu.
- A quanto tempo?
- 109 anos.. - ele olhou pra baixo.
- Por que se interessou por mim? E a sua noiva?
- Ela foi o meu primeiro amor.. e o meu segundo também - ele me olhou.
- Como assim?
- Esquece... - ele andou até mim - Se você não quiser ter mais nada comigo... não tem problema... eu só quero que você me perdoe... saiba que eu sempre vou estar aqui. Eu gosto muito de você Sarah.
- Eu também gosto muito de você, e isso não deveria acontecer. Eu não sei se consigo ficar com você...
- Sem problemas... - ele suspirou - mas me perdoa?
Assenti com a cabeça e o abracei, ele envolveu suas mãos em minha cintura, apertei-o. Eu gostava demais dele, mas... era impossível ficarmos juntos, por mais que eu quisesse muito. Olhei em seus olhos com a respiração ofegante, nossos lábios estavam incrivelmente perto.
- Então a gente nunca mais vai se beijar?
- Não - eu disse ofegante sem nenhuma convicção.
- Nunca mais? - ele disse olhando pros meus lábios.
- Nunquinha... - eu disse olhando pros lábios dele.
- Nunquinha... - ele concordou.
Beijei-o. Tá... eu não deveria ter feito isso, mas não aguentei, e pelo visto nem ele.
Quebrei o beijo.
- Isso não tá certo. Eu preciso te esquecer.
- Deixa pra amanhã?
- Pra amanhã! - concordei e voltei a beija-lo.

The Last StepOnde histórias criam vida. Descubra agora