Step Twenty Four

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- Sarah, que bom vê-la aqui novamente - senhora Lawrence fechou a porta atrás de si - Vejo que seguiu meu conselho em voltar. 
- Na verdade... eu preciso da sua ajuda, senhora Lawrence...
- Me chame só de Crystal.. - ela disse.
Eu não sabia que o nome dela era Crystal, nunca nem havia imaginado.
- Como posso te ajudar? - ela fez sinal para que eu me sentasse, e eu o fiz.
- Eu... estou com um probleminha - olhei de relance para Alec que se encontrava ao meu lado.
- Com o que... com aquela história do corredor?
- Mais ou menos...
- Continua vendo o rapaz?
- Sim... você acredita em mim?
Ela deu um risinho.
- Sarah eu sou médium, vejo fantasmas o tempo todo. Inclusive o seu amiguinho aí do seu lado.
Arregalei os olhos, então era verdade. Pelo menos eu não era a única louca aqui.
- Eu preciso de ajuda porque não sei como consigo vê-lo... Minha avó está quase morrendo e eu quero saber o que eu posso fazer pra vê-la também.
- Espera aí! Quer dizer que você só vê ele? - Ela perguntou espantada.
- Sim, só o Alec... por que?
- Meu Deus! - ela disse espantada e levantou se - Alec levanta, vem cá - ela disse.
Alec por sua vez, ainda assustado se levantou e foi até ela. Ela pegou a mão dele e logo após pegou a minha, colocou-as lado a lado e analisou atentamente. Segundos após sua expressão se tornou surpresa novamente. Logo após ela soltou nossas mãos.
- Sarah... você está em uma situação raríssima. A chance de isso acontecer é uma em 1 milhão.
- Como assim? - eu disse sem entender.
- Você só vê o Alec por que está ligada à ele... Mesmo assim para que isso acontecesse, precisa ser uma ligação muito forte, de amor ou até mesmo ódio. Você já conhecia o Alec antes de ver ele.
Alec pareceu enrijecer ao meu lado, sua expressão era de tensão e surpresa.
- Como assim? Eu nunca vi o Alec na minha vida.
- Não nessa vida... - ela olhou pro Alec.
Alec me olhou e logo após olhou pra Crystal.
- O Alec como você morreu? - Crystal perguntou.
- Ele estava saindo com a Noiva dele e levou um tiro em uma tentativa de assalto... mas Crystal, não tem chance de eu ver a minha avó?
- É bem difícil... acho meio impossível isso acontecer de novo... pelo menos com você
Alec permanecia calado, perplexo.
Suspirei... apenas havia a mínima chance, e eu tinha que me agarrar a ela.
- Alec... na vida passada... quem a Sarah era? - Crystal questionou.
Eu também queria saber, mas assim que ele ia falar, meu telefone tocou, e eu o atendi.

Sai do elevador. Apenas as falhas batidas do meu fraco e inútil coração ecoavam em meus tímpanos.
A perda é algo que muda você, muda todos a sua volta, muda tudo, mas a perda... A perda nunca muda. A perda sempre vai instalar um vazio onde deveria haver você, seus princípios, seus valores, seus desejos, seus medos... Tudo que te torna você.
Mas a perda, ela te torna ninguém, ela te tira até mesmo o ar que você respira, tira teu chão, tua esperança. E se sobrar mais alguma coisa, você também perde.

Tio Chris me olhou, também chorando. Aquilo também significava muito pra ele... significava muito pra todos nós.
Após aquele telefonema... a primeira coisa que eu pensei foi: Eu não tenho mais família.
Vovó era minha única família, e agora ela havia partido.
A verdade é que eu estava sozinha, mais sozinha do que nunca.

Entrei mesmo sem autorização onde vovó se encontrava. Aquela era uma área restrita, eu sabia disso. Eu estava rodeada por corpos, mas isso não significava nada. Ela estava ali na minha frente, ela estava pálida, estava fria. Ela não respirava. E a minha respiração estava ficando dificultada por conta dos meus soluços.
E a única coisa que eu conseguia ver era seu corpo, seu corpo já sem pulsação, sem vida, sem as suas risadas, sem seu consolo, sem seu carinho, sem a minha segunda mãe ali presente.
Peguei sua mão.
- Vovó - eu disse em meio às lágrimas - Me desculpa... me desculpa por tudo... Eu não tenho mais a senhora... e agora eu... eu não tenho mais ninguém... Vovó... - parei de falar por não conseguir, eu mau podia respirar.
- A Senhorita precisa sair daqui - um segurança disse mas eu não respondi.
Continuei parada no mesmo lugar, chorando, sem saber o que fazer, sem ao menos parar para respirar.
- Senhorita saia daí agora! - ele andou até mim e fez menção em segurar meu braço, mas uma mão segurou a dele, a mão de Alec.
Me levantei, olhei para o guarda que olhava confuso para a própria mão e sai daquele lugar.

Ao chegar em casa, me tranquei no quarto, tudo estava diferente, e eu ainda não havia parado de chorar.
Me deparei com Alec na minha frente e simplesmente o abracei, Crystal estava certa, aquilo nunca mais ia acontecer comigo de novo, e eu tinha que aceitar o fato de que vovó não estava mais comigo.

The Last StepOnde histórias criam vida. Descubra agora