íris - A ligação

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Duas semanas depois de estar de volta, a vida começava a entrar nos eixos novamente. Ou pelo menos estava o mais normal que poderia estar, contando com as noites em que eu sentia falta de braços fortes me abraçando ou que sonhava com palavras sussurradas em meu ouvido. Mas eu não ia jogar a toalha assim tão fácil, eu passei anos tentando me livrar do sentimentos do Gael por mim e do que eu mesma sentia por ele, e não era por uma recaída no meio do caminho que eu ia desistir.

A faculdade recomeçaria em pouco mais de uma semana então eu aproveitava para colocar as coisas em ordem no meu apartamento e estudar algumas coisas que me ajudariam com as disciplinas novas. Sim, a minha liberdade não era lá essas coisas, mas ainda assim era minha.

Eu tinha algumas amigas, mas andava evitando sair pois mesmo não estando com o Gael, o fato de não termos tido um término muito esclarecido fazia com que eu me sentisse desconfortável, e havia a falta de vontade de sair em si, que fazia com que o meu desejo de ficar na cama fosse maior que qualquer outro. Mas quando Cris me ligou mais cedo, exigindo que eu a acompanhasse em uma festa de uma outra amiga nossa eu não pude recusar, na verdade eu não quis recusar, por mais que não tivesse muita vontade de ir a qualquer lugar, eu precisava seguir em frente.

A festa era na casa de uma amiga que fizemos em uma das aulas no semestre passado. Não éramos muito chegadas, mas sendo muito rica e comunicativa como Nick era, toda a faculdade estaria nessa festa. Chegamos por volta das 23h, um pouco tarde graças a mega produção para festas feita por Cris, e fomos recebidas por uma Nick já bastante animada, aliás, ela não era a única. Uma rápida olhada em volta e podíamos ver que a grande maioria dos convidados já se encontrava em um nível alcoólico um tanto alto.

Fomos para a parte de trás dá casa, uma grande área coberta com uma piscina próxima, algumas mesas de jogos, piscina e churrasqueira, onde a maior parte dá festa parecia estar acontecendo e começamos a socializar com alguns conhecidos que encontramos por lá. Não demorou muito e Cris saiu enrolada nos braços de Daniel, um carinha com quem ela saia bastante nos últimos tempos, o que fez com que eu ficasse sozinha com um grupo de amigos que logo se dispersou, então eu fui andando na direção de um pequeno bar, onde haviam algumas cadeiras meio esquecidas, onde eu poderia sentar e esperar um pouco até poder ir embora sem parecer tão patética.

Quase chegando ao meu destino e sinto quando um par de braços me seguram pela cintura me puxando para um abraço bastante desconfortável, pois aqueles definitivamente não eram os braços que eu queria ter em volta de mim.

- Oi Princesa! Finalmente eu consigo te encontrar fora dá sala de aula!!! - esse era o Marcos, um colega de uma das minhas aulas que sempre foi um pouco carinhoso demais comigo. Nós ficamos umas duas vezes a um tempo atrás, mas foram apenas uns poucos beijos, eu não permiti que passasse disso, e logo depois vieram as provas e tudo mais, e por mais que ele me convidasse pra sair, eu nunca tinha tempo ou estava disposta pra isso.

- Oi Marcos. Como você está? - eu pergunto, me desvencilhando de seus braços e pondo alguma distância entre nós, por mais que uma de suas mãos continuasse apoiada em minha cintura sem me permitir ir muito longe.

- Bem. Você está linda princesa... Eu estava louco pra te encontrar de novo...- ele diz tentando aproximar sua boca dá minha, mas eu desvio. Por mais que ele fosse lindo e beijasse realmente bem, eu não me sentia confortável saindo com outra pessoa por enquanto, meu coração estava muito longe dali.

- Você está fugindo de mim princesa? - ele pergunta quando percebe meu desvio, e nesse momento meu celular começa a tocar, me dando a desculpa perfeita.

- Desculpa Marcos, eu realmente preciso atender essa ligação.- eu digo já me afastando dele e saindo de perto rapidamente enquanto olho no visor do celular e atendo, mesmo sabendo que não devia fazer isso.

- Oi meu amor que bom que você finalmente atendeu!- fala o Gael do outro lado do linha. - Onde você está Íris? - ele pergunta parecendo bastante irritado ao perceber a música e o barulho dá festa ao fundo.

Eu não devia ter atendido essa ligação, ele tem me ligado todos os dias e mandado várias mensagens desde que eu fugi novamente, mas eu nunca atendo ou respondi até agora, e eu realmente não sei o que me levou a atender nesse momento.

- Oi Gael... Eu estou na festa de uma amiga, mas isso não é dá sua maldita conta!! - eu falo também bastante irritada e muito tentada a desligar na cara dele, mas eu não consigo. Eu também sinto saudades, muito mais do que eu quero admitir.

- Tudo que diz respeito a você é dá minha maldita conta! - ele diz com raiva - E se algum cara encostar um dedo em você, eu mato!

- Você é maluco Gael! E encosta em mim quem eu quiser que encoste! Você não tem nada com isso! - eu falo quase gritando com ele no telefone.

- Porra Íris, eu estou a dias te ligando e você nunca atende o telefone, e resolve atender justamente quando está em uma festa rodeada por caras querendo o que é meu? - ele grita de volta- Isso é algum tipo de tortura pelo que eu fiz?

- Eu não sei porque eu atendi a ligação, tá bom?! Eu agi sem pensar! Eu só... - eu digo sem conseguir terminar a frase, mas ele com certeza sabe o que eu não consigo dizer.

- Eu também estou com saudades amor... - ele fala mudando completamente de tom. - Eu não consigo parar de pensar em você, no seu cheiro, no seu gosto... Eu quero você Íris! Eu quero me enterrar dentro de você e não sair nunca mais... Por favor amor... - ele suplica, me deixando louca como sempre faz.

- Para com isso... - eu respondo quase sem voz.

- Só diz que também me ama? Diz que também está tão louca de saudades de mim que não consegue dormir a noite. Diz que ainda me quer, amor... - ele fala como se estivesse sofrendo, e eu sei que está, assim como eu mesma também estou, mas eu não posso me deixar levar.

- Eu te amo... Mas isso não muda nada. - eu respondo.

- Isso muda tudo, amor! Eu estou enlouquecendo aqui longe de você, sabia? E eu sei que você também está. Eu sonho com você nos meus braços, penso no seu corpo, nos gemidos que você solta quando fazemos amor... Eu não consigo pensar em mais nada o dia todo. - ele fala, me deixando quente em todos os lugares.

- Para Gael... Por favor... - eu suplico.

- Eu sei que você também pensa em mim, que também me deseja, que fica lembrando do quão bom é quando eu te faço gozar... Não adianta mentir amor... Mesmo pelo telefone eu consigo sentir o seu desejo.

- Gael... - eu tento ser dura com ele, mas o som que sai dá minha boca mais parece um gemido rouco.

- Eu te amo Íris! Você é minha! Vai embora dessa festa agora, por favor... Em breve eu vou te ter em meus braços novamente, e você nunca mais vai conseguir fugir de mim! Até logo, amor... - ele fala e desliga sem me dar a chance de responder. E por mais que me doa admitir isso, eu fico ansiosa pra estar em seus braços outra vez, mesmo sabendo que eu não posso, eu não consigo evitar.

Depois de falar com ele e do quanto ele me deixou mexida, tudo que eu consigo fazer e mandar uma mensagem pra Cris avisando que eu estava indo, e acabo fazendo exatamente o que ele me pediu, entro num táxi e volto pra casa. Com apenas uma ligação ele conseguiu dominar a minha mente mais uma vez, mais um motivo pra continuar fugindo dele e principalmente do desejo que eu sinto de ser realmente sua como ele tanto quer.

A cura di amore #Wattys 2017Onde histórias criam vida. Descubra agora