Íris - Grazie

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O vôo durou uma eternidade, mas eu tive bastante tempo para acalmar meu coração e minha mente, ou pelo menos pra me convencer de que eu podia fazer isso. Porém, assim que sai do avião fui invadida por uma sensação boa de que aquele era o lugar onde eu realmente deveria estar, de alguma forma parecia que meu coração tinha se encontra de um modo que ele só havia feito uma vez antes, quando eu estava com o Gael. Então isso era algo positivo, sinal que eu já estava começando a superar, ou talvez sinal de que eu poderia recomeçar longe dele, finalmente meu coração estava começando a aceitar que não podíamos ficar juntos. Era o que eu mais queria, não era???

Saio do avião com o peito mais aliviado do que já esteve em dias, e caminho distraidamente em direção a pista de bagagens. Depois de estar com todas as minhas coisas, caminho em direção a saída e me deparo com um cara muito lindo, forte, alto, cabelos castanhos bem claros, quase loiros, vestindo uma bermuda escura e é uma camisa polo branca, com óculos escuros cobrindo parcialmente seu belo o rosto, segurando uma placa com meu nome, finalmente o destino estava a meu favor!

- Viso, Bella! ( Oi, linda!) - ele me cumprimenta​, abrindo um magnífico sorriso, e eu imediatamente me sinto grata pelas várias vezes em que o Gael me ensinava italiano quando eramos crianças.

- Ciao! Io sono Iris. Tu dovrebbe essere Fabrizio? ( Oi! Eu sou a Íris. Você deve ser o Fabrízio?)- eu pergunto num italiano não muito bom, mas ele parece entender, para minha sorte.

- Si, si... Sono io. Piacere di conoscerti, come è stato il viaggio? ( Sim, sim... Sou eu. Prazer em te conhecer, como foi a viagem? - ele fala um pouco rápido demais e eu levo um tempo pra entender, espero que ele não pense que eu sou retardada!

- È il mio piacere di conoscerti! Il viaggio è stato molto bene, grazie! ( O prazer é meu em te conhecer! A viagem foi muito bem, obrigada!) - respondo devagar, rezando pra ele não estender mais a conversa, não sei muitas coisas mais.

- Tu dovrebbe essere stanca! Ansiamos a casa, si?! (Você deve estar cansada! Vamos para casa, sim?!)

- Si, si, ansiamos per favore! ( Sim, sim, vamos por favor! ) Eu respondo agradecida.

O caminho para casa leva um tempo um pouco longo, mas eu não sei ao certo dizer quanto. Fabrizio me explica que a casa fica um pouco afastada do centro, em uma área um pouco mais rural e menos movimentada, mas que eu não me preocupasse pois eu teria como ir para a faculdade todos os dias sem problemas, ou pelo menos eu acho que foi isso que ele falou.

Durante o caminho ele vai me apontando pra várias coisas, casas, fontes, igrejas, lojas, e vai me dando explicações de tudo, mas eu não entendo metade do que ele fala, tento parecer interessada, mas depois de um tempo simplesmente me perco na paisagem maravilhosa a minha frente e esqueço um pouco de tudo.

Fabrício parece perceber o meu momento e para de tentar falar comigo também, liga o rádio do carro e uma música italiana começa a tocar, e eu presto atenção na letra e consigo até mesmo entender algumas partes.

Grazie
Per ogni singolo momento nostro
Per ogni gesto il più nascosto
Ogni promessa ogni parola scritta
(...)

Per ogni giorno ed ogni notte
Per ogni sogno ed ogni risveglio
Non può finire
Perché davvero ti conosco
E mi conosci ancora meglio
Non può finire

Obrigado
Por cada único momento nosso
Por cada gesto até o mais escondido
Cada promessa, cada palavra escrita
(...)
Por cada dia e cada noite
Por cada sonho e cada novo despertar
Não pode terminar
Porque de verdade te conheço
E me conheces ainda melhor
Não pode terminar
( Grazie - Zero Assoluto)

Assim que a música acaba, e deixo as partes dela que consegui entender entrarem no meu coração, começo a pensar nele e em tudo que vivemos até agora, temos muita bagagem juntos. Não sei como descrever ao certo o que eu sinto, eu sei que o amo, muito mais do que eu quero realmente admitir, mas ao mesmo tempo, essa sensação de inevitável, como se eu estivesse destinada pra ele, e que não houvesse nada para mudar isso, me assusta tremendamente. Eu não consigo ver se o que ele sente por mim é real, eu sei que ele me ama, mas quanto desse amor é movido apenas pela sua doença? Eu sempre acreditei que o amor deveria ser libertador, livre, mas eu sei que uma parte do Gael me quer pressa, atada em suas mãos, e eu definitivamente não quero isso. Quero que ele me ame pelo que eu realmente sou e não por uma ideia que a sua loucura formou de mim. Sem falar que eu não sei se quero esse tipo de compromisso agora, e a responsabilidade que vem com ele. Eu sou muito nova, quero viver, viajar, conhecer coisas novas, me divertir e ter muitos amigos, não quero estar presa. Não se trata de outros caras, até porque, minha mente e meu corpo não reagem a mais ninguém como reagem a ele, se trata de mim mesma, mas eu sei que ele não consegue ver isso.

Fico tão perdida em meus pensamentos que quase não vejo quando Fabrizio para o carro. Estamos em frente a uma bela casa em estilo rústico. Ela é tão grande que mais parece uma mansão antiga. Quando olho em volta, percebo que não se trata apenas de uma casa, mas de uma propriedade, com plantações e algumas construções no entorno, é tão grande que não consigo dimensionar. Isso é estranho, muito na verdade. Com certeza eu não deveria ficar hospedado em um lugar como esse. Me viro para questionar Fabrizio sobre isso, mas vejo que ele simplesmente colocou minhas malas fora dá mala e já está no banco do motorista ligando o carro novamente.

- Fabrizio!!!! - eu grito tentando chamá-lo, mas ele já está acelerando e dirigindo em direção a uma estradinha que leva ao portão por onde entramos.

- Ciao Bella!!!! - é tudo que o ouço gritar de dentro do carro.

Olho em volta e vejo que estou completamente sozinha, e antes que o medo tome conta completamente de mim, percebo que a porta de entrada dá casa está sendo aberta. Mesmo que minha vontade seja me virar e correr em direção ao carro que já se distanciava, alguma coisa faz com que eu permaneça parada, pressa ao chão a espera de quem quer que esteja abrindo a porta, que com certeza está em câmera lenta.

De repente a porta é aberta completamente e eu o vejo. Minha boca se abre contra a minha vontade, como se eu quisesse dizer alguma coisa, mas não sai nada, talvez por que não sei se quero xingá- lo ou beija- lo, tudo que consigo fazer é apenas olhar pra ele, tentando descobrir se estou em um sonho ou em um pesadelo.

Ele anda rapidamente em minha direção, e ainda assim eu continuo como uma estátua, simplesmente acho que perdi a minha capacidade de fazer qualquer movimento, tudo que meu cérebro fica repetindo é: "é ele! É ele!", essa frase batuca em minha mente no mesmo ritmo das batidas do meu coração.

Ele percorre os últimos passos e de repente está na minha frente, com seus olhos perfurando os meus intensamente. Eu estou perdida em seus olhos, quando ele avança sobre mim e toma meus lábios com voracidade, e então eu fico também perdida em seus lábios enquanto o seu fogo me consome, e agora eu não consigo decidir se estou no céu ou no inferno.

Oi leitores amados! Obrigada a todos pelos muitos votos que tenho recebido! Esse capítulo é em homenagem a todos vocês que tem me incentivado tanto! Desculpem a demora também, tirei um tempo para pensar um pouco na história e decidir os próximos passos, até que fiquei satisfeita com minhas ideias. Espero que vocês gostem bastante, e se tiverem alguma dúvida ou sugestão, me mandem, vou ficar muito feliz em receber! Bjks a todos vcs!!!

A cura di amore #Wattys 2017Onde histórias criam vida. Descubra agora