A cura di amore #Wattys 2017

Íris- Meu

A família do Gael era perfeita, e era também tudo que eu sempre sonhei pra mim. Tendo vivido praticamente toda a minha vida sozinha com minha mãe, ter uma família grande, amorosa e escandalosa era quase um sonho de infância. Ajudava também o fato de todos me tratarem como se eu fosse parte da família, alguns até mesmos falavam comigo com tanta intimidade que pareciam me conhecer a anos. Eu estava amando! E por mais que eu estivesse relutante em admitir, eu conseguia ver como minha vida seria, comigo casada com o Gael, e nossos filhos sendo criados em um meio tão cheio de amor e cumplicidade como esse. Meu Deus!!! Eu já estava até mesmo pensando em filhos!!!!! Eu devo estar ficando completamente louca.

As primas do Gael tinham na maioria a nossa idade, e eram muito agradáveis, ao contrário daquela vaca dá Marcella. Elas eram muitas também, de modo que eu não conseguia gravar o nome de todas. Elas me arrastavam para todos os cantos dá propriedade, me mostrando tudo, o que era muito legal dá parte delas, uma vez que era tudo muito bonito, mas por outro lado me deixou com pouco tempo para ficar com o Gael. Além de uns poucos beijos roubados, nós quase não tivemos a chance de estar juntos.

Em mais um de nossos passeios pela propriedade, elas me levaram a um grande jardim que ficava na parte de traz dá casa principal, o lugar era incrivelmente belo, tanto que cheguei a ficar boquiaberta. Depois de um tempo ali as meninas quiseram voltar para casa, eu deixei que elas fossem e prometi que as entraria em breve, mas primeiro eu precisava tirar mais algumas fotos daquele jardim lindo pra mandar pra Júlia, minha melhor amiga.

Estava distraída pensando na Júlia é no quanto estava com saudades dela, que não notei que outra pessoa se aproximava até que ouvi sua voz.

- Ciao! (Oi) - ela disse secamente.

- Ciao Marcella. - eu respondi confusa enquanto ela me encarava. - Você precisa de alguma coisa?

- Si, si. Ho bisogno di parlare con te. (Eu preciso falar com você) - ela respondeu rapidamente.

- Va bene... (Tudo bem). - respondi incerta sem nem ao menos saber se conseguiria entender o que ela queria me falar. Ela pareceu perceber isso.

- Io parlo um pouco dá sua língua também, no me piace (não gosto), mas vou tentar pra que você possa me entender. - eu assenti em concordância para que ela continuasse. - Io... Eu só quero que você saiba que tenho uma história com o Gael, e que vou lutar por ele. Eu sei que vocês namoraram primeiro, mas você terminou com ele na adolescência, deixou ele infeliz, deprimido... Ele estava quase louco quando suo padre o trouxe pra cá, e fui eu quem ajudei, eu o tirei dá lama, e por mais que seu fantasma ainda estivesse lá, nós tivemos um romance lindo. Ele foi meu primeiro e eu fui sua primeira mulher, e nós mantivemos isso até hoje. Então não é porque agora você viu como o Gael é perfeito que você vai tirar ele de mim. Eu não vou deixar.

- Eu acho que isso quem tem que decidir é o Gael, certo? - eu disse tentando não parecer afetada, mas sem muito sucesso, essa vaca conseguiu exatamente o que queria.

- Você nem gosta dele de verdade! Ele quer te dar o mundo e você fica aí esnobando ele, como se não fosse bom o suficiente pra você!- ela jogou essas palavras na minha cara, e acertou em cheio, como um tapa.

- Isso não é verdade... - eu tentei dizer, pois eu gostava dele, e muito, mas será que eu realmente não estava dando valor ao que ele tinha pra me oferecer?

- Você não consegue nem mentir pra si mesma... Ele merece coisa muito melhor que você. - ela disse com desdém.

- Mas é a mim que ele quer! - eu joguei na cara dela, eu não podia engolir isso calada. - É do meu lado que ele quer dormir, sou eu quem​ ele ama! E ao contrário do que você pensa, eu também o amo demais, é o nosso relacionamento não é dá sua conta!

- Eu estou te dando um aviso... - ela disse vindo em minha direção mais eu a cortei.

- Quem te aviso agora sou eu! O Gael é meu! Meu homem! E acho bom que você fique bem longe dele! - eu disse com tanta raiva que surpreendi a mim mesma, mas serviu para assustar a vaca, e quando ela recusou eu me virei e sai de lá, deixando a sozinha.

Eu não sabia o que pensar, e eu nunca tinha agido assim tão possessiva sobre o Gael antes, eu estava me sentindo como ele, eu estava vendo um lado meu que eu não admitia que tinha. Mas também, aquela mulherzinha me tirou do sério, querendo tomar o meu homem, dizendo que foi a primeira dele... A primeira vez dele foi com essa vaca.... Como ele pode? Ele infernizou a minha vida no colégio, não deixou que nenhum cara se aproximasse de mim, enquanto pelas minhas costas fazia sexo com ela.

Eu estava tomada pela raiva quando o vi vindo em minha direção, eu não ia falar com ele agora, eu estava revoltada, então me esquivei, assim como fiz durante todo o restante do dia. Tentei ficar o máximo possível longe dele, mesmo no carro voltando pra casa, eu sentei na maior distância que consegui.

Quando chegamos, saltei do carro furiosa e fui direto para o quarto. Entrei no closet e fiz uma pequena mala com todas as coisas que eu ia precisar. Quando sai, ele estava parado em pé na porta do quarto.

- Onde você pensa que vai Íris? - ele perguntou friamente.

- Eu vou dormir no meu antigo quarto. - eu respondi sem me deixar intimidar.

- Não você não vai. Nós vamos dormir juntos na nossa cama. - ele respondeu como se o que eu falei não tivesse a menor importância.

- Você não pode mandar em mim Gael! - eu gritei com ele.

- Eu posso e eu vou! Você não vai fugir de mim por algo que eu nem sei o que é...- ele disse me enfrentando e vindo na minha direção.

- Você dormiu com ela Gael! - eu gritei pra ele.

- Eu dormi, não vou negar isso. - ele obviamente já sabia do que eu estava falando.- Mas eu fiz isso quando eu era um adolescente revoltado, que não sabia lidar com a intensidade dos sentimentos.

- Você me perseguiu na escola, espantou todos os meus amigos, espantou todos os caras que pensaram em chegar perto de mim. E esse tempo todo, eu pensei que você fez tudo isso por que me amava e não sabia como lidar com isso, e eu te amava também, por isso eu me calei, mas você estava com ela! Todas as vezes que vinha pra cá você dormia com ela... - eu desabafei.

- Não foi assim Íris, eu não estava com ela. Você terminou comigo, e eu estava com ódio, de mim, de você, de tudo, e ao mesmo tempo eu te amava muito, e queria que você fosse minha, você era minha, sempre foi na minha cabeça, e eu não consegui lidar com isso sozinho, então fiz um monte de coisas das quais eu me arrependo, inclusive transar com a Marcella. Meu pai viu que eu estava instável, eu arrumava briga a toda hora, quebrava tudo em casa e ficava te perseguindo, ele achou melhor que eu ficasse por um tempo aqui, pra esfriar a cabeça, ele simplesmente não entendia o que acontecia comigo, nem eu entendia.

- Isso não justifica o que você fez. - eu digo sem conseguir esconder a minha mágoa.

- Eu sei que não. E eu me arrependo de toda merda que eu fiz, inclusive me arrependo de ter transado com a Marcella. Isso só aconteceu nessa viagem, por uma semana mais ou menos, e desde o primeiro minuto eu sabia que era uma grande burrada. Então implorei ao meu pai que me mandasse de volta pra casa. Depois disso eu nunca mais tive nada com ela, nunca. Sempre que ela me encontra fica desse jeito, mas eu nunca mais quis. Ela não era você... Nenhuma delas era... - ele se aproximou de ainda mais de mim. - Eu me tratei Íris, depois que você foi embora a primeira vez, eu vi que precisaria mudar pra ter você na minha vida, e eu mudei. Ainda tenho muitos problemas que  vão me acompanhar pra sempre, mas eu tenho certeza agora que podemos ser felizes juntos, eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo, você só precisa deixar...

Ele se aproximou ainda mais de mim e juntou seus lábios nos meus. Não foi um beijo duro e apressado, foi um beijo lento e amoroso, que acabou derretendo todos os muros que eu tinha por dentro.

- Você é minha! - ele disse olhando intensamente nos meus olhos.

- E você é meu! - eu respondi, pois era a mais pura verdade.