Gael - Furiosos

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Acordei e senti a cama vazia ao meu lado, e essa com certeza foi a pior sensação do mundo. Por um breve momento eu fiquei completamente louco e desesperado, eu sairia correndo nú atrás dela, se não fosse o bilhete que caiu do meu peito assim que eu me levantei bruscamente.

"Acordei cedo e fui tomar café com a Júlia. Não quis te acordar pois você fica lindo dormindo!! Te amo!! "

Ela estava na cozinha!! Uma onda de alívio me invadiu ao saber que ela não tinha fugido, ela ainda estava ao meu lado. Se eu tivesse ficado um pouco menos desesperado, teria notado a porta do seu closet entreaberta e todas as suas coisas ainda lá, e também sua bolsa com seus documentos ainda pendurada no cabideiro. Mas como sempre, fui esmagado pelo medo de perdê-la, e simplesmente parei de pensar, como sempre acontece.

Tomei um rápido banho e me arrumei pra descer já muito mais calmo, mas ainda tomado pelo incômodo que era estar longe dela. Quando meu aproximei dá cozinha, ouvi sua voz e a de Júlia, e resolvi que entraria apenas para lhe dar um beijo e deixaria as duas matarem as saudades, quem sabe o Iam estivesse acordado e quisesse conhecer a propriedade comigo. Estava pensando na noite maravilhosa que tivemos,  quase chegando na porta quando ouvi a voz da Íris em um tom preocupado, e instantâneamente parei para ouvir o que poderia estar deixando minha mulher preocupada.

-Eu não acho que ele vai causar algum problema agora, entende?! Ou pelo menos eu espero que ele não cause... Eu deixei tudo muito claro pra ele... - ele?? Ele quem?? - ... que eu amo o Gael, que nós vamos nos casar, e que não existe nenhuma chance de rolar alguma coisa entre nós.

- E você acha que o Lorenzo entendeu? - eu sabia que aquele babaca estava querendo o que era meu!!!

- Eu espero que ele tenha entendido. Mas de qualquer forma eu já me afastei e não dou nenhum mole. - Ela afirmou pra Júlia.

- Você está certa! - Júlia concorda.

- Não é só pelo Gael, eu também fiquei muito chateada e decepcionada com ele. Pensei que éramos amigos, mas se fôssemos, ele não estaria dando em cima de mim mesmo sabendo que eu sou comprometida. Ele só mostrou que é um imbecil de marca maior. - ela fala, e eu não consigo ouvir o resto, estou vendo vermelho, e a fúria me atinge em cheio. Meu primeiro instinto é correr até o desgraçado e socar ele até a morte, mas eu não posso fazer isso, eu não posso perder a Íris de novo.

De repente eu estou sem ar, começo a ofegar enquanto luto contra os meus maiores instintos. Eu não posso deixar que ela me veja assim, ou ela vai saber que eu sei. Então eu corro para o meu quarto pra tentar me conter um pouco. Preciso pensar bem, pois não posso simplesmente correr até o cara é dar uma surra, ou ela saberia que fui eu, mas também não posso deixar passar, ou ele continuará insistindo em dar em cima da minha mulher.

Passo quase uma hora andando de um lado para o outro no quarto. Não tenho exatamente um plano, mas já sei o que vou fazer. E se por acaso a Iris descobrir e quiser me deixar, vou me certificar de prende-la no meu quarto pelo menos até o casamento.

Quando volto a descer até a cozinha já estou mais calmo, e pronto para olhar pra ela e fingir que não sei de nada.

- Oi dorminhoco!!! Já estava quase indo te buscar na cama!!! - bem que eu queria que ela tivesse ido, mas não falo nada.

- Oi minha linda.- eu digo selando nossos lábios brevemente. - Oi pra vocês também papais do ano!! - eu galão brincando com Júlia e Iam que a essa altura já está na cozinha com as meninas.

- Oi cara! Pensei que você não ia levantar da cama... Tá ficando mais cansado com a idade? - ele pergunta rindo da minha cara.

- Que idade nada, esse cansaço tem nome e sobrenome... - Júlia também entra na brincadeira as minhas custas.

- Muito engraçado vocês dois! - eu falo e rio facilmente. - Nem idade, nem cansaço, apenas sono mesmo, já que a Íris é insaciável e não me deixa dormir!!

- Gael!!! - ela exclama e depois tenta me bater, mas eh me esquivo, pego seu pulso e a puxo para o meu colo.

- Calma amor, todo mundo sabe o quanto você é louca por mim! - eu brinco enquanto a puxo para um beijo.

Continuamos brincando os quatro por um bom tempo, e depois fazemos um pequeno tour pela fazenda. Em um dos momentos eu aproveito que as meninas estão mais a frente empolgadas com um jardim, e chamo Iam em um canto.

-Preciso da sua ajuda em um assunto. - digo a ele sem rodeios.

- Beleza, pode contar comigo. E pela sua cara eu já sei que coisa boa não é... - ele me conhecia bem demais.

- Preciso dar um aviso a uma pessoa.- falo.

- Sei... Quem foi o doido que mexeu com a Íris? - ele pergunta certeiro.

- Um italiano babaca do curso dela. - respondo. - Vou pedir a um dos funcionários pra levar a Júlia pra encontrar a Iris na saída do curso e deixar elas no centro para passearem juntas e digo que nós as encontraremos mais tarde. Nós vamos em um carro logo em seguida para a faculdade e chamamos o cara para uma conversa.

- Você sabe que isso pode acabar dando muito errado, não sabe? - Iam me pergunta.

- Sei, mas eu preciso arriscar de qualquer forma. Não posso deixar ficar por isso mesmo. - eu não conseguia.

- Eu sei. Por isso eu vou ajudar...

O início do plano saiu como o planejado. As meninas adoraram a ideia de saírem para algumas compras juntas. E não hora certa um dos funcionários levou Júlia para encontrar com a Iris. Eu e Iam seguimos em um carro logo atrás, e esperamos em um ponto mais afastado da entrada do curso onde Júlia esperava ao lado do carro. Não se passou muito tempo e as pessoas começaram a sair.

Logo avistei Íris saindo com o babaquinha ao seu lado. Eu podia ver que ela estava visivelmente desconfortável, tentando se afastar dele a todo custo, enquanto ele tentava encostar nele de toda maneira. Eu comecei a ver vermelho de novo.

- Calma... Vamos manter o plano... - Iam falou com seu tom baixo e firme, tentando me controlar.

Eu estava tentando, eu juro que estava. Mas então o idiota a puxou pelo braço, fazendo com que ela paracetamol e o encarasse. Iam imediatamente segurou meu braço também tentando me conter. Júlia também  percebeu o que estava acontecendo, e começou a ir em direção a eles. Foi então que o idiota agarrou o queixo da Iris, tentando forçar seu rosto na direção do dele. Meu sangue ferveu completamente, e eu estava oficialmente mandando o meu plano a merda.

Eu lutava desesperadamente para sair dos braços do Iam que ainda me prendiam, mas logo a minha luta acabou. Assim que viu a amiga em apuros, Júlia se adiantou chegando rapidamente aos dois e segurando o braço do babaca, tentando puxa- ló para longe, o cara não perdeu um segundo olhando, e simplesmente a empurrou. Vimos em câmera lenta enquanto Júlia caia sentada no chão, e além da fúria, a preocupação pela vida do meu sobrinho tomou conta de mim.

Levei somente um segundo para perceber que não havia mais braços me segurando, e de repente a raiva que eu sentia não era nada comparada a ira que emanava do meu melhor amigo. Com certeza eu não era o único a querer matar o babaca agora.

A cura di amore #Wattys 2017Onde histórias criam vida. Descubra agora