Minha Amiga Virtual (Lésbico)

Indecisão

-Sof...

-Eu...eu-gaguejava Sofia-eu posso entrar, Lah?

-Eu nem sei o que dizer. O que está fazendo aqui?

-Posso entrar?

-Entra, por favor.

Sofia tremia, Lavínia desabou em lágrimas. Sofia sem pedir permissão abraçou Lavínia, era uma sensação incrível, meses depois, tantos desencontros, tanta mágoa, tantas mudanças, estar naqueles braços de novo, depois de tudo era a melhor sensação do mundo. Como era bom estar com ela.

-Você sumiu, você me mandou aquela mensagem ridícula e sumiu.

Sofia com o indicador tocou os lábios de Lavínia como se fosse para cala-la.

-Aquela mensagem não foi minha. Eu jamais faria aquilo. Eu não viria até aqui se tivesse realmente feito aquilo.

-Sofia, você volta depois de tudo que passei, quando estou realmente bem com essa desculpa e acha que devo realmente acreditar?

-Acreditar não sei mas o mínimo que poderia era me escutar.

-É tarde para isso, se passaram meses. Por que não veio aqui antes?

-Você me viu numa cama de hospital, entre a vida e a morte, sabe que eu não poderia vir tão cedo. Eu não podia! -sua voz implorava por perdão - Eu nunca quis te fazer mal. Minha mãe fez tudo isso, ela pegou meu celular, mandou aquela mensagem. Lavínia, conversamos varias vezes por mensagem, você não percebeu que a escrita dela era diferente da minha?

-Sua mãe me tratava super bem, já até mandou o Vinícios ir embora do hospital quando ele me maltratou. Por que ela faria isso? Assume, por favor, que você se balançou pelo filho que estava esperando e perdeu e voltou de vez com o Vinícios, desistindo de mim, não querendo jogar um relacionamento de anos pelos ares. Assume que seria só uma noite e pronto.

-Se fosse só uma noite ela acabaria no Orquidário, eu não viria para cá no dia seguinte. Não passaria a noite, a manhã e a tarde toda com você. Acha que aquilo foi uma brincadeira? Lavínia, você foi tão seca, tão bruta, tão fria respondendo meu último e-mail. Sei que está namorando, mas...

-Você não sabe de nada, Sofia.-gritou ela e lá de fora Thais ouviu- Não estou namorando, ainda, mas estou bem com ela. Que merda de e-mail é esse? Eu não recebi e-mail algum desde quando nos conhecemos pessoalmente eu tinha o seu número e você o meu. O que está fazendo aqui? O que você quer agora?

-Isso foi a menos de duas semanas. Se não você, quem mandou esse e-mail? Quem respondeu, Lavínia?

A campainha tocou e Thais ainda não tinha certeza do que estava acontecendo. Ao abrir a porta, Thais estava lá, linda com um embrulho e flores na mão.

-Sofia, você precisa ir. -apontando para a porta.

Lavínia não sabia o que fazer, era demais para Thais, aquilo. Ela não merecia.

-Eu preciso ir, Lah. - disse Thais com os olhos cheios de lágrimas- Acho que você tem coisas a resolver. Eu não deveria ter vindo sem avisar.

-Não! Você não precisa avisar. Sofia veio sem avisar. Sofia está de saída. Não é Sofia?

Que situação, Lavínia queria parecer forte e poder resolver tudo com frieza, mas ela no fundo não sabia se realmente queria Sofia longe dali. Queria respostas, queria saber o que de fato aconteceu, queria sim, poder escutar o que ela tinha a dizer. Tudo voltou à tona, todas as lembranças, todas as sensações incríveis que Sofia a fazia sentir.

-Lavínia, eu vou, mas eu volto. Você vai me escutar, vai me escutar, sim.

Assim que se virou para ouvir o que Sofia disse, Thais saiu dali, jogou as flores e o livro no carro de qualquer jeito e saiu em alta velocidade. Queria sumir dali. Como Lavínia podia fazer aquilo? Elas não namoravam, mas acabavam de ter um final de semana excepcional. Era frieza demais ela estar com outra no dia seguinte. Elas haviam acabado de se falar.