Pânico

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Enfim, aquela longa viagem acabou, em Thais ficou só a saudade, das amigas, da namorada. Como haviam sido maravilhosos aqueles dias, foram dias de descobertas, de muita paixão e surpresa. Julia a surpreendera de tal forma que ela não sabia explicar, nem a si mesmo.
Na sala, assistindo tv, se deparou com uma blusa que Julia esqueceu(propositalmente) e nela ainda havia seu cheiro, que perfume bom era o dela, fazia com que sentisse ainda mais falta.
Só o que restava fazer agora era esperar pelo dia em que se encontrassem novamente, a vontade que tinha era de pegar o primeiro vôo e ir atrás dela, de suas amigas e ficar de vez no Brasil, mas era responsável demais para isso, cumpriria o que foi para Londres fazer, embora amasse a companhia delas, também amava o seu trabalho, gostava do que fazia e em toda sua vida não havia deixado um projeto incompleto. Tinha muito respeito por aquilo no qual lutou e estudou muito para chegar onde chegou. Pelo menos mais alguns meses teria que passar lá.
Pegou a blusa de Julia, a cheirou e ficou abraçada a ela, para se sentir um pouco mais perto da namorada.

-Que saudade, garota! - pensou alto

No aeroporto, Vinícius estava lá, prontamente aguardando com ansiedade a chegada delas, aquilo tinha que acabar.
No portão de desembarque, ele procurou ficar em um lugar em que não pudesse ser visto, de boné e óculos de sol. Avistou Lavínia de longe, seus cabelos eram lindos e chamavam muita atenção, ela ajeitou sua mala e esperou que Sofia ajeitasse a dela com a mochila em cima para que saíssem. Julia precisou pegar um carrinho pois levou muita coisa, sempre exagerada. Depois de tudo certo elas saíram, Sofia e Lavínia de mãos dadas, ativando ainda mais a fúria de Vinicios. Era tanto ódio que ele sentia a sua pressão subir, chegou a ficar com a visão turva, mas não deixaria que nada o atrapalhasse, não antes do que ele tinha que fazer, que era acabar com a vida dela, independente de qualquer coisa. Sofia não seria dele e também não seria de mais ninguém.
Sofia tinha um sorriso estampado no rosto, tanto ela quanto Lavínia, Julia também, mas Julia não era problema dele, porém, se ela intervisse ou atrapalhasse em algo os planos dele, sobraria para ela também, ele não tinha nada a perder, pelo menos assim ele pensava.
Ele poderia ser menos vaidoso. menos mimado e menos teimoso também, mas preferia estragar a vida dele e a vida de alguém, acabar morto ou preso, perdendo todo o auge sua vida, de sua carreira.
Ele é um homem inteligente, sempre foi carinhoso com os pais e em especial com a irmã, ela era seu xodó e ele o dela, ela sentiria muito a falta dele caso algo acontecesse.
Vinicios era o primogênito, foi criado com muito amor, porém não lhe impuseram muito limite, embora em casa fosse totalmente respeitoso e educado com os pais, na escola e universidade era mal educado e arrogante, sendo sempre excluido dos grupos por sempre arrumar confusão e querer tudo à sua maneira, como os pais o acostumavam.
Houve um momento em que o próprio partiu para a agressão com um colega de classe pois não aceitava o desfecho de uma apresentação, um seminário que ele queria fazer inteiro somente do seu jeito, sua vaidade era tanta, era o próprio complexo de Narciso, aquilo era insuportável, em convivência com demais alunos na faculdade.
Enfim, Vinicios embora fosse um "bom filho" para os pais e um bom irmão, na convivência com colegas de classe, trabalho e com a ex namorada era difícil de lidar. Era possessivo, mandão, nada empático e popularmente dizendo, folgado. Não era nada fácil viver ao lado de uma pessoa assim.
Assim que as meninas saíram do aeroporto, pegaram um taxi e ele as seguiu até em frente a casa se Júlia, ao descerem para ajuda-la a descarregar foram surpreendidas.
Um estrondo muito alto de tiro foi escutado, e era ele, Vinicios atirando contra Lavínia, a bala pegou de raspão em seu braço acertando Sofia, em seu abdomem.
Lavínia gritou, em desespero, nem sentindo a dor que a bala que a acertara dava. Ver sua namorada caída no chão lhe deu desespero, ela não procurou nem saber de onde veio, só se ajoelhou ao lado de Sofia.
Júlia o viu e gritou:

-Seu desgraçado! O que você fez? Sofia! Sofia, fica com a gente, fala com a gente.

Sofia estava pálida e perdendo muito sangue, pouco conseguia falar.

-Eu...eu to b...-Não terminou o que estava falando e desmaiou.

L-Sofia! Sofia, pelo amor de Deus! Não me deixa. Julia, liga para o resgate.

V-O que foi que eu fiz? -tentando encostar nela

L-Não toca nela, ou eu mesma mato você. Fica longe da gente.

V-Não era para acertar o meu amor. Era você o alvo, desgraçada! É tudo culpa sua, você não deveria ter se metido com a gente.

L-Ela não é o seu amor, você não ama ninguém, você é um monstro.

Julia pressionava o ferimento, Sofia ainda respirava, mas com dificuldade. O resgate foi chamado mas Lavínia se desesperou, a colocou no taxi e foram para o hospital.
A caminho ligaram para a polícia e Vinicios fora de si não pensava em mais nada senão ir atrás da mulher que achava amar.

Ao chegar no hospital, havia uma viatura, Julia já os chamou e assim que tiraram Sofia do carro ele mirou para a cabeça de Lavínia, nesse momento Sofia acordou e com a voz embargada e fraca, mas mesmo assim não o impedindo que ele fizesse leitura labial disse:

S-Não, chega Vinicios, por favor. Chega...

Nesse momento ela começou a agonizar, tremer de dor o que o fez se sentir tão mal que preparou para atirar, colocou o dedo no gatilho, apontou para Lavínia, mas viu que Sofia estava quase morta e atirou...

Minha Amiga Virtual (Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora