Depois da tempestade

130 13 0
                                    

Passados alguns dias, tudo ficou mais calmo, com exceção a dor da família de Vinicios com essa grande perda. Sofia teve alta e com sorte sem nenhuma sequela, só necessitando de alguns cuidados especiais pós operatórios e um acompanhamento pelo menos por um tempo depois da cirurgia.

Embora Sara quisesse a filha em casa, Sofia preferiu ficar junto com Lavínia, que embora estivesse bem fisicamente, emocionante estava muito abalada, com medo e se sentindo culpada, tanto por Sofia, quanto por Vinícios. Sara acabou cedendo e respeitando a filha, seu pai e irmãos deram o maior apoio, o que acabou fazendo com que a mãe relutasse menos contra o namoro das duas.

Passou dias tendo pesadelos, acordando no meio da noite gritando, assustada. Não dava para saber ao certo quem precisava de mais cuidados entre Sofia e Lavínia.

Julia sempre que podia passava na casa delas, embora tenha ficado assustada e com trauma de toda aquela situação, ela era mais forte e dava a maior força à elas.

Thais ligava a todo tempo, para elas e para Julia, sentia falta das três e sentia por não poder estar ao lado delas nesse momento tão complicado. Só queria que o tempo passasse logo para voltar de vez ao Brasil.

Em casa, Lavínia se deita no sofá para assistir o jornal da noite enquanto Sofia dorme tranquilamente no quarto e começa a pensar em mil coisas. Como tudo estava agora, entre aspas, calmo, mas a que preço. Ela não queria que tivesse esse final, mas agradecia por não ter sido atingida, ele certamente a mataria, como quase matou Sofia.

Parou para pensar em coisas boas também, como o quanto era bom, estar ali, em sua casa, tranquila, com a mulher que ama, a ponto de casar, tendo suas melhores amigas por perto. Única coisa que a deixava triste era a ausência de seus pais. Como doía ser rejeitada pelas pessoas que mais esperamos amor, compreensão e afeto. É doloroso não poder contar com nossa família num momento tão especial quanto um casamento, apresentar a pessoa que ama.

Ainda assim ela tentava relevar, sabia que uma hora eles iriam acabar aceitando, ou ao menos respeitando, ela era filha única e a maior preocupação deles eram netos, sendo que mesmo com Sofia ela poderia ter filhos, adotivos, mas com o mesmo amor.

Enfim, era tanta coisa para pensar, assim como cuidar bem de sua amada, que estava em recuperação.

Era tão bom saber que agora não precisariam se despedir, que tudo era em conjunto, suas decisões, alegrias, viagens, que compartilhariam tantas coisas uma com a outra. Mesmo com toda a tempestade que passou, Lavínia conseguia sentir alívio, paz, amor e calmaria, sendo somente as duas ali, por tantos momentos.

Sofia sentiu falta de Lavínia na cama e acabou despertando. Pensou em chamá-la mas preferiu levantar para fazer surpresa e mostrar a quem tanto cuidou dela o quanto ela havia melhorado.

Aos poucos levantou, bem devagar, afinal, tinha ficado muito tempo deitada, assim que passou um pouco aquela tontura e mal estar, ela caminhou, a passos lentos até o final do corredor, que dava para a escada da sala, onde Lavínia se encontrava.

Suavemente a chamou, quase na metade da escada:

-Ei, meu amor...

-Sofia? Era para estar na cama, amor.

-Quis te surpreender e mostrar quão bem cuidou de mim. O que está fazendo?
-Estava aqui assistindo jornal, aliás, tentando né. Passando tanta coisa pela cabeça.

-Eu imagino, acordei sentindo sua falta, levantei bem devagar e vim, para não te sobrecarregar.

-Você não me sobrecarrega, nunca!

-Eu te amo tanto, você nem faz ideia do quanto sou grata por ter você em minha vida.

-Eu vou cuidar de você sempre.

Minha Amiga Virtual (Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora