FOUR

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SHADOW ON

Após o desentendimento com aquele amigo audacioso do Jimin, cruzo a porta e vou rumo à floresta que há mais além do pátio de minha casa.
Meu pai é milionário e mesmo assim mora no meio do nada, eu agradeço por isso.

" Isso é novo para você? ", a coragem daquele garoto me surpreende e me atiça, mas eu posso matá-lo por ser tão corajoso. É o preço por tanta coragem.
Não consigo parar de pensar no que aconteceu, mas me faz bem lembrar do medo estampado nos olhos dele, assim que me encarou.

Cruzo a área onde matei minha maldita madrasta e adentro mais a floresta, nesta noite quente.
Não demoro muito para avistar Woo JiHo escorado em uma das árvores maiores. Ele sorri, sem obter retorno.

– Demorou. -diz ele, assim que me aproximo o suficiente de si.

Calo sua boca atrevida com um beijo quente. Ele tenta me tocar, mas o contenho, segurando suas mãos contra a árvore.
Paramos o beijo, ambos ofegantes, e eu dou alguns passos para trás, para que ele não me toque. Apenas prevenção.

– Trouxe o que eu mandei? -pergunto, indo direto ao ponto.

– Aqui. -ele me entrega a mochila preta bem recheada.

Pego-a de sua mão e abro, para conferir. Tudo aqui: minhas garrafas de whisky, maconha e seda, LSD, cigarros e dois revólveres novinhos.

– Bom garoto. -digo, fechando a mochila e pondo-a nas costas. – Agora, tchau. -sigo meu caminho de volta para a casa.

– Espera. -ele me detém, fazendo-me parar de andar. – Acho que podemos ficar alguns minutos conversando, concorda?

Penso por alguns segundos. Fiz magia negra para prender Jiho à mim, apenas para não perder o fornecedor de tudo. De qualquer maneira, ele não me agrada.

– Não concordo. -digo, seca. Volto à andar. – Tchau.

Deixo-o ali e volto para a casa.

Ao entrar, ouço a porta de um dos quartos bater com força. Sunnie provavelmente fez o que planejava com o garoto que escolheu. Bufo com meu pensamento e vou à cozinha beber água.

– Conseguiu? -a voz de minha irmã surge por trás de mim.

– Sempre. -aponto a mochila, que está sobre uma das cadeiras do balcão.

– Posso ver? -pergunta, andando até a mesma.

– Não. -largo meu copo no escorredor e pego a mochila, subindo para o meu quarto. Sunnie está atrás de mim, como sempre.

Entro em meu quarto e ela entra junto. Bufo novamente, largando com calma a mochila sobre a cama.
Sunnie ascende a luz, parando na porta e me encarando. Sento-me na cama e fico mirando seu rosto, que parece nervoso.

– O que você quer? -pergunto, seca.

– Conversar. -os olhos dela estão marejados. Me preparo para um discurso, que não demora muito para começar. – Você é a única pessoa que eu tenho nesta casa e nesta vida. É a única que sabe exatamente como eu realmente sou, e esconder isso me sufoca! -ela faz uma pausa, deixando uma lágrima solitária escorrer em seu rosto moreno. – Por favor, vamos nos aproximar novamente.

– Nós somos próximas! Eu falo com alguém nesta casa, além de você? -deixo-a sem resposta, então prossigo. – Eu só tenho este meu jeito, mas você não precisa se desesperar. Mesmo não querendo, eu sempre ouço o que você tem à dizer, e até te ajudo.

– Tem razão. -ela assente e força um sorriso, enquanto limpa a lágrima que acabara de escorrer. – Então, posso dormir aqui?

– No meu quarto? -pergunto com incredulidade na voz.

– Sim.

Decido permitir. Ela é no fundo uma pessoa boa, acho. Não precisa sofrer com a solidão que já basta eu suportar.
Dou espaço para ela em minha cama de casal. Meu quarto é realmente enorme, há espaço para várias pessoas.

Ela deita, então eu levanto e vou até o banheiro. Deixo a mochila na cama, pois confio que ela não irá mexer.
Tomo um banho, escovo os dentes e saio de roupão. Sunnie está quase dormindo.

– Espero que não tenha mexido na minha mochila. -ameaço. Ela estremece.

– É claro que eu não mexi. -diz.

Sunnie e eu somos bem parecidas, mas é bom saber que ela cultiva um pouco de medo de mim. Por mais que sejamos próximas, ela sabe até onde pode ir comigo, e isso já é necessário.

– Sente-se, eu vou mostrar. -digo, e ela pula da cama, sentando-se na mesma e com um sorriso largo no rosto. Patética!

Retiro minhas três garrafas de Jack, meu whisky preferido, meu bebê. Coloco na longa mesa de vidro que há ao lado da porta do banheiro e volto à cama.
Retiro agora os 7kg de maconha. JiHo é um ótimo fornecedor. Sunnie arregala os olhos, animada, acho. Coloco na área das drogas em meu closet, junto com a seda que veio junto.
No closet há mais alguns kg, portanto acho que não precisarei encomendar mais por um longo tempo.

Tiro os dois revólveres da mochila, e Sunnie se surpreende. Coloco-os no fundo falso de meu closet, onde há várias facas - meus xodós - e minha pistola de prata.

– Mais dois para a coleção. -digo, contente ao cobrir o fundo falso novamente.

Retiro os 5 pacotinhos de LSD e coloco junto às drogas no closet. Por último, retiro as várias carteiras de Marlboro vermelho e coloco na gaveta de meu criado-mudo.
Olho para Sunnie e a mesma está fascinada.

– Você ainda tem o seu estoque? -pergunto, pois ela possui as mesmas coisas que eu.

– Seungyoun fornece para mim. -responde. – Tenho 20 carteiras de cigarro, 5kg de cocaína, 7 facas, 4 revólveres, duas pistolas e três garrafas de vodka.

– Está abastecido. -brinco, rindo.

– Amém. -ela ri alto.

Deito-me, seguida por Sunnie. Conversamos um pouco, e por um tempo eu sinto como se fosse uma mera criança novamente. A criança feliz que eu já fui um dia, sem nunca ter derramado o sangue de ninguém.
Tempos sem sentido, é o que eram!

Sunnie e eu temos algumas diferenças. O sangue tem a mesma temperatura: extremamente frio, mas temos preferências diferentes.
Ela é viciada em cocaína, eu prefiro maconha e LSD. Ela mata de longe, eu prefiro olhar nos olhos de quem estou matando. Ela é mais animada, eu sou mais reservada.
Sunnie é como uma Alerquina, mas pior.

HORNS » BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora