TWENTY TWO

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SHADOW ON

    Tranco-me em meu quarto e o choro sai automaticamente. "Uma garotinha perturbada que não pode viver com o que fez", talvez aquele garoto esteja certo.
    Woo Jiho esteve comigo durante toda a minha vida, basicamente. Nos conhecemos quando matei a minha mãe, e ele acompanhou toda a minha mudança. E agora, como eu agradeço? Matando-o à sangue frio e deixando-o apodrecer naquele galpão.

    Ouço alguém bater na porta, mas nem ao menos penso em abrir. Apenas fico em silêncio, pensando.
    Ascendo um baseado para tentar esquecer as coisas. Encho meu copo de whisky até perder as contas do quanto estou bebendo.
    Vou para a varanda, volto para o quarto, tomo diversos banhos e nada. Não consigo dormir, não consigo parar de chorar.

    E, também não consigo mais parar em pé. Estou rindo - por conta dos vários baseados que fumei -, estou chorando pelo que fiz. Sinto que minha morte está se aproximando, e eu não posso reclamar disso.
    Esperei tanto por isso. Esperei tanto para finalmente cessar esta dor.

    Mas, ao invés de morrer, eu apenas adormeço. Quando o sol já está dando seus primeiros sinais no céu.

No dia Seguinte — Meio Dia.

    Acordo com uma dor de cabeça aguda. Não lembro de muitas coisas desde que comecei à beber o vigésimo copo cheio de whisky.
    Levanto-me e tomo outro banho. Um banho frio, demorado. Saio após uma hora, me enrolo em uma toalha e me atiro na cama.

    Estou com fome. Deve ter algo em meu criado-mudo.
    Abro a segunda gaveta e nada. Apenas pacotes vazios de salgadinhos integrais.
    Merda, vou ter que descer.

    Olho no relógio. Uma e trinta e dois da tarde. Respiro fundo, todos devem estar na sala e já devem saber do ocorrido.
    Visto-me com uma lingerie vermelha e um roupão fino - de seda - preto, por cima. É transparente, mas não me importo. Não me importo com nada.
    Saio sem calçado algum, então desço rumo à cozinha.

    Assim que meu pé toca o chão após o último degrau na escada, percebo que todos estão reunidos na sala em completo silêncio. Não me dou o trabalho de olhá-los, apenas sigo direto para a cozinha.
    Chegando nesta, encontro Jimin, Namjoon, Hoseok, Jungkook e Jin conversando. A sala estava em silêncio porque só os que sabem estavam lá, eles não disseram nada.

– Bom dia. -Jin me recebe, querendo ser legal, mas com receio ao mesmo tempo.

– Oi. -digo.

– Dormiu bem? -ele pergunta.

– Sinceramente? -olho para o mesmo. Ele assente. – Não, não dormi.

– Ouvimos uns barulhos estranhos no seu quarto ontem à noite. -comenta Namjoon. Respiro fundo enquanto abro a geladeira.

– É, eu bebi um pouco. -pego a caixa de leite e um prato com fatias de queijo e presunto. – Talvez tenha saído do controle, na verdade. -coloco o prato e a caixa de leite em cima do balcão e me sento em um dos bancos, bem afastada deles.

    O silêncio se instala no ambiente por um tempo, até que Jungkook o quebra. É raro ouvir a voz dele.

– Está de larica?

HORNS » BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora