FIFTY TWO » final

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SUNNIE ON

    Assim que o show de fogos termina, Shadow ainda está lá, chorando. Sei que aquele idiota não vai vir, ele não viria, portanto vou abraçar a minha irmã. Ela tem que entender que não está sozinha.

– Shadow. -eu a chamo, parando em sua frente. Ela ergue a cabeça de forma esperançosa, esperando que seja ele.

    Seu olhar se torna opaco quando percebe que sou eu, e isso me deixaria triste se eu não entendesse sua situação. Pego em sua mão e a puxo, deixando-a de pé em minha frente. Eu a puxo para um abraço, necessário e cheio de emoção. Lembranças que apenas nós duas temos, que ainda nos causam tanta dor.

– Feliz ano novo. -digo baixo em seu ouvido. – Espero que neste ano você saiba a mulher incrível que é, e que tenha ainda mais motivação para criar os seus filhos. Com ou sem o pai deles. -ela chora, com a cabeça apoiada em meu ombro.

– Eu matei pessoas por ele, Sunnie. -ela diz. O tom baixo, a voz entrecortada pelo choro. Afago seu cabelo, eu entendo perfeitamente.

– Mas isso não quer dizer nada. -desvencilho o abraço e seguro seu rosto entre minhas mãos. – A única pessoa que pode te destruir sou eu. E a única pessoa que pode me destruir é você, porque nós somos irmãs. Somos uma só e eu não me importaria em matar o Taehyung para te proteger, porque eu te amo mais do que a nossa mãe nos amou. E eu sei que se o YoonGi não está aqui, é porque ele não quer estar.

    Agora nós duas estamos chorando, mas eu entendo que Shadow esteja colocando para fora toda a dor que esse ano trouxe à ela. Ela está se renovando, pelas nossas famílias, pela nossa família e por ela mesma.

YOONGI ON

    Estou deitado com Kise em cima de mim, mas eu não estou feliz. Será que Shadow está bem? E Nafre? E o filho que ela espera? Por que eu a deixei?

– Parece distante. -Kise tenta me beijar.

    Ouço os fogos explodindo lá fora e não a beijo de volta. Sento-me na cama e visto minha camisa.

– Kise, este não sou eu. -digo, levantando-me e me vestindo completamente.

– Como assim? Onde você vai?

– Eu vou passar o resto do réveillon com a minha família e com a mulher que eu amo. -pego todas as minhas coisas e coloco em minha bolsa à tira colo.

– Eu pensei que a mulher que você ama fosse eu. -seus olhos se enchem de lágrimas, que nada me comovem.

– Não, a mulher que eu amo gerou a minha filha, está esperando um filho meu, é louca, assassina, completamente sem noção mas é minha. -abro meu coração pela primeira vez. Preciso tirar isso de mim, e eu não esperava que fosse Kise a ouvinte. – Ela é a minha mulher e eu sou o homem mais idiota do mundo por ter a deixado em uma simples briga.

– Está dizendo isso só porque ela te deu uma filha e está esperando outro? -ela ri em meio às lágrimas. – EU POSSO FAZER ISSO POR VOCÊ!

– EU ESTARIA COM ELA MESMO SE NÃO HOUVESSEM AS CRIANÇAS! -grito, deixando as lágrimas molharem a minha cara de pau. – Desculpe, Kise, mas eu não te amo há anos. Eu só precisava de uma distração, mas Shadow é a única distração que me satisfaz. Ela me tirou da merda, e eu sei que ela me ama com cada batida de seu coração em cocaína. Portanto, essa foi uma última vez para você e para mim. -viro as costas, mas ela me segue.

– Ela se droga, como pode amá-la!? -ela segura meu braço, mas me solto bruscamente.

– Eu a amo desde quando ela fazia coisas piores do que se drogar! -altero mais o tom, já parando de chorar. – Vá visitar a sua mãe enquanto tem uma. Vá ver a sua família que realmente te ama, enquanto eu vou ver a minha. -abro a porta. – Adeus, Kise. Seja feliz e tenha um feliz ano novo. -finalizo, saindo.

———¥———

    Chego na frente da casa de Jimin e o show de fogos já acabou há tempos. Vejo através de uma janela, Hoseok dançando em cima da mesa enquanto todos se divertem com ele. Essa família faz do réveillon uma balada.
    Tiro todo o equipamento que consegui do carro, posiciono meus fogos no quintal e ligo o microfone na pequena caixa que trouxe, mas que faz um som alto para cacete.

    Vejo no relógio: 00h21. A rua está barulhenta e movimentada, então inicio.

Eu gostaria que Shadow Hee Park viesse na frente de sua residência, agora. -digo. Em instantes, todos os vizinhos estão na rua, assim como os meus amigos e família.

    Shadow aparece por último. Há um sorriso dolorido em seus lábios, e ela possui olheiras, mas está radiante aos meus olhos. Como sempre esteve.

Bem, eu queria me desculpar por ser um completo idiota e por ter me deixado levar por algo fútil. Eu sempre achei que você fosse demais para mim, mas nunca fui capaz de ser o suficiente para você. -eu não posso chorar. Não posso chorar! – Eu quero pedir uma salva de palmas para essa mulher incrível que me deu Nafre, nossa primeira filha, e que agora está esperando o nosso menino. Por favor! -todos os vizinhos batem palmas em coro. Pensei que Shadow ficaria envergonhada, mas seus olhos estão fixos nos meus, brilhando. – Me perdoa por ter sido um idiota? -pergunto, e ela imediatamente assente, cobrindo o rosto com as mãos. Isso me faz chorar e rir ao mesmo tempo. – Obrigado. Eu te amo, e obrigado à todos! -os vizinhos gritam, assobiam e batem palmas enquanto eu ascendo os fogos que trouxe.

    Assim que eles estouram, tomo Shadow nos braços e a beijo. Porra, como eu senti falta disso. Os garotos estão jogando comida em mim, e os vizinhos ainda aplaudem. Alguns beijando seus pares, outros abraçando familiares, mas todos aparentemente felizes.
    Assim que separo meu beijo com Shadow, ofegante e desesperado por oxigênio, ela segura meu rosto entre suas mãos frias e magras.

Você vai ser bastante punido por isso. -ela diz baixinho, e eu sorrio largo ao assentir. Ela nunca vai deixar de ser pornô.

    Pego Nafre nos braços e dou pulinhos com ela, que está sorrindo como nunca. É, filha, talvez seu pai tenha deixado de ser tão idiota.

    Todos entramos para dentro após alguns minutos. Renovados, unidos. Como a nossa família costuma ser.

FIM.

HORNS » BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora