NINE

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YOONGI ON

Acordo com um barulho alto. Penso em ficar na cama mas, já que eu não encontrei a chave do quarto de Jimin, posso estar correndo perigo.
Ok, eu estou sozinho em uma mansão gigante com uma psicopata gostosa para caralho. Muita gente gostaria de estar no meu lugar... ou não.

Saio do quarto e tento ascender a luz. Não consigo, porque não há luz! O estouro pode ter sido algum curto circuito, portanto preciso descer para checar. Por mais que eu esteja cagado de medo.
Controle-se, Suga. Ela não faria nada com você!

Ao sair do quarto, ascendo a lanterna de meu celular. Meu coração falha quando percebo um rastro de algo que julgo ser sangue, que inicia no quarto de Shadow e desce as escadas.
Engulo em seco, mas continuo. Percebo que há mensagens nas paredes.

– Não olhe para mim. -leio em voz alta. – Não grite. Desça as escadas.

Obedeço. Eu poderia bancar o esperto e não descer, mas pode ser pior. Descarto essa ideia e desço.
Minhas pernas estão trêmulas, a casa está em um imenso breu e só o som de meus passos é ouvido por mim. O ar está pesado, talvez por conta do meu medo. Ou por conta da presença dela, cuja não parece tão distante.

    Quando estou na metade da escadaria, vejo uma iluminação amarela vinda da sala. Me aproximo e noto que há uma vela. Desligo a lanterna do celular e me aproximo mais.
    Como no dia em que cheguei. A vela, a mesinha, o escuro. Meu coração falha novamente ao perceber o "presentinho" ao lado da vela: um pássaro sem os órgãos e com o ferimento do peito aberto e virado para cima.

    A ave parece ter sido entregue aos cães, que só comeram as partes de seu peito. Shadow come animais crus? Eu preciso voltar para o quarto.
    Quando me viro, vejo uma silhueta parada ao lado da escada. Eu sabia que a presença dela não parecia distante. Engulo em seco e ligo a lanterna do celular, mirando em seu rosto.

    Ela está ensanguentada, possui uma faca e olhos fixos em mim, com um sorriso fraco e assustador esboçado no rosto. Meu corpo começa à tremer, e o sorriso dela se desfaz.

– O que eu disse sobre não olhar para mim? -pergunta em voz alta e tom grave e rouco. Imediatamente, desligo a lanterna e guardo o celular no bolso da calça. – Bom garoto. -ela sussurra alto o suficiente para que eu ouça.

– O-o-o que você... q-quer de mim? -pergunto gaguejando muito. Meu corpo não está respondendo aos meus comandos e tudo por conta da presença avassaladora dessa mulher.

– Pare de gaguejar. -ordena. Engulo em seco, e ela prossegue. – Quero conhecê-lo.

– Por que eu?

– Porque eu escolhi você. -diz naturalmente, e mesmo sem ver seu rosto, sei que ela sorri. – Escolhi você entre seis opções, devia estar orgulhoso!

– Eu não ficaria orgulhoso por ser a presa de uma felina como você! -caralho, desde quando eu sou tão poético? De qualquer maneira, estou certo.

– Isso foi um elogio? Que fofo da sua parte. -ela ironiza. – Mas... você é um cara de sorte. Devia, realmente, estar orgulhoso.

Nunca! -enfrento-a. O que foi que eu fiz?

– Está me enfrentando? -pergunta. Não respondo. Não consigo. – Responda! -ela grita, me fazendo estremecer. – Você está me enfrentando?

– Não. -respondo com o resto de coragem que me sobra.

– Além de corajoso, mente para mim? -ouço a lâmina da faca estalar na madeira pura da escada. Está me torturando. – Você tem exatos 10 segundos para entrar no quarto do meu irmão e fechar a porta.

– E o que acontece se eu não conseguir? -pergunto, pois sei que há mais chances de não conseguir.

– Acontece as piores coisas da sua vida. -responde. Estremeço.

– São muitos degraus, não vou conseguir! -decido dizer. Ela apenas ri nauseado.

– Um. -então ela inicia a contagem.

    Subo correndo sem olhar para trás. O som de sua voz contando os segundos preenche meus ouvidos e eu não consigo fazer nada além de correr.
    Chão. Degraus demais. Eu nem sei ao certo qual das duas portas exatamente é o quarto de Jimin, pois o de Sunnie é ao lado, mas entro na que me convém.

    Enquanto subo, ouço os passos lentos dela se aproximarem de mim e um desespero corrói meus ossos. Assim que chego no quarto - que rezo ser o de Jimin -, bato a porta com força e paro, ofegante.
    É o quarto dele! Obrigado meu Deeeus!

    Ela está se aproximando daqui. A faca raspando as paredes me deixa claustrofóbico.
    Seus passos cessam ao chegar na frente da porta do quarto onde estou. Me sinto vulnerável, e para essa mulher, eu sou.

Sortudo de merda. -ouço-a esbravejar e seus passos seguem de volta ao andar de baixo.

    Respiro aliviado e começo à chorar. Chorar muito. De alívio.
    Outro estouro, e as luzes do quarto se ascendem. Ajoelho e choro jogado em um canto do quarto.
    Eu vou pirar até o fim do verão! Eu devia ter ido com eles.

HORNS » BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora