Faz quatro dias que estou na casa de Kate, não atendo aos telefonemas dele, nem sei como estou viva ainda, não consigo dormir, choro muito, não acredito que ele fez isso comigo, que ele pode representar tanto, mentir tanto.
Kate tenta me fazer comer, me coloca no banho a força, me sinto tão morta, sem vontade de nada. Não consigo reagir a essa dor, a essa ferida que sangra em meu peito.
Ele me prometeu tanto, e só estava pensando em meu dinheiro, quer dizer, no dinheiro do pai dele.
Quase odiei Carrick por isso, mas cheguei a conclusão que ele não teve culpa, ele não sabia do que o filho seria capaz, o filho e a mãe, por isso de tanto ódio a mim, ela sabia de tudo, somente a burra aqui que não sabia, a burra que foi tão inocente, tão cega que acreditou que pudesse um dia despertar o amor em um homem como Christian, o simples pensamento nele, me faz chorar ainda mais.
Mas penso que tenho que reagir, procurar um rumo para minha vida, não posso ficar para sempre atrapalhando a vida de Kate.
Francine esteve de manhã me visitando, acho que foi ele que a mandou, pois ela pediu que eu o escutasse, me recusei terminantemente, não quero nunca mais olhar ou falar com ele.
Assim que conseguir reagir, vou contratar um advogado e pedir o divorcio. Quanto mais longe ficar dele, melhor, mas como apaga-lo do meu coração é que gostaria de saber como fazer, tira-lo da minha vida, me libertar desse amor, esquecer que fui dele um dia, isso sim seria um alivio para minha alma.
- Ana, vamos tomar um banho?- olho com os olhos desfocados, nunca pensei que um ser humano pudesse chorar tanto. Faço que sim, sei que ela vai me obrigar de qualquer jeito.
Tira-me da cama e me dá um banho, fico calada o tempo todo, falar se tornou um esforço para mim, algo que preciso me esforçar para fazer, acho que respirar é o suficiente.
Ela seca e escova meus cabelos, acabo sorrindo agradecida para ela, realmente, me ama como filha.
Quando acaba, movimento minha cadeira até a janela, sei que agora vai insistir para que eu coma, já me preparo para isso, apesar de achar que a comida tem gosto de plástico, tento empurrar para dentro, talvez seja um começo, preciso sair dessa depressão antes que ela me engula por completo.
O interfone toca, e ela vai atender, volta e me pergunta:
- Ana, você sabe sobre a manutenção do carro?- faço que não.- o porteiro disse que tem um rapaz lá embaixo dizendo que foi mandado pela seguradora.
- Não sei de nada, entre em contato com Taylor, ele deve saber de algo.
Ela sai e penso que tenho que devolver o carro a ele, ter uma conversa séria com Kate, não posso pagar o salário que ele lhe pagava, são tantas decisões a tomar que me sinto tonta, penso que até nisso ele faz falta, ele era meu herói, resolvia tudo por mim, sem perceber começo a chorar, movimento minha cadeira e me deito na cama.
- Foi Brand que deu o nosso endereço, eles fazem isso anualmente para poder renovar o seguro.
Não respondo, fecho meus olhos e finjo dormir, escuto seu suspiro se afastando, penso que devo estar sendo uma péssima companhia.
Acho que acabei dormindo, pois sou acordada pelas mãos de Kate em meu rosto.
- Ana?- abro os olhos e a encaro.- preciso fazer umas compras, quer vir comigo?- faço que não, ela franze a testa preocupada, - você vai ficar bem?
- Sim, não precisa esconder as facas.- ela sorri triste com minha piada macabra e me dá um beijo no rosto.
- Se precisar, me liga.- faço que sim e ela sai.
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50 Tons - Depois de Você
Lãng mạnEla tinha a vida perfeita, mas lhe foi tirada, ele sempre soube que faltava algo, e ela o fez completo, mas um segredo, pode destruir tudo, os quebrarem de vez, ou faze-los fortes para se construírem de novo