Capítulo 23

5.5K 374 60
                                    

Dias depois, Kate estava instalada em seu antigo quarto, Christian contratou uma nova enfermeira, Savanah, que cuidava de mim e de Kate. Sentia-me tão triste sem ele em casa, tudo parecia tão vazio.

Resisti várias vezes em ir até a biblioteca, sabia que acabaria chorando ao entrar ali, quer dizer, mal saia do meu quarto, para não cair no choro, tudo ali naquela casa me lembrava ele, tinha o cheiro dele, a marca dele.

- Vai comer ou não?- Gail fala me vendo mexer no almoço que me trouxe, a comida tinha um gosto horrível, mas não queria falar isso a ela.

- Estou sem fome.- falo lhe entregando a bandeja.

- Você precisa comer.- Kate fala.

- Não consigo, a comida não desce, prefiro dormir. – falo e viro meu rosto, agora além do sono, uma tontura, resolveu ser minha companheira também. Fecho os olhos, tento controlar minha tristeza, penso que ele não me ligou, não me deu noticias, me tornei um nada para ele. Acabo dormindo.

- Sim, ela está bem, mas não quer comer, dorme o tempo todo.- escuto Gail falando, abro os olhos e a encaro com o meu olhar faiscando.- vou passar para ela. – me passa o telefone. -Desculpe, mas tenho que mantê-lo informado de tudo.- acabo sorrindo a perdoando.

- Alô.- atendo.

- Ana, você precisa se alimentar.- ele começa.- pense em Kate, ela precisa de uma amiga forte ao lado dela, seria uma péssima hora para você ficar doente.

- Desculpe, você tem razão, mas como estão as coisas por aí?

- Nada bem.- ele suspira forte, - eu a confrontei, ela negou, disse que tinha provas que iria coloca-la na cadeia...- ele para de falar, sinto que é algo muito ruim.

- Christian?

- Ela tentou se matar, Ana, foi horrível.- sinto sua voz falhar, sei que está se segurando.

- Meu Deus.- murmuro, querendo estar lá para ele.- como ela está?

- Agora bem, está internada, tomou uma dose grande de calmantes, agora precisa se desintoxicar.

- Sinto muito, Christian.- minha voz é fraca, mas falo com sinceridade, ele não merece passar por isso.

- Eu sei que sente mesmo, Ana, você é a mulher mais maravilhosa, a criatura mais caridosa e doce que existe na face da terra...

- Por favor...- murmuro, não quero ouvi-lo me elogiando.

- Não, me deixe falar.- ele suspira, e eu também.- você é a mulher mais caridosa, a melhor mulher do mundo e eu vou lamentar todos os dias, chorar todos os dias por tê-la perdido, por tê-la enganado e não ser merecedor do seu coração.- para de falar, sinto o suspiro triste de novo, eu quase não respiro.- volto em poucos dias, até lá se alimente e cuide-se.- desliga o telefone, fico parada, estática com suas palavras, digiro tudo, processo tudo dentro de mim, ele desistiu, eu desisti, não há mais nada.

Meus olhos ardem e caio em um choro compulsivo e triste. Gail, como sempre me abraça, me agarro a ela como se ela fosse a única pessoa do mundo a me consolar. Choro tanto que me sinto afogar em minhas lágrimas, morrer afogada nelas.

Aos poucos vou parando de chorar e acabo fazendo o que mais faço nesses últimos dias, durmo, um sono povoado de olhos cinza, cabelos acobreados, e abraços.

Os dias passam e me sinto morta por dentro, não tenho vontade de comer, e o que como tem gosto de plástico. Praticamente durmo o dia todo.

Francine veio me visitar, tentou me animar sem sucesso, pedi um tempo para ela, precisava resolver minha vida com Christian primeiro, depois voltaria a fotografar, ela aceitou, disse que me esperaria o tempo que fosse, mas eu devia reconsiderar a decisão de me separar dele.

50 Tons - Depois de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora