Capítulo 2

2.6K 302 19
                                    


Capítulo 2

Vou para casa, me troco para ir para a praia, e enfio umas roupas na mochila para o caso de esfriar mais tarde. Subo na minha bicicleta e vou para a praia, pedalando o mais depressa que consigo. De novo, eu fecho os olhos, aproveitando a sensação do vento no meu cabelo.

Um rugido alto me faz abrir os olhos a tempo de ver uma grande van virando na rua. Aperto os freios, viro o guidão para o lado, e perco o equilíbrio. Caio da bicicleta, rolando morro abaixo. Faço uma careta, sento, mas pulo quando escuto a voz de um homem chamar.

— Ei, está tudo bem? — Sua voz grave e rouca pergunta.

Levanto depressa demais e vejo o homem vindo na minha direção. Dou um passo à frente.

— Estou bem. — insisto, mas dou um gritinho quando um galho da árvore acerta meu braço.

— Por que diabos estava de olhos fechados? — o homem pergunta em meu ouvido enquando passa um braço ao redor da minha cintura.

Estreito os olhos.

— Não tinha trânsito quando fechei os olhos, e foi uma coisa de segundos. — Bufo. Tento me afastar dele, mas me encolho de dor quando meu braço encosta em um arbusto.

— Anjo, vá com calma. Foi uma queda feia.

— Meu nome é Annabella! — exclamo, olhando para ele.

Ele inclina a cabeça.

— Annabella, a pequena Annabella Evan, filha do chefe?

Ele me encara, tentando ver se o reconheço.

O cara tem quase um metro e noventa de altura e um belo corpo. Consigo sentir seu tanquinho contra o meu corpo. Ele tem o cabelo preto, olhos castanhos e brilhantes. Diria que ele parece ter uns vinte e poucos anos.

— É, sou eu. — falo, sem fazer a menor ideia de quem ele é.

— Sou Will Clark. Minha irmã, Lana, costumava ser sua babá.

Engulo em seco, não por causa das minhas memórias de Lana, mas porque ainda existem histórias sobre Will Clark correndo pelo colégio; e ele saiu uma década atrás!

— Ah, entendi. Deixei uma impressão duradoura no colégio.

Sorrindo, esfregando as mãos.

— Bom, seu nome ainda está riscado nas paredes. — Ri. — O que te trouxe de volta?

Ele me dá um sorriso torto, erguendo uma sobrancelha enquanto me ajuda a sentar de lado no assento do passageiro da sua van.

— Teve uma história sobre quando você foi embora. — falo sem esperar e coro. — Dizem que você mandou o diretor Hall pegar a escola e enfiar naquele lugar. Aí virou para o meu pai e falou a mesma coisa, só que sobre a cidade. Falaram que você disse que nunca colocaria os pés nessa cidade infernal de novo, e que você saiu na sua Harley Davidson e foi na direção do sol.

Will olha para mim com um brilho nos olhos.

— Não foi bem assim. — ele diz com um sorriso. — Era na direção do pôr-do-sol.

Sinto minha boca se abrir em choque, e pisco, olhando para ele.

— Tenho um kit de primeiros socorros. Vou dar uma olhada em você antes de ir atrás da sua bicicleta.

— Então... — ele limpa meu cotovelo.

— Então o quê? — ele pergunta enquanto eu me encolho um pouco.

— O que fez você voltar.

— Sou o novo detetive na delegacia.

— O... o quê? — gaguejo.

— Não pareço um policial? — ele pergunta, cuidando do arranhão no meu joelho.

— Por acaso você não tem antecedentes? Muitos antecedentes?

Ele ri, e consigo sentir o calor da sua respiração no meu joelho.

— Sim e sim, o que faz de mim um ótimo policial. Além disso, tenho me comportado depois que virei adulto. — Ele olha para cima e dá uma piscadela. — Quando eu era mais novo não matei nem machuquei ninguém. Estava só espairecendo, sabe?

Mordo o lábio, balançando a cabeça, e Will me olha, confuso.

— E você, Annabella? O chefe está te mantendo trancada em casa?

Reviro os olhos.

— Ah não, ele quer que eu apronte. Está até me fazendo ir nesta festa idiota na praia.

— Você dá a impressão de que ir a uma festa é um castigo.

Dou de ombros, mas paro quando vejo que os olhos de Will me analisando.

— Você parece um anjo, o que quer dizer que tem um demônio aí dentro, em algum lugar, querendo escapar.

Antes que eu possa dizer alguma coisa, ele se afasta, pegando minha bicicleta.

— Desculpe, anjo. A corrente quebrou. Posso arrumar, mas não sem as ferramentas certas.

Saio da van quando escuto ele abrindo a parte traseira.

— O que está fazendo? — Vejo a moto mais bonita do mundo na sua van. — Que linda!

— Gosta da minha moto? — ele pergunta, e eu só consigo assentir.

Minha mão se estende para tocar a moto, mas a puxo de volta no último instante.

— Pode tocar. Ela está amarrada e firme no lugar.

Engulo em seco e coloco minha mão no guidão.

— Você pilota?

Balanço a cabeça em negativa, me afastando da moto, e cruzo os braços.

— Você me viu em uma bicicleta. Em uma coisa dessas, é mais fácil eu me matar. Mas minha meta antes de morrer é arrumar coragem e sair numa dessas.

— Vou cobrar isso, anjo.

Olho para Will enquanto ele fecha a traseira da van.

— Vamos lá, vou te deixar em casa para se arrumar. — Will me ajuda a subir na van de novo antes de dar a volta para o seu lado.


1p3Dq8eDFj�O��

Um Amor InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora