Capítulo 20
A cada passo para dentro da floresta, começo a sentir um puxão. Acompanhando isso, não me surpreendo ao ver que ele me leva direto para a estrutura. Abaixo o máximo possível, me aproximo da cabana.
— Todo mundo... fiquem aqui. — murmuro, me aproximando da cabana.
Apoio-me na parede de madeira, tentando ouvir qualquer coisa vinda do lado de dentro. Tenho certeza de que Annabella está aqui dentro; o puxão estranho está forte demais para ser outra coisa.
Solto uma respiração longa. Falta menos de meia hora para o horário que Mark disse que ligaria de novo. Não quero que ele ligue agora de jeito nenhum, isso me entregaria.
Olho pela janela acima da minha cabeça, vendo a área da cozinha. Mantendo meus movimentos lentos e precisos, abro a janela. Olho para o chefe e faço o sinal de cinco minutos, antes de entrar na cabana o mais silenciosamente que consigo.
Depois de entrar, tenho ainda mais certeza de que Mark não está aqui agora, mas por algum motivo Annabella está.
Começo a andar, sabendo que a cozinha está limpa. Tem duas portas saindo da cozinha: uma é a despensa, que tem pouca comida. Abro a outra porta, que dá para os fundos da cabana, e a deixo aberta. Vou para a sala principal da cabana, vejo mais quatro portas. Aproximo-me da porta mais próxima à direita, que está aberta. É um quarto, com só um guarda-roupas e uma cama. Olho debaixo dos móveis, mas está tudo limpo. Volto para a sala e para a próxima porta. Meu coração está batendo no meu peito e gritando o nome de Annabella silenciosamente. Abro a porta e acendo a luz, mantendo minha arma erguida.
Sinto meus joelhos tremerem quando olho para Annabella, que está amarrada em uma cadeira. Seu cabelo está embolado com sangue seco, e seu belo rosto tem hematomas.
— Anjo, estou aqui, só preciso conferir mais duas portas. — falo, mas o olhar de partir o coração no seu rosto me deixa fraco.
Ouço um ruído atrás de mim e me viro, já com o dedo no gatilho e pronto para a tirar.
— Sou eu. — o chefe fala em um sussurro. Ele olha sobre o meu ombro, encarando Annabella, e vejo a tensão deixar seu corpo.
— Preciso checar mais dois cômodos. Fique com ela. — falo, saindo.
O cômodo seguinte é o banheiro, que não tem onde Mark se esconder. O último cômodo é um quarto com dois guarda-roupas e uma cama. Olho debaixo da cama primeiro, e então dentro dos guarda roupas. Tudo está limpo, ninguém além de Annabella está aqui.
Coloco minhas luvas quando entro no quarto onde ela está, feliz por estar com uma câmera. Assim posso gravar tudo o que estou vendo e fazendo. Mantenho meus olhos em Annabella enquanto tiro a mordaça.
— Papai. — ela soluça.
— Estou aqui, garota, estou aqui, mas... — ele para. Consigo ouvir a dor na sua voz por não poder simplesmente puxar Annabella para os seus braços.
Os olhos de Annabella se fecham enquanto começo a soltar a corda ao redor dos seus braços.
— Mark saiu cerca de uma hora atrás. Ele ia se encontrar com alguém em River Road.
Assinto enquanto um oficial do CSI entra e começa a me ajudar.
— Eu... Eu não sei com quem ele ia se encontrar, mas acho que ia trazer ele aqui. Acho que estava planejando me vender. — A voz de Annabella quebra no final e ela soluça.
Sinto a raiva fervendo dentro de mim. Assim que termino de soltar Annabella, ela voa para os braços do pai, soluçando.
Tiro minhas luvas e as coloco na sacola certa. Vou até onde eles estão e beijo sua cabeça. Annabella se vira para mim.
— Por favor, preciso de você não se mate por aí.
Fecho os olhos, aliviado por ela saber que vou atrás desse filho da puta agora.
— Te encontro no hospital, amor. Não se preocupe.
Eu a beijo uma última vez antes de olhar para o chefe. Sei que ele vai cuidar dela, mas preciso falar isso com ele mesmo assim.
A equipe médica sai com Alaric, Annabella e mais dois policiais, enquanto o detetive babaca e eu começamos a andar na direção de River Road. Sabemos que Mark deve estar perto, só não sabemos onde. A maioria dos policiais ainda está perto da cabana, e a equipe do CSI ainda está reunindo evidências.
— Você pega a esquerda, eu vou pela direita. — o babaca fala.
Assinto e me afasto.
Escuto movimento atrás de mim e me viro. Um homem mais velho que nunca vi antes está se aproximando.
— Parado. Sou detetive C... Lyons. — falo, mudando meu nome depressa caso este seja o homem com quem Mark foi se encontrar. Encaro o homem cuidadosamente, procurando qualquer sinal de problemas. — Suspeitamos que um homem está mantendo uma adolescente como refém em algum lugar por aqui.
Prendo a respiração quando ele quase recua.
— Estou acampando por aqui e resolvi dar uma volta. — o homem fala.
— Bom, é melhor eu te levar de volta para o seu acampamento, então. — falo, me aproximando dele.
Assim que estou perto o bastante, coloco as algemas nele.
— Onde está Mark? — pergunto, com os dentes cerrados.
— Não faço ideia do que você está falando.
— Cala a b...
Um corpo batendo no meu me interrompe.
— Não deveria estar num avião indo soltar meu garoto? — Mark fala e coloca uma mão ao redor da minha garganta.
Enfio a mão entre nós, agarrando sua orelha e um pouco de cabelo. Uso isso para forçar sua cabeça para baixo enquanto levanto a minha, acertando-o com força o bastante para que me solte.
Nossos movimentos se tornam um borrão de quem está acima de quem. De repente escuto o barulho de um tiro e sinto a dor quando a bala acerta meu braço. Olho para ele, percebendo que o tiro me pegou apenas de relance, mesmo que pareça que minha pele está pegando fogo.
— Stefan. — Mark fala, sorrindo.
Viro e vejo que o homem conseguiu se livrar das algemas enquanto Mark e eu brigávamos. Mark vai até ele, pegando a arma na sua mão trêmula.
— Só para te informar, aquela vadia vai ser uma puta pelo resto da vida agora. — Mark sorri para mim enquanto escuto o barulho de outro tiro.
Vejo quando ele cai no chão. O detetive babaca está atrás dele com a arma ainda erguida.
— Nem pense nisso! — ele grita quando o homem mais velho se aproxima da minha arma.
Enquanto o detetive babaca coloca as algemas no homem, chamo reforços. Meus olhos vão para Mark, e posso ver que ele está de olhos abertos, mas não há vida neles. Ele realmente está morto. Depois de dez anos, o pesadelo acabou.
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Um Amor Inesperado
RomanceUm Amor Inesperado OBRA REGISTRADA!!!! Copyright©2017,Jull Evans Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Sinopse: Annabella Evan poderia ser descrita como uma adolescente normal, se não tivesse a incrível tendência de...