Capítulo 4

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Capítulo 4

Um pouco depois, Shake it off está tocando no último volume, e estamos dançando pela praia.

— Anjo. — escuto quando Will me puxa para junto de si, e paro de me mover.

Só observo enquanto ele sorri para mim. Ele começa a dançar no ritmo da música, e estou chocada demais para fazer qualquer coisa. Ele se aproxima, passando o braço esquerdo ao meu redor enquanto joga meu cabelo para trás com a mão direita.

— Isso seria mais fácil se você dançasse comigo. — Ele se afasta e sorri.

Rio enquanto ele acompanha a letra da música. Dou de ombros e começo a copiar seus movimentos, o que faz ele sorrir ainda mais.

A música seguinte é Uptown Funk. Will coloca seus óculos escuros, e fico um pouco surpresa quando ele canta acompanhando a música de novo. Enquanto continuamos dançando, fica mais que claro que ele é bom nisso.

Engulo em seco e paro de dançar quando começa Time of My Life. Antes de conseguir fazer qualquer coisa, estou nos braços de Will.

— Não pense. Só dance, anjo.

Tento engolir um gemido quando sua voz rouca me faz derreter contra minha vontade.

Will guia meus movimentos.

— Quer fazer uma "dança suja"? — ele murmura.

Tudo o que consigo fazer é assentir.

— Respire, Anjo. — Will fala.

Ele começa a mover seu corpo contra o meu. Esse movimento parece natural, como se já houvéssemos feito isso centenas de vezes. As pessoas ao nosso redor estão fazendo comentários e gritando. Quando chegamos na parte da música onde Johnny levanta Baby, Will me segura pela cintura. Ele me gira antes de me deixar descer pelo seu corpo. Terminamos a dança ouvindo mais gritos e um monte de comentários.

Não estou nem um pouco surpresa por ver os outros dançando do mesmo jeito quando a próxima música começa.

— Que tal a gente se sentar ali nas pedras e conversar?

Assinto e Will continua segurando minha mão enquanto pega duas cervejas quando passamos pelo refrigerador. Will se senta e dá um tapinha no espaço ao lado dele. Movo-me lentamente, me sentando ao lado dele e mordendo meu lábio.

— Já bebeu cerveja antes? — Will pergunta.

Dou um olhar seco para ele antes de pegar uma.

— Posso ser tranquila, mas já fiz algumas coisas.

Will me dá aquele olhar com a sobrancelha levantada.

— Certo... Com a permissão do meu pai, claro.

Will ri um pouco.

— Quantos anos você tem?

Engulo minha preocupação, torcendo para isso não fazer ele correr.

— Vou fazer dezenove logo. — falo e Will assente.

— Errei por um ano.

Franzo a testa.

— Tinha imaginado que tivesse vinte ou vinte e um.

— Então, isso aqui está certo, então? — falo, gesticulando e indicando nós dois.

— O que é isso, anjo? — Will pergunta de forma travessa.

Abaixo a cabeça, fechando os olhos quando sinto o rosto esquentar.

— Eu acabei de fazer vinte e nove. E sobre isso, — Will diz levantando meu rosto. — Tem alguma coisa. Não sei o que é, mas quero ver até onde vai nos levar.

Sorrio enquanto meus olhos dançam entre seus olhos e lábios.

Will se aproxima de mim e murmura perto da minha orelha.

— Não deveríamos deixar o desejo tomar a frente, anjo.

Antes de conseguir abaixar a cabeça de novo, ele me beija perto da orelha e respira fundo, aspirando o cheiro de minha pele.

— Vamos nos conhecer. — ele ronrona.

Eu tomo um gole da minha cerveja, olhando ao redor para ter certeza de que todo mundo está afastado de nós.

— Então você foi parar na cadeia, de verdade?

Will olha para mim antes de rir em voz baixa.

— Sim e não.

Olho para ele, confusa.

— Eu estava na cadeia, mas foi para uma operação.

Engulo enquanto continuo olhando para ele.

— Ficou quanto tempo lá? — pergunto, esperando para o seu bem que não fossem três anos como tinha falado.

— Cinco meses muito longos. — ele suspira. — É meio que o motivo para eu ter aceitado o emprego aqui: sem nenhuma operação que precise de disfarces.

Inclino a cabeça e percebo muita tristeza na voz de Will. Deslizo minha mão até a sua, apertando seus dedos. Ele olha para as nossas mãos unidas, leva-as até a boca, e beija a minha mão.

— Não queria estragar a diversão de contar para Sam e meus velhos amigos o que faço agora. — Apesar da voz de Will ser leve, ainda consigo ouvir a dor ali.

— Você vai estar seguro aqui. Nada nunca acontece aqui. Bom, não desde que o bad boy da cidade foi embora. — eu brinco.

Will sorri, mexendo as sobrancelhas.

— Que bom que estou de volta, então. Alguém tem que animar as coisas.

Assinto.

— O que você faz, anjo?

— Acabei de terminar o ensino médio e trabalho meio período no restaurante. — conto. — Estou só aproveitando este verão antes da faculdade começar no outono.

Will parece um pouco preocupado, mas toma um gole da sua cerveja.

— Universidade de Washington? — ele pergunta do nada.

— O quê?

— Vai para a Universidade de Washington?

Balanço a cabeça.

— Não. Sem universidade grande para mim, só Port Angeles. Papai me fez escolher um dos dormitórios, mas vou dormir na minha própria cama todas as noites que trabalhar até tarde no restaurante, e todos os finais de semana. — conto, odiando não poder morar em casa o tempo todo. Não estou ansiosa para dividir um quarto com alguém que não conheço.

— Qual curso? — Will pergunta, parecendo mais calmo.

— Fotografia.

Will e eu ficamos sentados nas pedras, conversando a noite toda. A certa altura ele tira a jaqueta e a coloca ao meu redor. Enquanto se senta atrás de mim, ele me puxa para o meio das suas pernas. Assistimos o pôr-do-sol enquanto conversamos suavemente sobre nada e tudo.

— Já é quase uma hora da manhã. É melhor eu te levar para casa. — Will fala com a boca no meu pescoço.

— É. — paro de falar e bufo. — Me faz um favor e dirige devagar? Papai me mandou chegar uma hora, então é melhor eu me atrasar uns cinco minutos ou um pouco mais.

Will ri enquanto assente.



Referência ao filme "Dirty Dance" (Ritmo Quente, na versão brasileira), de 1987, que teve como protagonistas Patrick Swayze e Jennifer Grey. Em tradução literal, dirty dance significa "dança suja".


Um Amor InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora