Capítulo 22

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Quando chegamos na casa dos Evan, Annabella está cochilando. Sabendo que ela precisa do descanso, eu a carrego para dentro. Alaric abre as portas para mim e a levo direto para o seu quarto.

— Imagino que você não vai ter problema nenhum em trocar as roupas dela, não é? — o chefe pergunta.

Olho para ele enquanto coloco Annabella na cama.

— É... claro? — gaguejo.

— Qual é, Will, tenho certeza que seria menos constrangedor para ela e para mim se você fizesse isso.

Assinto.

— Certo, pode deixar. Desço assim que terminar.

O chefe ri de mim.

— Ela quer você aqui, e depois de tudo o que aconteceu, acho que vai ser melhor.

Balanço a cabeça. Sei que Annabella sempre se surpreende com a calma de Alaric, mas preciso admitir que eu também estou surpreso.

— Você... Você realmente não se incomoda com isso? — pergunto, gesticulando entre Annabella e eu.

O chefe balança a cabeça.

— Por que me incomodaria? — ele me encara.

Ele olha para Annabella e assente, indo para a porta. Vou com ele e paro na porta, enquanto o chefe me encara.

— Sabe, o dia que descobri sobre Annabella foi o melhor dia da minha vida. Jurei que sempre ia fazer o que fosse melhor para ela. Ela foi uma criança tão fácil de criar, sempre bem comportada. Inferno, ela nunca arrumou confusão, o que é uma boa coisa, já que eu estava fazendo tudo sozinho. — ele para e ri. — Foi como se Deus tivesse me dado um adulto em um corpo de criança. É como se ela fosse adulta o suficiente para se criar quase sozinha. Eu estava tão grato e feliz que nunca questionei. Até sua adolescência. Eu continuei esperando que ela fizesse as coisas que fiz, que fizesse as coisas que seus amigos e colegas estavam fazendo. Mas ela nunca fez. Eu tentava fazer ela sair, você sabe, mas nunca funcionou. Ela sempre me procurava antes de fazer qualquer coisa, e apesar de eu adorar ter uma filha que é uma boa menina, ela precisava aprender a abrir suas asas. Sou grato por saber que minha filha pode e vai falar comigo se precisar de ajuda. Quer dizer, ela ainda quer pedir permissão para fazer qualquer coisa, você sabe disso. Admito que sempre tive um pouco de medo de que ela fosse ter um bebê e então ver que não teve uma vida. Sei que ela é diferente de Natalie, mas eu não queria que ela se tornasse adulta sem saber quem era. Quando você me contou que estava vindo, meu plano era usar seu cérebro para me ajudar. Mas você já tinha conhecido ela quando chegou no apartamento. Quando falou que minha filha era gostosa, eu vi o brilho nos seus olhos e soube. Uma parte de você estava brincando comigo, tentando me fazer reagir, mas havia uma parte de você que estava atraído por ela. Tudo o que eu conseguia pensar era "cuidado com o que deseja", mas lá estava você, um garoto que eu ajudei a criar, que agora tem vinte e nove anos e que só teve quatro namoradas. O mesmo garoto que, apesar do que os boatos diziam, só dormiu com uma garota no ensino médio, quando já tinha dezoito anos e estava namorando com ela há seis meses.

Sinto meu rosto esquentar e puxo meu cabelo.

— Lembre, isso é só entre nós. — falo.

Alaric assente, mas está sorrindo.

— Quando você a trouxe de volta naquela noite e eu vi como você estavam... Eu quase entrei em pânico e me senti como se... Lá vamos nós. Mas o brilho que você colocou nos olhos dela e o sorriso no seu rosto, foi o que deixou tudo fácil de aceitar. Agora, apesar de eu preferir não saber sobre as coisas do quarto, e nada de fazer nada enquanto eu estiver em casa, e mantenha suas mãos em lugares apropriados enquanto eu estiver no mesmo cômodo, tudo bem. Só não parta seu coração.

— Não vou, pai. — falo, sorrindo.

— É, vou ter que me acostumar com isso, não é?

Reviro os olhos quando nem o chamar de "pai" faz o chefe reagir. Voltando para dentro do quarto de Annabella, troco suas roupas antes de tirar as minhas, ficando só de cueca, e me deito ao lado dela.

Ж

A primeira semana se passa comigo e Annabella na casa do chefe. Nós dois estamos preocupados demais para que ela volte para o dormitório em Port Angeles. Ela já passou quatro noites lá, mas eu fui junto e dormi com ela. É pura sorte que Jaque é sua colega de quarto e não vê o menor problema em eu estar lá. Bom, okay, ela disse que eu tenho que ser o stripper na sua festa de aniversário em pagamento, mas eu só vou contratar outra pessoa no lugar e ela sabe disso.

Eu odeio estar longe dela durante o dia, mas hoje estou na minha mesa com uma montanha de papelada que preciso terminar de arrumar. Quando meu celular toca, não olho para ver quem está chamando, só atendo.

— Detetive Clark. — falo, e franzo a testa quando escuto soluços do outro lado da linha.

— Will, é Annabela. Eu não sei o que fazer. — Jaque fala, soando em pânico.

Salto para fora da minha cadeira, indo para a sala do Chefe.

— O que aconteceu? — pergunto.

— Uns idiotas estavam fazendo pegadinhas com os alunos. Estavam se escondendo atrás de sacos de lixo e pulando para fora quando alguém passava. Fizeram isso comigo e com Annabella e eu... Ela não gritou, mas ela só... Merda... Ela só começou a ofegar e ficou branca, então ela começou a soluçar e caiu no chão.

Fecho os olhos enquanto abro a porta da sala do Chefe.

— É Annabella. — falo, tentando me controlar. — Temos que ir, agora.

— Eu dirijo, você fica na linha. — ele fala enquanto saímos o mais rápido possível.

— Estamos indo. Leve ela de volta para o dormitório, se puder. — falo, entrando na viatura.

— Eu tentei, mas ela não está deixando ninguém tocá-la. Ela está chorando e chamando você e o chefe.

Fecho os olhos enquanto Alaric acelera.

— Me coloque no viva-voz e coloque o celular perto dela. — falo enquanto os soluços ficam mais altos. — Anjo. — falo suavemente, o que só faz Annabella soluçar ainda mais alto. — Preciso que você respire fundo, amor. — falo lentamente, mas ainda consigo ouvi-la arfando. — Anjo, você pode fazer isso, só concentre em mim e mais ninguém. Okay, respire fundo e segure por um-dois-três-quatro, agora solte, um-dois-três-quatro. Respire, um-dois-três-quatro...

Continuo repetindo o mantra para ela, e quando chegamos no campus ela não está mais soluçando. Alaric e eu corremos para onde podemos ver funcionários e estudantes parados.

— Okay, hora de voltar ao que estavam fazendo. — o chefe fala na sua voz de "sou o chefe".

Eles se dispersam, deixando Annabella, Jaque, um funcionário, o chefe e eu sozinhos.

— Oi, anjo. — falo, tirando o celular das suas mãos trêmulas.

Ela se move para o meio dos meus braços e se enrola contra meu peito enquanto soluça silenciosamente. Eu a seguro apertado, beijando sua cabeça enquanto a carrego.

— Me leve... me leve para... para casa... nossa casa, por favor. Eu... eu não quero... ficar aqui. — ela fala, entre soluços.

Olho para o chefe, que parece estar quase chorando. A única coisa que ele faz é assentir.



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