Capítulo 17

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Capítulo 17

— Isso está uma bosta. — o chefe fala, empurrando o prato.

— É melhor Malu não ouvir isso. — aviso, rindo.

— Malu não é má cozinheira, é só que Annabella é melhor.

Eu sei que ele está certo. Annabella é uma excelente cozinheira, mas tenho certeza de que isso tem mais a ver com ele sentindo falta da filha do que a comida de Malu não ser tão boa.

Merda, estou com saudades, anjo.

O celular do Chefe toca e ele o pega. Um sorriso se abre no seu rosto. Já sei que é a garota em questão que está ligando.

— Oi, garota. — ele atende, soando mais leve. — Oi? — vejo o sorriso desaparecer do seu rosto. Quando seu rosto fica mortalmente pálido, sinto meu coração disparar. — Annabella! — ele grita.

Ele afasta o celular e olha para a tela.

— O que está acontecendo? — pergunto, mas ele parece não estar me ouvindo. — Chefe? — grito quando ele tenta ligar para alguém. — Alaric! — grito de novo, segurando seu braço.

— Ele está com a minha menina. Ele está com a minha menina. — Alaric repete e pego meu próprio celular para ligar para Annabella, mas vai direto para a caixa de mensagens.

Seguro os braços do chefe e faço ele olhar para mim.

— Alaric, esfrie a cabeça. Quem está com ela?

— Mark Dwellton. Ela falou seu nome, e então eu ouvi... Ela correu, ofegou e caiu.

Puxo meu cabelo, sentindo como se fosse perder a cabeça a qualquer instante. Acalme-se, repito mentalmente.

Pego meu rádio e faço contato com Sally na delegacia.

— Sally, ligue para Port Angeles. Temos um sequestro. Alerte o pessoal aqui, precisamos de todo mundo agora.

— Sim, senhor. Quem foi sequestrado?

— Annabella Evan. — conto e escuto quando ela arfa.

Fecho os olhos e escuto o barulho de talheres. Abro os olhos e olho ao redor. Todos estão me encarando. Alaric parece quase catatônico, mas preciso que ele se controle depressa.

Puxo o chefe e o enfio no carro. Ligo as sirenes e enfio o pé no acelerador, disparando pelas ruas até o dormitório de Annabella. Por sorte o chefe já está controlado quando estaciono.

Descemos e encontramos alguns policias de Port Angeles.

— Jaque. — Alaric diz enquanto se aproxima da amiga de Annabella, que está soluçando.

— Jaque. — Ajoelhei-me na frente dela.

— Ela estava bem de manhã, triste porque tinha que ser jurada, mas estava bem.

Franzo a testa, olhando para o chefe.

— Eu a deixei perto do tribunal e disse que ia fazer anotações sobre a primeira aula. Ia voltar para buscá-la se ela não conseguisse carona. Deveria ter ficado lá. — Jaque murmura.

Massageio o braço de Jaque e dou o que espero que seja um sorriso tranquilizante.

— Vamos encontrá-la. — digo, e Jaque passa os braços ao redor de mim.

— Ela te ama. Sei que ela ia querer que você soubesse.

Fecho os olhos, sabendo que não posso me deixar levar por isso. Preciso continuar sendo o policial, e não o namorado, agora.

— O que preciso fazer? — Jaque pergunta enquanto tenta conter seus soluços.

— Vá para o dormitório com esses homens e só confira se nada está fora do lugar ou faltando.

Ela assente.

— Por que Annabella receberia uma convocação para ser jurada? — pergunto e o chefe balança a cabeça.

— Eu bem gostaria que ela tivesse mencionado isto para mim.

Eu assinto. Se ela tivesse contado para um de nós teríamos cuidado disso. Sei que Annabella é isenta por causa do seu pai, isso quer dizer que não deveria ter recebido uma convocação.

Paramos na porta do tribunal e entramos. Desta vez ficamos em segundo plano e deixamos os policiais de Port Angeles falarem com as testemunhas. O chefe fica comigo enquanto eles conferem as câmeras de vigilância. Só consigo esperar meia hora antes de precisar andar. Decido tomar um pouco de ar fresco e desço a escadaria nos fundos do tribunal.

Quando estou quase no fim, algo chama minha atenção. Abaixo e vejo o colar de Annabella, e enquanto o pego, sinto algo grudento. Tiro minha lanterna e a aponto para o chão. Preciso respirar fundo quando vejo as marcas de sangue.

— Achei algo na escadaria dos fundos, no último nível. — falo no microfone do meu rádio.

Sento do lado de fora, assistindo enquanto os caras do CSI conferem a escadaria.

— É minha culpa. — falo, olhando para o chão. — Ele a levou por minha culpa.

— Filho, ele também está puto comigo. Não vamos brincar de decidir de quem é a culpa e sim focar em trazer ela de volta.

— Não posso perdê-la agora, sabe... Eu a amo.

— Eu sei que ama, filho. — Sinto o Chefe me puxar para um abraço e solto uma respiração longa, tentando me acalmar.

Eles dizem que a primeira hora é a mais importante, e que se você não encontra uma pessoa nas primeiras duas horas, as chances de ela ser encontrada com vida caem a cada hora. Enquanto o dia se torna noite e um novo dia começa, sei que tenho que esquecer tudo o que aprendi e manter a fé de que vamos encontrá-la e ela vai estar bem.

— Por que ele não ligou? — Alaric grita enquanto anda ao redor da sala, me tirando dos meus pensamentos.

Não achamos nenhum sinal de Annabella depois do sangue na escadaria. Assim que ela foi levada para fora do tribunal, desapareceu sem deixar traços.

Um Amor InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora