Capítulo 18
Só preciso fazer alguma coisa. Então estou aqui, sentado na porta dos fundos, fumando. Percebo que é algo que não fiz desde que saí da prisão. Mas é tudo tão estressante que preciso fazer alguma coisa.
Ouço o telefone tocar e entro, sem muita esperança. Até agora tivemos dezesseis ligações, mas nenhuma foi dos sequestradores de Annabella.
— Me deixe falar com ela. — ouço o chefe exigir, e corro para a sala.
Paro na porta, só olhando para ele. Alaric parece destruído.
— Ele quer falar com você também, Will. — ele fala. Pego o telefone sem fio.
— Estou aqui. — falo, tentando conter qualquer emoção.
— Já faz muito tempo, Will. — Mark fala, sarcástico.
— Não tempo o bastante para mim. — respondo, soando convencido, sabendo que preciso manter ele sob controle.
Ouço Mark rir.
— Você sempre foi convencido, mas devo dizer que tem um ótimo gosto em mulheres.
O chefe treme e seguro seu braço, balançando a cabeça. Não podemos perder a cabeça com ele no telefone. Ele só descontaria em Annabella.
— Ela é tão doce. Bem que gostaria de ficar com ela, mas estou disposto a deixar ela ir se você tirar meu garoto da cadeira. Justo, não? Você tem meu garoto e eu tenho sua filha, Alaric, e sua garota, Will. Vocês têm três horas, então não me testem.
— Precisamos de mais tempo que isso. — o chefe fala, em pânico.
— Comece a trabalhar então, ou ela perde uma parte do corpo. — Mark ri.
— Preciso falar com ela. Me deixe falar com ela. — exijo.
— Por que precisa falar com ela? Acha que já a matei?
Fecho os olhos, sem querer pensar nessa possibilidade.
— Quero falar com ela. Ouvir sua voz vai me fazer trabalhar mais depressa.
Alaric olha para mim, mas agora só quero ouvi-la.
— Papai, Will. — Annabella fala ao telefone.
— Anjo. — murmuro. — Você está bem? — pergunto enquanto o chefe cai sentado no sofá, soluçando.
— Sim, estou bem. Só estou puta porque meu amigo estragou meu dia ontem. Nem tive tempo de ir para a última aula.
— Tudo bem, anjo. Eu estou indo atrás de você... Te amo.
— Eu sei. Você sempre me vigia e vem quando não chego em casa. Te amo.
— Isso está me deixando com nojo. — Mark interrompe. — Você tem três horas, ou ela perde a mão.
Ele desliga e desabo no sofá.
— Conseguimos rastrear a ligação? — escuto alguém perguntar.
Olho para cima e vejo o outro detetive balançar a cabeça.
— Precisamos tirar Mark Junior da prisão. — falo, olhando ao redor da sala.
— Não negociamos com pessoas assim. — o detetive chefe fala.
Solto um grunhido e ele revira os olhos.
— Ele vai começar a machucá-la. Só precisamos de tempo para descobrir onde ele a colocou.
Ignorando o babaca, começo a trabalhar como se fosse tirar Mark Junior da cadeia. Minha mente continua voltando para a ligação.
Subo para o quarto de Annabella. Sento na sua cama, pego um dos seus ursos de pelúcia e aperto contra meu rosto. Sinto seu cheiro e me lembro da primeira vez que a vi depois de adulto.
Eu estava dirigindo e tomei um susto quando virei uma esquina e vi uma garota vindo na minha direção com os olhos fechados. Descobrir que ela era filha do meu amigo e futuro chefe foi uma surpresa maior ainda.
Alaric e eu conversamos várias vezes nos dez anos em que estive fora. Ele falava muito sobre Annabella, sobre como tinha medo de que um dia ela acordasse e percebesse que estava desperdiçando sua adolescência. Ele estava preocupado porque não sabia como ajudá-la a se divertir.
Quando meus olhos bateram nela, a atração foi instantânea. Havia algo sobre seus olhos expressivos que parecia puxar meu coração.
Cheguei no meu apartamento e encontrei o chefe esperando com uma chave. Enquanto ele me ajudava a descarregar minhas coisas, contei sobre meu encontro com sua filha. De forma atrevida eu falei que ela era gostosa. Ele me surpreendeu ao rir e me dizer para ir em frente. Fiquei parado, de boca aberta, e ele só deu de ombros e falou que até então nenhum rapaz tinha chamado a atenção dela. Se eu achava que estava à altura do desafio, podia mandar ver.
Enquanto eu estava parado sem saber o que fazer, Alaric revirou os olhos e suspirou. Tenho certeza de que eu parecia um peixe fora d'água, abrindo e fechando a boca sem saber o que dizer.
Eu sabia como era se apaixonar como um adolescente maluco. Eu também aprendi o que é ter o coração partido. O chefe continuou e me explicou que queria que Annabella experimentasse as coisas.
Quando o deixei naquele dia e a busquei, acabamos passando horas juntos. Eu sabia que nunca conseguiria partir seu coração. Eu não tomaria nenhuma atitude se não tivesse certeza de que estava sentindo mais que desejo. E quando ela foi atacada em Port Angeles, eu quase perdi a cabeça. Aqueles filhos da puta a feriram e...
Perco a linha de raciocínio enquanto me lembro do que ela falou naquela noite. "Estou bem. Quer dizer, estou puta porque estragaram meu dia... Sim, estou bem. Só estou puta porque meu amigo estragou meu dia ontem."
Porra, ela disse que sabe que a vigio. Ela estava tentando me dizer que o tal do Lucas estava lá também.
— Alaric, ela nos deu uma porra de uma pista! — grito, correndo escada abaixo. — Lucas Banner está com Mark, foram os dois juntos que a pegaram. — continuo enquanto entro na sala.
— O quê? E como você descobriu isso? — o detetive babaca de Port Angeles me pergunta.
Conto o que aconteceu em Port Angeles, o que Annabella falou naquela noite e como cheguei à minha conclusão. Então toco a gravação com o que ela falou.
— É um salto e tanto. Tem certeza de que ela estava dando uma dica.
— Ela é filha de um policial. Estava nos dando uma pista sem ser morta. Lucas é parte disso, então vamos atrás do filho da puta.
Eu ligo para todo mundo que conheço e coloco eles atrás de Lucas. Fico aliviado quando Sam me liga de volta em menos de uma hora, dizendo que o encontrou e está com ele na pista.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor Inesperado
RomanceUm Amor Inesperado OBRA REGISTRADA!!!! Copyright©2017,Jull Evans Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Sinopse: Annabella Evan poderia ser descrita como uma adolescente normal, se não tivesse a incrível tendência de...