Capítulo 19
— Vocês dois não podem falar com ele. Se estão vindo, vão ficar calados. — o detetive babaca fala e eu sorrio. — Do jeito que está, se falar alguma coisa você vai estragar o caso todo.
Merda, ele está certo.
— Eu sei. Mas porra, ele sabe para onde Mark levou minha garota.
Entro na delegacia, indo para a sala de observação, onde o chefe e eu podemos observar enquanto Lucas é interrogado.
Ж
Já se passou quase uma hora. Temos dez minutos antes de Mark ligar de novo, e Lucas não deu informação nenhuma.
Encaro o relógio enquanto os segundos se passam. Sinto um soluço tentar escapar, mas o engulo quando o telefone toca. Ele respira fundo e me passa o aparelho antes de pegar a outra linha, mesmo tendo concordado em ficar quieto não importa o que aconteça.
— Aqui é Will. — falo.
— Eu te avisei! — Mark fala, duro, e escutamos Annabella gritando de dor.
— Não... por favor. — imploro. — Estou tentando tirar ele... É mais difícil do que pensei que ia ser. Eles... eles... o detetive responsável não quer colaborar, mas estou trabalhando nisso. Todos os meus contatos estão trabalhando nisso.
O chefe franze a testa para mim, mas balanço a cabeça.
— Não me importo nem quero ouvir suas desculpas. — ele responde.
— Nesse momento, eu também não me importo, então estou prestes a mandar meu trabalho e minha vida se foderem e ir tirar seu filho de lá, mas precisa me dar tempo para fazer isso.
— Você deve pensar que sou idiota para cair numa coisa dessas de novo, Clark.
Respiro fundo e fecho os olhos.
— Você está com a mulher que eu amo. O pai dela já tentou nos separar, mesmo depois de falar que eu era como um filho para ele. Mas não sou bom o bastante para sua princesa. — Tento deixar o nojo na minha voz bem claro. — O merdinha que ele colocou atrás dela não está nem aí se você a matar. Eles olham para mim como se eu fosse a bosta na sola do sapato deles. Só quero minha garota, e se isso quer dizer que tenho que tirar Mark da cadeia da forma que conseguir, então que seja. Vou ajudá-lo a fugir, se for o caso, e qualquer um que tentar me impedir vai morrer.
— Você tem cinco horas. — Mark fala, soando incerto.
— Vou precisar de mais que isso. — falo, mantendo minha voz firme e clara. Ele tem que acreditar que estou trabalhando com ele.
— Certo... Um dia. Até essa mesma hora amanhã, e mais nem um minuto. Ela vai morrer se meu filho não estiver fora. Vou te ligar em três horas, e é melhor você ter um plano, Clark! — Mark grita.
— Posso falar com ela, por favor?
— Não. Vai trabalhar, está ficando sem tempo.
Assim que ouço o sinal de que ele desligou, saio e entro na sala de entrevistas onde Lucas está. O jogo no chão e aperto sua garganta.
— Você tem um minuto para começar a falar, ou então começo a quebrar seus ossos de novo.
Lucas me encara com medo enquanto os outros policiais correm para dentro, mas eles ficam parados perto das paredes, me deixando trabalhar. O único protestando é o detetive babaca, e os outros não parecem estar saindo da frente dele.
— Will!
Puxo minha arma e aponto na direção do babaca.
— Você vai tomar um tiro se não me deixar conseguir a informação que você não conseguiu, cuzão. Não tenho nada a perder.
Pego a mão de Lucas e começo a torcê-la. Escuto um osso se deslocar e ele grita.
— Pa... re, pare. Ele... ele está em uma casa... no-no... no meio... no meio da floresta. — Lucas consegue falar.
— Onde? — continuo, ainda torcendo sua mão.
— Não sei, perto daquele lugar dos índios e do penhasco.
Eu o soltando, me levanto.
— Acho que sei de que lugar ele está falando. — aviso, passando entre todo mundo.
Continuo andando até chegar na sala tática, e começo a pegar equipamento e me vestir enquanto saio do escritório.
— Ele vai escapar agora, você sabe, não é, idiota? Você acabou de deixar a pessoa que ajudou a sequestrar sua namorada escapar livre.
Nem mesmo olho para o babaca enquanto ele grita comigo.
— Por que ele iria escapar? Eu não trabalho aqui. Eu pirei e consegui a informação que você não estava conseguindo. — respondo, ainda colocando as proteções.
— É esse o tipo de policial que quer ser?
— A essa altura não estou nem fodendo. Se quiser, faça uma reclamação sobre mim. Tudo o que quero é Annabella a salvo e fora de perigo!
— Isso não tem nada a ver com a garota. Isso é sobre você se vingar da última pessoa responsável pela morte do seu irmão.
Viro tão depressa que empurro o babaca contra os armários antes de ele entender o que estou fazendo.
— Você não me conhece! E sim, dez anos atrás era isto que importava. Mas eu aprendi minha lição. Eu perdi a porra de dez anos da minha vida, perdi o funeral dos meus pais. Eu mal conheço minha própria irmã agora. E ainda tem todas as merdas que tive que encarar por causa da família Dwellton, e as coisas que tive que fazer para ganhar a confiança deles. Eu abri mão de tudo para derrubá-los, mas não vou deixar ele ferir ou matar a única pessoa no mundo que não posso ficar sem. Ele pegou minha garota, a única porra de coisa boa na minha vida, a única coisa boa que tenho. Eu sei o que ele faz com garotas como Annabella, e está me matando não saber o que ele está fazendo com ela e ficar imaginando as possibilidades. Estou rezando para estar errado o tempo todo. Então não banque o gostoso parado aí e me dizendo por que estou fazendo isso.
Saio e coloco uma das jaquetas de trabalho da força de Port Angeles sobre o colete a prova de balas.
Assim que o Chefe me encontra perto do carro, sento no banco do motorista e saimos.
—Você está limpo. Ele não vai falar nada. E se falar, ninguém vai concordar com a história dele, de qualquer forma.
Aceno com a cabeça. O restante do caminho é feito em silêncio, mas fico de olho no nosso reforço. Em menos de duas horas, paro ao lado de uma estradinha no meio da floresta.
— É meia hora de caminhada saindo daqui. — aviso a todos. — Façam o mínimo de ruído possível e olhem onde pisam. Não façam nada estúpido. Silêncio total, nada de rádio... nada até acharmos Annabella.
Sem esperar por uma resposta, pego minha arma e entro na trilha.
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Um Amor Inesperado
RomanceUm Amor Inesperado OBRA REGISTRADA!!!! Copyright©2017,Jull Evans Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Sinopse: Annabella Evan poderia ser descrita como uma adolescente normal, se não tivesse a incrível tendência de...