Quinto - Giovana, a Safada

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Tive três meses de luto pela minha quase vida de casado. Fiquei em casa a maior parte do tempo, recebi amigos, ia muito pouco à academia e até burlava a dieta quando estava sozinho. Mas quando minha querida e amada Monique, a garota que eu era gamado no sexto ano do fundamental, me mandou uma mensagem perguntando quando teríamos uma festa na minha casa, os dias de luto se foram e meu eu verdadeiro estava prontinho para farrear.

Assim que começou a anoitecer naquela sexta-feira de março, eu já tinha saído do trabalho, meus amigos já tinham trazido bebidas e carvão.

Meu telefone vibrou quando Gio mandou uma mensagem: "Desculpa, Yan. Não posso ir. Meu melhor amigo chegou aqui e vamos maratonar Supernatural."

Eu tive que rir quando reli a mensagem. Quem, diabos, era o melhor amigo dela? Só podia ser piada. Uma tática para testar meu ânimo.

Sem a Gio para me preocupar em ficar sóbrio ou que horas eram para levá-la para casa, eu enchi a cara e finalmente pude ver as tetas da radiante Monique de pertinho.

Na manhã seguinte, acordei com aquela ressaca que indicava que a noite tinha sido magnífica. Vi os gêmeos da Monique novamente, mas não pareciam mais tão atraentes com ela desfigurada na minha cama.

Na sala, tudo revirado. Pedro, meu amigo de infância, estava vomitado e Joel estava com uma palavra homofóbica escrita na testa. Daniel estava sentado no chão com uma garrafa de energético segurando sua cabeça enquanto ele dormia. Tudo normal, um clima pós-festa.

No meu celular achei três mensagens:

Pai: "Estou chegando. Precisamos conversar."

Yuri, irmão: "O pai sabe que cê deu uma festa e não sabe que você e a Raquel terminaram. Se fodeu, mano."

Gio: "Bom dia. Como você está? De ressaca? Passa aqui em casa que eu fiz um chá de camomila maravilhoso. Tenho que te contar uma coisa."

Voltei para a mensagem do meu pai. Ele sabia que eu dava festas regadas de bebida e loucura, mas só quando ele estava fora. Na visão dele, eu passei a ser um pai de família e pais de família não fazem esse tipo de coisa.

– Código Vermelho! - gritei quase surtando, desesperado. – Meu pai tá vindo. Geral, fora! Pelo amor de Deus, vazem daqui o mais rápido possível. Seus filhos da puta!

Joel riu e se virou para o chão.

Corri para o meu quarto e peguei a buzina que usava no carnaval, aquelas que acordam até defunto, apertei até todos acordarem e serem enxotados, quando Monique fingiu não ouvir, puxei ela da cama e joguei as roupas sobre ela.

– Eu estou falando sério. Se meu pai ver você, vai perguntar coisas que você não pode responder. – Tipo, conhece minha filha? Quâo próximo nós somos? Você namora meu filho ou só está usufruindo? Quer ser interrogada, Monique? Meu pai é desses. Então rala peito daqui! – Apontei a saída quando ela negou. Desesperado? Eu?

Meu pai chegou quase anoitecendo. Eu já tinha arrumado quase tudo, quase. Ainda tinha mostarda nas paredes da cozinha e calcinhas presas na grade da escada. Mas isso eram detalhes. O importante era que o cheiro tinha saído e que não tinha mais ninguém além de mim.

Quando ele passou da porta da frente e a fechou, abaixei a cabeça. Ele não me batia, mas fazia pior. Fazia com que eu me sentisse uma merda fedorenta esquecida no valão. Apenas o modo de mover o nariz dele me deixava envergonhado, como se eu sempre estivesse errando.

– Durou mais tempo do que eu achava. – a voz do senhor treinador era potente como deveria. Ele comandava um time inteiro. – Essa festa foi comemoração de que exatamente?

Liberdade E Rendição - Crônicas Melhores Amigos.Onde histórias criam vida. Descubra agora